The Clash foi uma banda única dentro do chamado punk rock britânico, na segunda metade da década de 1970. O grupo sempre buscou adicionar outros estilos à sua música. Reggae, ska, dub, funk, rockabilly e até rap foram incorporados ao seu trabalho musical.
Formado em 1976, o The Clash teve Joe Strummer (vocais, guitarra), Mick Jones (vocais, guitarra), Paul Simonon (baixo, vocais) e Topper Headon (bateria) na sua formação mais conhecida. Dos seis álbuns lançados entre 1977 e 1985, o destaque fica ‘London Calling’ (1979), disco que costuma frequentar listas de melhores da história do rock.
Além da sua música explosiva e seus shows históricos, The Clash também se destacou no movimento punk por sua atitude política, apoiando movimentos como o IRA e o Sandinismo, na Nicarágua. A banda teve o seu fim em 1985 motivado por conflitos internos, trocas de integrantes e o fracasso do álbum ‘Cut The Crap’.
The Clash começou como uma banda punk underground na Londres de 1976, onde os Sex Pistols já pregavam a anarquia e destruição total do sistema, com cuspes, palavrões e violência. Também eram uma banda de protesto assim como os Pistols, mas de outra forma. Quem conhece um pouco da história do punk rock já deve ter ouvido que “enquanto os Sex Pistols queriam destruir, o Clash queria unir as pessoas”. Após o término dos Sex Pistols, The Clash levou a alcunha de “a única banda que importa”. No entanto, a questão que permanece é…por que o Clash ainda é a única banda que realmente importa?
Apresentações explosivas, músicas que mesclavam punk rock com reggae e letras extremamente politizadas, eles despertaram a atenção da poderosa CBS e foram contratados. Mark Perry, criador e editor da fanzine inglesa Sniffin’ Glue, disse que “o dia em que o Clash assinou com a CBS, o punk morreu”. Talvez não tenha sido um movimento da banda muito bem visto por alguns, mas não há nada tão punk quanto o que o Clash fez: assinar com o sistema para atacá-lo de dentro para fora.
Seu primeiro álbum, autointitulado The Clash, foi aclamado por vários críticos e hoje é considerado o melhor álbum de punk rock de todos os tempos. A prova são canções como White Riot, que convoca os brancos a lutarem assim como os negros faziam; White Man in Hammershit Palais, que mistura punk rock com reggae e I’m so bored with the USA, onde eles criticam aspectos sociais norte-americanos, como o Exército, o uso de drogas e o apoio de ditaduras no Terceiro Mundo. A banda sai em turnê, mas sofre boicote da própria gravadora. É atribuído à banda custear a turnê, despesas em geral e pagar os roadies. A CBS não os ajudaria em nada. Mesmo assim, o Clash se apresenta na Inglaterra, na França e na Alemanha.
Diferente de qualquer tipo de disco lançado por qualquer banda até hoje, London Calling reúne diversos estilos como rockabilly, punk, jazz, ska, reggae e rock and roll. Canções como London Calling, que trata de um apocalipse iminente em decorrência do fator nuclear, estão à frente do seu tempo. Talvez esse tenha sido o álbum máximo da história do rock, pois, apesar de variar de estilo de música pra música, todo ele continua soando punk, e as letras contidas nelas são visionárias, conforme o ex-empresário de turnê da banda, Johnny Green, contou em nossa entrevista. “London Calling tem apelo com todos os tipos de pessoas em todos os lugares. As letras têm muito significado e as músicas são contagiantes”.
London Calling foi um álbum duplo que literalmente arrombou as portas dos Estados Unidos e do mundo ao Clash. Finalmente o grupo estava recebendo a atenção que merecia, mesmo que a mídia não fosse exatamente sua aliada. “Hoje a mídia trata o Clash como uma grande banda de rock’n’roll” – afirma Johnny Green – “Toca sempre as mesmas faixas famosas, mas ignora o quanto eles mudaram a forma que as pessoas enxergavam o mundo ao seu redor. Eles não confiavam nos jornalistas por estes distorcerem a mensagem da banda… ironicamente eles precisavam dos jornais para manter as pessoas informadas sobre suas ações”.
No entanto, o que fazia o Clash digno de tanta aclamação, além de sua postura musical e política? Sabendo da situação financeira da maioria dos fãs, que não era diferente da situação da banda, o Clash brigou com a gravadora e conseguiu que a CBS vendesse o álbum duplo pelo preço de um álbum simples. Entrevistas polêmicas, brigas com a gravadora e com as ditaduras (democráticas ou autoritárias), discos geniais e adorados por pessoas do mundo todo, não importando a classe, religião ou raça, o Clash era, naquele momento, a maior banda de rock and roll do mundo.
O legado da banda é a sua atitude. “Questionar a autoridade, questionar tudo, pensar radicalmente por si mesmo e mudar a própria vida”, relembra Johnny Green. Nenhuma banda fez o que o Clash fez pelos fãs e atacou o sistema da forma que ele deveria ser atacado, de dentro pra fora. Nunca o punk foi tão punk. Como Joe Strummer disse em uma entrevista a uma equipe de TV canadense em 1979: “Ou você dá tudo o que tem ou desiste!”. Sem dúvida nenhuma, o Clash ainda é a única banda que importa.
Joe Strummer faleceu subitamente no dia 22 de dezembro de 2002, vítima de um ataque cardíaco.
Fonte: muzplay.net e universoretro.com.br
Fotos: Google Imagens