Ciência pode solucionar gargalos tecnológicos e potencializar recursos da biodiversidade amazônica

Luciana Santos participou de seminário promovido pelo Itamaraty sobre desenvolvimento sustentável da Amazônia. Evento é preparatório para a Cúpula da Amazônia, que será realizada em agosto, em Belém (PA)

FONTE: Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação

A ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, destacou o papel da pasta ministerial em desenvolver a ciência necessária para a compreensão das potencialidades dos recursos da biodiversidade brasileira e solucionar gargalos tecnológicos. A declaração foi feita nesta terça-feira (16), em Brasília, durante a abertura do seminário “Desenvolvimento Sustentável na Amazônia”, realizado pelo Ministério das Relações Exteriores.

O objetivo é promover o debate de propostas e soluções concretas, entre o governo e a sociedade civil, para identificar prioridades e projetos de cooperação com os demais países amazônicos, de forma a subsidiar a posição do Brasil no processo de preparação da Cúpula da Amazônia, que será realizada nos dias 8 e 9 de agosto, em Belém (PA).

“Ao privilegiar a centralidade da ciência, o MCTI e suas unidades de pesquisa produzem dados científicos inequívocos, de forma absolutamente isenta e imparcial, apoiando o processo de tomada de decisão por parte dos diferentes atores com base na melhor ciência disponível”, afirmou a ministra Luciana.

Ela também anunciou dois editais, no valor total de R$ 70 milhões, que serão direcionados para apoiar projetos científicos e tecnológicos com foco no desenvolvimento sustentável da biodiversidade e para avançar com o conhecimento da biodiversidade em territórios indígenas e populações tradicionais.

A ministra mencionou as ações do MCTI na área de bioeconomia, que podem impulsionar a reindustrialização do Brasil em bases verdes, e citou as infraestruturas de pesquisa Torre ATTO e o projeto AmazonFACE.

“Reafirmo o compromisso do MCTI em produzir mais conhecimento científico e usar nossas melhores capacidades tecnológicas para o enfrentamento dos desafios contemporâneos”, disse. “Não há saída para os esforços de mitigação e adaptação das mudanças climáticas, para o combate ao desmatamento ilegal e o enfrentamento das desigualdades sem ciência”, complementou.

No discurso de abertura, o chanceler Mauro Vieira lembrou que a Cúpula da Amazônia foi proposta pelo presidente Lula durante a COP 27, no Egito, para que os países que integram a Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) possam discutir de forma soberana a promoção do desenvolvimento integrado, a inclusão social e a responsabilidade climática para enfrentar os desafios conjuntos. “A OTCA é o foro apropriado para que os países amazônicos possam coordenar, com plena capacidade de ação, a governança da cooperação regional”, afirmou o chanceler.

Na sessão de abertura, o coordenador-executivo da Articulação dos Povos Indígenas no Brasil, Kleber Karipuna, defendeu a demarcação das terras como ação fundamental para o combate às mudanças climáticas. Segundo o secretário-executivo do Ministério dos Povos Indígenas, Eloy Terena, os povos originários representam cerca de 5% da população mundial e são responsáveis pela preservação de cerca de 80% das áreas.

Encerrando o painel de abertura, a ministra do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, Marina Silva, defendeu uma espécie de “Plano Marshall para evitar a destruição” da Floresta Amazônica, evitando que a maior floresta tropical atinja o ponto de não retorno, ou seja, não tenha mais capacidade de se regenerar.

Ela instou os participantes a pensar a Cúpula da Amazônia como um fórum de encaminhamentos, por tratar-se de uma oportunidade ímpar de reunir chefes de Estado para falar sobre o desenvolvimento sustentável da região, que é considerada uma das mais sensíveis do planeta, detentora de recursos hídricos, biodiversidade, minerais, entre outras riquezas. E sugeriu a criação de um painel intergovernamental que estabeleceria as bases de ação conjunta para os países amazônicos.

“Se formos capazes de produzir algo dessa natureza pensando em infraestrutura para o desenvolvimento sustentável, avanço no terreno da bioeconomia e da biotecnologia, abertura de mercado para nossos produtos, estaremos criando salvaguardas para a região”, disse, durante o discurso.

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