De acordo com dados do portal InfoSaúde-DF, 556 idosos foram internados em 2023 devido a fraturas no fêmur. Desse total, a maior parte (cerca de 45,7%) corresponde a pacientes com mais de 80 anos. Até abril deste ano, o Distrito Federal registrou 142 internações do tipo, com 49,3% dos pacientes dessa mesma faixa etária.
Para evitar que os números aumentem, unidades básicas de saúde (UBSs) da rede do DF promovem circuitos multissensoriais que fortalecem os músculos, a cognição e o equilíbrio de pessoas idosas. Nas manhãs das segundas e quartas-feiras, a UBS 8 de Ceilândia, por exemplo, reúne uma turma para realizar exercícios que envolvem o uso de equipamentos como pesos livres, cordas, estepes, argolas e camas elásticas.
Os participantes passam por seções diferentes: aquecimento, alongamento, execução das estações multissensoriais e fortalecimento muscular. Geralmente, os exercícios podem ser combinados com atividades cognitivas, como repetir nomes de animais ou falar os meses de trás para frente.
“As quedas têm consequências severas, como fraturas de fêmur, que podem evoluir para embolias e outras complicações passíveis de óbito. Nesse sentido, o circuito trabalha elementos que minimizem as quedas e evitem que o pior aconteça”, explica o fisioterapeuta coordenador da atividade na unidade, Tadeu Silva.
Além de trabalharem força e equilíbrio, os circuitos também atuam como forma de interação social entre os idosos
Leonor Vieira Monteiro, 65, entrou para o grupo há dois meses e já consegue ver a evolução na própria saúde. “Minha memória e minhas dores no nervo ciático, no pescoço e na coluna melhoraram. Para nós que sofremos com dores, essa atividade trabalha muito os músculos, os nervos e os ossos”, avalia.
A moradora do Sol Nascente integra a população-alvo do Dia Mundial de Prevenção de Quedas, lembrado nesta segunda-feira (24). Embora a data alerte sobre os riscos de tombos em todas as idades, os idosos são o grupo mais afetado. Nessa fase da vida, ao caírem, muitos perdem a funcionalidade e deixam de realizar tarefas habituais por medo de novas quedas.
Vínculos
Além de trabalharem força e equilíbrio, os circuitos também atuam como forma de interação social entre os idosos. Na UBS 6 de Ceilândia, a atividade é realizada no período vespertino de segundas e sextas-feiras, organizada pela equipe multidisciplinar (e-Multi) de fonoaudiólogos, psicólogos, fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais. Durante os exercícios, os profissionais da unidade observaram que os participantes interagem entre si, fazendo novas amizades. “Eles criam uma rede de apoio e compartilham experiências”, aponta a psicóloga Flora Teixeira Morta de Paula.
Parceiros da iniciativa, estudantes de fisioterapia da Universidade de Brasília (UnB) amparam os participantes durante os exercícios para evitar quedas. “Apesar de o circuito ter um lapso temporal, depois que finaliza, o idoso tem diversas opções de atividades. Dessa forma, ele é direcionado a outras ações, tanto para explorar a funcionalidade quanto para preservar o convívio social”, afirma o fisioterapeuta apoiador técnico da Atenção Primária da Região de Saúde Oeste, Adilson Rebelo.
Mary Lúcia Rebelo de Melo, 71, gosta tanto do clima do circuito que tenta ir a todos. A moradora do P Sul foi indicada para os exercícios após passar por problemas cardíacos e um procedimento cirúrgico. “Sou apaixonada pelas atividades e saio procurando onde tem mais para ir. Por mim, não saía mais dessa turminha”, ressalta.
*Com informações da Secretaria de Saúde