Distrito Federal tem dois semifinalistas no Prêmio Jabuti 2024


Dois autores que moram no Distrito Federal estão entre os dez semifinalistas da categoria Romance Literário da 66ª edição da maior premiação do gênero no Brasil: o Prêmio Jabuti. Os indicados são Fabiane Guimarães, concorrendo com Como se fosse um monstro, e André Cunha, indicado por Quem falou?.

O prêmio possui 22 categorias, que abrangem eixos de literatura, não ficção, produção editorial e inovação. Os nomes dos finalistas serão divulgados em 5 de novembro. Já a cerimônia de premiação está programada para 19 de novembro, no Auditório Ibirapuera, em São Paulo.

As obras 

Segundo Fabiane Guimarães, Como se fosse um monstro “discute a maternidade do ponto de vista das mulheres que não querem ser mães” | Fotos: Divulgação/Secec-DF

Fabiane Guimarães  explica que a ideia de seu livro Como se fosse um monstro surgiu a partir de uma reportagem que abordava um mercado clandestino: a prática de barriga de aluguel no Brasil. “Eu achei aquele tema muito interessante e falei ‘poxa, daria uma história muito legal’”, lembra. “E aí eu fiquei obsessivamente pensando nessa história na história de uma mulher que seria barriga de aluguel. Basicamente, esse é um livro que discute a maternidade de um ponto de vista um pouco atípico. Ele discute a maternidade do ponto de vista das mulheres que não querem ser mães. Trata sobre o direito de a mulher ao que ela pode fazer com o próprio corpo”.

A autora recebe a indicação como um importante momento em seu trabalho: “Eu sou escritora há 15 anos, então é um momento de reconhecimento do meu trabalho, de valorização, porque nem sempre é fácil ser escritor, muito menos ser escritor aqui no DF. A gente está longe dos centros culturais do país, que ficam na região Sudeste, então eu estou feliz principalmente por isso”.

Quem falou?, de André Cunha, foi produzido a partir do contexto da pandemia de covid-19

André Cunha, por sua vez, relata que  a inspiração para o livro Quem falou? surgiu da vontade de falar da experiência da pandemia da covid-19 sob uma perspectiva não óbvia. “Foi um período traumático e de retração da economia, mas não para todos”, pontua.

“A indústria farmacêutica, por exemplo, viveu o seu auge. Na história, a narradora e protagonista Rebeca Witzack namora um cara que é representante comercial de um laboratório especializado em fabricar testes virais e vacinas. E esse cara ‘racha de ganhar dinheiro’, ou, como descobri que falam em Santa Catarina, onde se passa a história, ‘enricou na barriga grande’. Aí a obra apresenta esse contraste entre o fim do mundo lá fora e o ápice do luxo aqui dentro”.

O autor considera que Quem falou? é uma obra mais consistente e comercialmente viável, sendo um reflexo da sua evolução como autor. “Fui aprimorando meu estilo ao longo do caminho”, aponta. “Receber a indicação é a ponta do iceberg. Tem muitos anos de dedicação e reflexão por trás; diria mesmo uma dose de teimosia. Escritor tem que ser teimoso. Desistir é sempre o caminho mais fácil”.

Veja a listagem dos semifinalistas do Prêmio Jabuti de Literatura 2024.

*Com informações da Secretaria de Cultura e Economia Criativa 



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