Eletrocutada em praça púbica e esquecida por 70 anos: a saga da elefanta Topsy,
Em 1903, nos Estados Unidos, o animal contrabandeado da Ásia foi brutalmente assassinado em um evento com mais de mil pessoas
Esquecida por 70 anos, a primeira morte filmada de um animal na História envolve o trágico fim da elefanta Topsy, eletrocutada em praça pública em 4 de janeiro de 1903. Sua vida de aproximadamente 28 anos foi marcada por crueldade e insensibilidade — e acabou da pior forma possível.
Nascida na Ásia, em meados de 1875, Topsy foi levada ilegalmente para a América e apresentada como a primeira de sua espécie com origem americana. Assim, durante seus primeiros anos foi um dos animais de performance do Forepaugh Circus, sua reputação de malvada foi espalhada por todo o estado de Nova York, e acidentes que a envolviam ganhavam grandes proporções.
Devido aos maus tratos, Topsy desenvolveu um temperamento forte, matando um espectador durante um de seus shows; por isso, foi vendida para o Sea Lion Park, localizado em Coney Idland. No entanto, lá a situação foi pior, a elefanta matou três de seus domadores, sendo que um deles era um alcoólatra incapaz de cuidar do grande mamífero.
Morte em praça pública
Devido aos incidentes fatais de Topsy, dois empresários decidiram dar um fim em sua vida num evento público, com venda de ingresso e presença da imprensa, eram eles Frederic Thompson e Elmer Dundy.
Planejando o evento fatal, os homens decidiram por enforcar o animal, o que resultaria em uma morte lenta e dolorosa — como eles achavam que Topsy merecia. Para a infelicidade dos publicitários, o presidente da Sociedade Americana para a Prevenção da Crueldade com os Animais, John Peter Haines, impediu que o evento fosse à diante, alegando que era um “meio desnecessariamente cruel de matar”, paralisando-o, por hora.
Insatisfeitos com os rumos do plano original, Thompson e Dundy passaram a organizar uma execução de menor grandiosidade, limitada apenas à imprensa e pouco mais de mil convidados. A forma de matar a elefanta também tinha mudado, eles usariam cordas para enforcá-la, um vapor de veneno e uma eletrocussão para finalizar o dia.
No domingo de 4 de janeiro de 1903, Topsy foi levada para o local de sua iminente morte. A princípio, ela se recusou a cruzar uma ponte que daria no cercado preparado para o evento, evitando estímulos com comida e do domador Carl Goliath. Vendo que o animal não iria colaborar, segundo jornais da época, os organizadores decidiram “trazer a morte para ela”.
Já com as cordas envoltas no pescoço da vítima, às 14h45, uma descarga elétrica foi enviada da usina de Bay Ridge direto para o corpo de Topsy que, em 10 segundos, estava no chão. Em seguida, um guincho a vapor puxou dois nós das cordas presas na elefanta, por dois minutos ela foi enforcada. Às 14h47, foi declarada morta.
Durante o evento brutal, a imprensa escreveu que o animal morreu sem dar “um gemido”, uma perícia, mais tarde, determinou que o choque elétrico foi a causa da morte da elefante de quase 28 anos de idade.
A filmagem da gravação circulou durante um tempo, até cair no esquecimento e permanecer por mais de sete décadas na obscuridade. Por vezes, o vídeo ressurgia em contextos diferentes e ninguém mais se lembrava de Topsy.
Confusão com a guerra das correntes
A relação da eletrocussão de Topsy com a guerra das correntes de Thomas Edison e Nikola Tesla é errônea. Na época, nenhum dos inventores estava envolvido em uma disputa sobre o conhecimento elétrico. Sendo que a “guerra” só teve início dez anos depois da morte da elefanta.
A confusão pode ter tido início em descrições de jornais, que atribuíam a morte do animal a “eletricistas da Edison Company”, que, na verdade, não é relacionada a Thomas Edison, e sim a outro empresário.