Segundo a Secretaria de Turismo de Pirenópolis, cerca de 20 mil turistas passaram pelo município nesse feriadão, lotando as ruas e locais públicos
Desde o início da pandemia, Pirenópolis, um dos principais pontos turísticos de Goiás, tomou medidas drásticas para conter a proliferação da covid-19. O município chegou a fechar suas entradas para visitantes e impôs uma série de medidas de segurança à população. Porém, com a retomada do turismo e reabertura da cidade, em agosto, o que havia sido evitado durante 5 meses, como aglomerações e ambientes propícios para contaminação, voltou a ser realidade na região. No último fim de semana, feriado prolongado, imagens feitas em Pirenópolis chocaram ao mostrar milhares de pessoas aglomeradas e circulando nas ruas sem máscara. O prefeito diz que cumpre a sua parte na fiscalização, mas que, graças ao Poder Judiciário, não pode evitar que as pessoas se reúnam nas ruas.
Segundo a Secretaria de Turismo e Desenvolvimento Econômico de Pirenópolis, cerca de 20 mil turistas podem ter passado pelo município nesse feriadão. O retorno da “badalação” preocupa moradores da região, que dizem temer um aumento de contaminações pela covid-19 com o retorno em massa dos turistas. É o caso de Joelma Nominato, habitante de Pirenópolis. Ao Mais Goiás, a moradora conta que a cidade foi “tomada pelos turistas” que não tiveram “nenhum cuidado” quanto às medidas sanitárias.
“A cidade estava um verdadeiro caos, um desrespeito total à vida […]. Pessoas andando tranquilamente sem máscaras, bares lotados. Isso a gente viu, assim, passando de carro porque os moradores de Pirenópolis mesmo, temerosos, né, praticamente ficaram em casa. A cidade foi tomada pelos turistas sem nenhum propósito, sem cuidado nenhum”, desabafou.
Joelma revela ter receito que o feriadão provoque “consequências ruins [na cidade], mais pessoas contaminadas e mortes”. “Eu acho que não era o momento de ter reaberto ao turista, ou deveria ter tido um controle maior”, completa.
Secretário diz defende que turismo foi retomado com responsabilidade
De acordo com a última atualização da Prefeitura de Pirenópolis, o município tem 226 casos confirmados de covid-19 e 8 óbitos. Contudo, ao Mais Goiás, o secretário de Turismo de Pirenópolis, Marcos Vieira, argumenta que a incidência de casos da doença e óbitos não está diretamente relacionada com a retomada do turismo. “A gente respeita e dá autonomia para os técnicos da saúde. A minha Secretaria é totalmente submissa à Saúde e a gente dá prioridade à vida. As mortes que tivemos em Pirenópolis eram de pessoas que já estavam internadas antes da liberação do turismo, não foi devido ao turismo”, disse.
“Se as pessoas de Pirenópolis, os moradores, comerciantes, tiveram uma precaução, se mantiveram a segurança, então não vamos ter uma grande quantidade de casos”, afirmou o secretário.
O prefeito de Pirenópolis, João do Léo (DEM), diz que o município cumpriu com sua parte na determinação das medidas sanitárias, mas culpou o Poder Judiciário pelas aglomerações. Segundo o gestor, o fato de o Supremo Tribunal Federal (STF) ter decidido manter a decisão da Justiça de Goiás de estabelecer a abertura da cidade para turistas deixou a prefeitura de mãos atadas.
“Teve um excesso de circulação nas ruas, mas no interior de cada bar, segundo a fiscalização, foi cumprido todos os protocolos de segurança e distanciamento. Nas ruas já fica difícil porque eu perdi para o direito de ir e vir […] Essa aglomeração que aconteceu na nossa cidade nós devemos ‘agradecer’ exclusivamente ao STF”, critica.
Ainda conforme o prefeito, não há novas medidas sanitárias sendo planejadas para o município diante do aumento de aglomerações na região. “Eu estou algemado pelo direito de ir e vir, que para o Supremo é maior do que o direito à vida”, finalizou.