Desfiles de moda sempre foram um grande acontecimento na mídia. Diversos estilistas já tiveram seus trabalhos reconhecidos ao terem suas peças usadas por modelos consagradas em passarelas em todo o mundo
O mundo da moda requer dedicação, atenção, foco, e muito trabalho. Por isso, cada desfile é a oportunidade de conferir o fruto daquilo que levou tempo para ser feito. Ao mesmo tempo que os fotógrafos iluminam as roupas com os flashs de suas câmeras, o público aguarda ansiosamente pelos modelitos para conhecer as novas tendências e se preparar para as novidades que ditarão os próximos tempos de um universo tão particular.
Mas, voltando no tempo, é possível perceber que a história da moda começou com propósito que ainda é nutrido em cada desfile: o desejo. “Independentemente do tempo que já passou, o fato é que os desfiles de moda foram criados para despertar os mais profundos sentimentos que ainda hoje estão mais vivos do que nunca”, conta a modelo e influenciadora digital, Aline Tabata Reche.
Seja no palco ou online, os desfiles de moda atualmente são transmitidos até para milhões de pessoas. Porém, “a ostentação e riqueza em cada desfile é presente desde o início de tudo, afinal, essas raízes vão das grandes festas, mas também presentes em ambientes intimistas. Em comum, o luxo de cada desfile”, destaca a modelo.
Tudo começou na década de 1860, quando o inglês Charles Frederick Worth usou modelos ao vivo em vez de manequins para apresentar suas criações em Paris. Pouco tempo depois, o estilista Paul Poiret também passou a apresentar suas roupas em público.
Na mesma época, início do século XX, Lady Duff-Gordon (criando peças sob o apelido Lucile) estava fazendo o mesmo em Londres. Poiret, destaca Aline Tabata, “decidiu então, combinar comércio e socialização, lançando uma série de bailes luxuosos em que os participantes eram convidados a se vestir da melhor maneira possível”.
Foi aí que o estilista criou a festa The Thousand and Second Night, em 1911, onde Poiret apresentou vestidos com abajures e calças de harém. “Além disso, na mesma época ele realizou um desfile de moda de suas roupas de luxo com os convidados servindo de modelo”.
Mas como ele fez isso? Simples, Aline explica que, por ser uma festa cujo tema era “As mil e uma noites”, “seus convites especificava que eles deveriam vestir roupas de estilo persa e que, se recusassem e aparecessem em outros trajes, teriam que sair imediatamente ou trocar de roupa por modelos que ele havia projetado.
“Eles acharam que era uma ideia divertida”. Logo, ele “colocou à disposição diversas opções para convidados. E lá tinham novos vestidos de abajur e calças de harém que ele havia projetado recentemente. Enquanto isso ele, interpretando o papel de um sultão reinante, presenteou cada hóspede com uma garrafa de sua criação de fragrâncias, Nuit Persane”.
Se hoje o maior desejo dos estilistas é que suas criações sejam vistas em todo o mundo, houve uma época em que o desejo deles era exatamente o oposto. “Sim, teve um momento em que os eventos eram destinados somente para os compradores daquelas peças. E eles eram proibidos de serem fotografados por medo dos modelos serem copiados”.
Somente após a Segunda Guerra Mundial, em 1945, que esses eventos passaram a ser abertos ao público, com o objetivo de fazer publicidade e alcançar mais clientes. “Porém, foi entre os anos 80 e 90 que os desfiles se transformaram em grandes produções, com efeitos de luz, som e elaborados cenários, que é isso que estamos acostumados a ver por aí atualmente”.
Outro detalhe interessante é que o perfil dos desfiles também se transformou com o tempo. Se antes era considerado apenas um espaço para venda com o propósito de estimular este desejo, hoje o sentido é outro. “Estar presente em um desfile de moda se tornou um símbolo de status, e não só isso, a localização do assento de quem assistirá a mostra da coleção também é de suma importância nessa hierarquia ilusória da moda”.
Além disso, hoje o desfile detalha o processo de criação e o universo que guiou o estilista a desenvolver determinada coleção. “O que vai gerar um produto agregado à marca, e isso muitas vezes não depende das roupas apresentadas, mas sim da eficiência do espetáculo”. Explica a influenciadora digital. “Mesmo que aquele modelo não seja usado por aí nas ruas, o consumidor vai ver aquele estilo, agradar e vai procurá-lo nas lojas que atendam seu gosto pessoal”, acrescenta a modelo.
Os desfiles de moda estão se transformando neste período de pandemia. Devido ao isolamento social e ao distanciamento físico, estilistas tiraram as modelos das passarelas e passaram a apresentar suas peças em vídeo.
“Usando novas ferramentas de tecnologia, ou até fazendo pequenas apresentações, o fato é que mesmo que estejamos nesta fase difícil em todo o mundo, os desfiles não devem deixar de existir, já que são importantes ferramentas de marketing e de venda, claro. Sem contar toda a imersão que proporcionam no universo das marcas”, finaliza Aline.
FONTE: AVENTURAS NA HISTORIA