Sob o lema “Do orgulho à visibilidade”, os vinte anos de ação lésbica do DF e Entorno foram celebrados no plenário da Câmara Legislativa do Distrito Federal, na tarde desta segunda-feira (26), em sessão solene, transmitida ao vivo pela TV Distrital (canal 9.3) e YouTube, com tradução simultânea em Libras.
O autor da homenagem, deputado Fábio Felix (PSOL), pontuou que o encontro é um motivo de celebração, mas também uma oportunidade para refletir sobre as políticas públicas voltadas ao segmento. Nesse aspecto, o momento atual é de contradições, na avaliação do parlamentar, pois ao mesmo tempo em que houve avanços significativos nos direitos civis, a exemplo do casamento homoafetivo e da criminalização da homolesbotransfobia, no âmbito do Supremo Tribunal Federal (STF), por outro lado, há uma reorganização da extrema direita, no Brasil e no mundo, para silenciar e revogar esses direitos.
Ele reforçou: “Se, por um lado, a gente se sente confortável, em alguns ambientes, para demonstrar nossos afetos, e vemos nossos movimentos crescendo no mundo, chegando ao mainstream da cultura e do entretenimento, por outro lado, há o aumento da violência de gênero, do feminicídio e do lesbocídio”. Segundo Felix, esse momento de contradição requer várias reflexões, como a capacidade de auto organização a fim de que essas conquistas permaneçam e ocorram avanços.
Nesse contexto, a deputada federal Daiana Santos (PCdoB-RS) avaliou que a jornada dos vinte anos na capital simboliza o avanço da consciência social. Para ela, a constante atuação dos movimentos possibilitou a representatividade política, da qual tanto o deputado Fábio Felix quanto ela são exemplos. Entre outras propostas legislativas a favor do segmento, Santos citou o estatuto da diversidade, que tramita na Câmara dos Deputados. Ela ainda salientou a importância da ação coletiva para sustentar os avanços.
Coletividade e trabalho conjunto
Melissa Navarro, diretora e cofundadora da associação lésbica feminista Coturno de Vênus, endossou o trabalho conjunto na manutenção dos direitos do segmento. Ela discorreu sobre as atividades do movimento na capital, iniciadas há vinte anos, e a atual ação lésbica. Melissa acrescentou que, nesta quinta-feira (29), Dia Nacional da Visibilidade Lésbica, a associação completa 19 anos.
Também cofundadora da Coturno de Vênus, Lu Ferreira destacou a relevância de o movimento estar presente em um espaço de poder. “Estarmos aqui hoje significa que dá trabalho, mas dá certo”, afirmou, ao ratificar o necessário trabalho conjunto.
Na mesma linha, a advogada Raíla Alves, doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Direitos Humanos e Cidadania da Universidade de Brasília (UnB), considerou que “sem coletividade, sem estratégia política, sem auto-organização, não é possível nenhum avanço”.
Por sua vez, a militante Dani Sanchez relatou seu orgulho de pertencer ao segmento, atuar nos movimentos e lutar pela igualdade de direitos. Outras militantes também se manifestaram no evento em defesa do orgulho e da visibilidade lésbica, como Mônica Monteiro, do grupo Mães pela Diversidade.
Ainda durante a sessão, foi apresentando um vídeo mostrando a história dos vinte anos da ação lésbica local e foram entregues moções de louvor da CLDF a personalidades por sua atuação em prol da população do DF.