A Biblioteca Nacional de Brasília (BNB) recebe entre 9 e 23 de outubro a exposição de fotografias “Angola é aqui”. São registros que retratam a viagem imersiva do líder religioso Tata Ngunzetala (nome no Candomblé de Francisco Aires Afonso Filho) no país da África Ocidental em busca do legado histórico banto (ou bantu, como o autor prefere grafar) como conjunto de fundamentos presentes no patrimônio linguístico e cultural da sociedade brasileira.
Ngunzetala (pronuncia-se “gunzetala”) explica que exposição documenta a vivência de um brasileiro pardo, de pertencimento afro, iniciado no Candomblé há 27 anos, e que pensa o mundo a partir dos conceitos civilizatórios dos povos africanos escravizados na colonização do Brasil e que precisaram construir suas identidades na diáspora afro-brasileira. “Foi um jeito de viver e reviver as memórias ancestrais herdadas das gerações mais velhas que hoje compõem nossa ancestralidade”, explicou.
“Angola é aqui” tem curadoria do estilista Luazi Luango. Ele organiza os registros em dois conceitos cosmogônicos bantos: o de “Ntu (Ser)”, compreendendo pessoas, lideranças e relações com o território, e “Nkodia (Tempo Ancestral)”, abrangendo relações da cultura angolana com as memórias e resistência nas comunidades tradicionais de matriz africana no Brasil por meio de alimentos, ritos, mitos, cantos, vestimentas, adornos, arte e artesanato.
A exposição também marcará o relançamento do livro de Tata Ngunzetala “De Volta Para Casa, Uma Viagem a Angola”, obra que trata sobre as práticas culturais tradicionais de Angola e os saberes das comunidades de matriz africana e de terreiros de origem banto no Brasil.
O autor acredita que a intolerância religiosa no Brasil – como ilustram, por exemplo, as depredações de estátuas de divindades do Candomblé na Prainha dos Orixás, em Brasília – é resultado do racismo estrutural e da falta de conhecimento da cultura dos povos africanos, afro-brasileira e dos povos indígenas. Nesse sentido, ele lembra que até hoje leis como as 10.639/2003 e 11.645/2008 não foram devidamente postas em prática, mesmo a LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação) prevendo o ensinamento e discussão dos temas acima.
Ngunzetala acredita ser necessário implementar políticas públicas educativas, com a inclusão dos temas afros de maneira transversal e fortalecer as identidades afro e indígenas em suas formas de manifestação e organização. “Além disso, devemos ter um sistema policial e judicial preparado para entender que muita coisa classificada como intolerância ou injúria é, na verdade, crime de racismo”, finaliza.
Serviço
Abertura da exposição “Angola É Aqui” e lançamento livro “De Volta Para Casa, Uma Viagem a Angola”
Data: 9 de outubro de 2024
Local: Biblioteca Nacional de Brasília – Auditório 2º Andar
Horário: 20 horas
Visitação a exposição: de 9 à 23 de outubro, de 9 horas às 22 horas.
Entrada franca. O livro será vendido no local do evento.
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Classificação Indicativa: Livre