Especialistas ouvidos pela CNN afirmam que medida do governo Lula trava a economia, penaliza empresas e amplia a insegurança jurídica no Brasil
A alta no Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), imposta pelo governo federal, tem potencial para frear ainda mais o ritmo da economia brasileira. Segundo especialistas consultados pela CNN Brasil, o impacto da medida equivale a elevar os juros básicos da economia para até 15,25% ao ano, em um momento em que a taxa Selic já está elevada, em 14,75%.
Em relatório, analistas da XP Investimentos estimam que o aumento no IOF representa um impacto equivalente a uma alta de 0,25 a 0,5 ponto percentual na Selic, pressionando ainda mais o custo do crédito. “Isso deve fazer com que o Banco Central interrompa o ciclo de alta de juros”, apontou a XP. No entanto, o relatório alerta que o aumento do IOF não substitui os efeitos de um aumento formal da Selic sobre expectativas de inflação, consumo e câmbio.
Já a Febraban (Federação Brasileira de Bancos) estima que o custo efetivo do crédito pode subir em até 40%, atingindo especialmente micro, pequenas e médias empresas.
“Isso pode significar, em uma operação de curto prazo, uma variação entre 14,5% a 40% no custo efetivo total, em termos de taxas de juros”, afirmou Isaac Sidney, presidente da Febraban, à CNN.
Setor produtivo reage com força
A medida desagradou fortemente o setor privado. Em um manifesto publicado na segunda-feira (26), sete confederações nacionais — entre elas CNC, CNI, CNA e CNseg — pediram que o Congresso derrube o decreto do governo.
O documento aponta que a mudança nas alíquotas aumentará os custos do setor privado em R$ 19,5 bilhões ainda em 2025 e em R$ 39 bilhões no ano seguinte. “A decisão gera imprevisibilidade e eleva o custo de produzir no país”, afirmam.
Felipe Tavares, economista-chefe da CNC, explicou à CNN Money que o IOF atua como um “freio” regulatório:
“Quando o governo aumenta o IOF, desincentiva crédito, operações cambiais e fluxo de capital. Isso impacta negativamente o custo das empresas e a atividade econômica como um todo.”
Impacto direto no crédito e na confiança
A Firjan (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro) também se posicionou contra a medida. Em nota enviada à CNN, afirmou que a alta do IOF “agrava ainda mais o custo do crédito em um país que já tem uma das maiores taxas de juros reais do mundo”.
Segundo a Firjan, o aumento prejudica a manutenção da atividade produtiva, especialmente no que diz respeito ao capital de giro, essencial para as operações diárias das empresas.
A elevação da alíquota do IOF atinge não só o crédito tradicional, mas também remessas ao exterior, compras internacionais, licenças de software, serviços como iCloud, fretes e saques em viagens. O imposto, que era de 0,38%, passou para 3,5% em muitas dessas operações.
“A medida impacta não só o custo do crédito, mas também o investimento e a produção”, reiterou Isaac Sidney, da Febraban. Segundo ele, o próprio Ministério da Fazenda já começou a recuar de parte do decreto após pressão do setor privado.
Clima de instabilidade política e econômica
O aumento do IOF veio em meio à piora no ambiente de negócios e ampliou a sensação de insegurança jurídica, afirmam especialistas. Para analistas ouvidos pela CNN, a falta de previsibilidade e articulação política na decisão do governo acende alerta no mercado.
Com a pressão do setor produtivo e do Congresso, um Projeto de Decreto Legislativo (PDL) para derrubar a medida já está sendo articulado e deve ser votado nas próximas semanas. O governo Lula, por ora, sustenta que a medida é necessária para ampliar a arrecadação e equilibrar as contas públicas até 2026.
Mas o custo político e econômico da decisão pode sair mais caro do que o previsto.
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