Sudoeste da Amazônia voltará a receber chuvas a partir de novembro, mas a recuperação será lenta.
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Por influência do El Niño, as chuvas ficarão acima da média no Sul e, combinado com a anomalia de temperatura do Atlântico Tropical, os volumes de precipitação ficarão abaixo da média na região Norte do Brasil nos próximos meses. De acordo com o coordenador-geral de Ciências da Terra do Inpe, Gilvan Sampaio, o sudoeste da Amazônia voltará a receber chuvas a partir de novembro, mas a precipitação ficará abaixo da média e possivelmente a recuperação será lenta. “O déficit de chuvas foi muito grande, ainda terá reflexos em novembro e vai recuperando pouco a pouco”, afirma.
A perspectiva é que a atuação do El Niño ganhe força até dezembro e intensifique o déficit de chuva sobre o leste e o norte da Amazônia e no norte Nordeste. Para o norte do Nordeste, a indicação é de que o Atlântico Norte continuará aquecido, o que contribui para a seca.
Sampaio observa que para Rondônia a perspectiva é de manter chuvas abaixo da média. “É nesta área que está a bacia do rio Madeira, que tem contribuição importante para rio Amazonas”, explica. O Madeira é o principal afluente do Amazonas. As vazões naturais em Porto Velho (RO) apresentam valores 51% abaixo da média em outubro.
Para a região Sul do Brasil a previsão é de continuidade de chuvas muito acima da média. Em setembro os volumes de precipitação acumulada foram superiores a 450 mm em alguns pontos. Nos 19 dias de outubro, algumas cidades registraram mais de três vezes a média para o todo o mês no Sul. O mapa indica chuvas acima da média para áreas ao sul das regiões Sudeste e Centro-Oeste.
Os mapas do boletim conjunto do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) e Funceme publicados nesta quinta-feira (26) foram apresentados durante sessão de debates sobre fenômenos climáticos realizada no Senado Federal.
O mapa da nota técnica indica faixas na cor amarelo e laranja com chuvas abaixo da média para grande parte da região Norte e Nordeste do país e áreas do Centro-Oeste e Sudeste.
Durante a sessão no Senado, o diretor-geral do Inpe, Clézio De Nardin, afirmou que a anomalia de temperatura das águas do Atlântico Tropical Norte está entre as maiores mais registradas e estão impactando a formação de nuvens de chuva sobre a Amazônia. “A seca gravíssima que está no sudeste da Amazônia passará para o leste da Amazônia”, afirmou.
Ele explicou ainda como fenômeno El Niño repercute no aumento de chuvas no Sul. Com parte do Pacífico aquecido, os ventos do oceano que seguem na direção Leste-Oeste sobre a Cordilheira dos Andes formam uma espécie de barreira sobre o território brasileiro, fazendo com que as frentes frias trafeguem com mais lentidão sobre a região Sul.
O diretor destacou o investimento de cerca de R$ 200 milhões pelo MCTI na Renovação da Infraestrutura de Supercomputação do Inpe. Os recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) serão aplicados na aquisição do novo supercomputador, na instalação de uma usina fotovoltaica para suprir a demanda energética da máquina e no desenvolvimento do Monan – Modelo para Previsão dos Oceanos, Superfícies Continentais e Atmosfera – sistema único de modelagem de dados que recebe as informações de satélites, dados de radares e de outros sistemas de medição para realizar as previsões de tempo, do comportamento dos oceanos, dos ventos, entre outros.