FONTE: MEGACURIOSO
O incêndio da Boate Kiss, que completa 10 anos nesta sexta-feira (27), aconteceu na cidade de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, tirando a vida de 242 jovens e ferindo outras 636 pessoas.
Mesmo hoje, uma década após o ocorrido, ainda é difícil assimilar a sequência de erros e desleixos que tirou a vida de tantas pessoas. O que realmente aconteceu no local? Por que tanta gente acabou morrendo? A verdade é que foram vários os fatores que levaram a tamanha tragédia.
Por volta das 2h da manhã do dia 27 de janeiro de 2013, centenas de pessoas visitavam a Boate Kiss e seriam vítimas do que seria o segundo maior incêndio da história do Brasil em número de vítimas. Diversos fatores e eventos isolados, quando somados naquela madrugada, resultaram na tragédia que comoveu o Brasil dez anos atrás.
1. Superlotação
Embora tivesse capacidade máxima de aproximadamente 600 pessoas, no fatídico dia a boate abrigava quase 1000 pessoas. Essa determinação de lotação máxima não existe à toa, sendo uma medida de segurança para evitar problemas como ocorrido naquela madrugada.
Familiares e moradores prestaram homenagens às vítimas em frente à Boate Kiss
2. Isolamento acústico inflamável
Como toda casa de show, a Boate Kiss contava com um sistema de isolamento acústico. O problema é que o material usado no isolamento era inflamável, necessitando cuidados especiais em relação ao uso de quaisquer equipamentos ou elementos que pudessem criar potenciais incêndios.
3. Uso indevido de artefato pirotécnico
Com a casa cheia, bem acima do limite da lotação máxima, por volta das 2h30 da manhã, um membro da banda Gurizada Fandangueira acendeu um “sputnik”, um artefato pirotécnico indicado para uso externo que não poderia de forma alguma ser usado no local. As faíscas do artefato atingiram o material do isolamento acústico, que era inflamável, e foi aí que o fogo começou.
4. Sistema de segurança falho
As primeiras tentativas de apagar as chamas falharam, já que extintores e o equipamento de segurança contra incêndios não funcionaram como deveriam. Sem alarme ou sistemas de hidrantes para apagar o fogo, o incêndio rapidamente tomou o teto da casa e se alastrou por boa parte da extensão da Boate Kiss.
5. Despreparo
Com o caos começando a se formar, correria e gritaria tomaram conta do local. Sem muita comunicação entre a equipe, relatos informam que inicialmente os seguranças acharam que a agitação se tratava de uma briga. Posteriormente eles teriam tentado impedir os jovens de sair do local, exigindo o comprovante de pagamento da comanda de consumo para liberar as catracas na porta.
Bombeiros precisaram abrir buracos na parede para ajudar vítimas a escapar do incêndio
6. Uma única saída
A boate não era bem ventilada e contava com apenas uma porta de entrada e saída. Com o material do isolamento acústico queimando rápido e expelindo a espessa fumaça que além de tóxica dificultava a visão, muitos visitantes simplesmente não conseguiam achar a saída. Dezenas de jovens morreram presos e asfixiados nos banheiros da Boate Kiss, tendo confundido as portas com a saída da casa de shows.
A dificuldade para entrar no local era tamanha que os bombeiros precisaram abrir um buraco em uma das paredes externas para permitir que mais gente conseguisse sair da boate. Ainda assim, 242 pessoas acabaram morrendo asfixiadas ou pisoteadas no local.
Andamento do processo
Quase uma década após o ocorrido, ninguém ainda foi responsabilizado. Dois sócios da boate, Elissandro Spohr e Mauro Hoffmann, e dois membros da banda Gurizada Fandangueira, Marcelo de Jesus dos Santos e Luciano Bonilha Leão, chegaram a ser acusados de homicídio e condenados em 2021. Porém, eles foram soltos quando o Tribunal de Justiça do Estado anulou a sentença, alegando descumprimento de regras na formação do Conselho de Sentença.
Responsável por conduzir as investigações do caso, Sandro Luís Meinerz, o delegado regional de Santa Maria, lamenta a demora para que os responsáveis sejam responsabilizados pelos crimes. “Estamos fechando agora, no dia 27, dez anos dessa absurda tragédia e, infelizmente, nenhuma resposta final desse processo foi dada para sociedade e, principalmente, para os pais e familiares dessas vítimas que morreram, fora aquelas que ficaram sequeladas,” afirmou Meinerz.