Retirada dos inservíveis visa diminuir os pontos de criadouros do Aedes aegypti nas cidades, que estão entre as seis com o maior índice de infestação do mosquito no DF
Adriana Izel, da Agência Brasília | Edição: Claudio Fernandes
Uma ação conjunta entre órgãos do Governo do Distrito Federal (GDF) iniciou, nesta segunda-feira (27), o recolhimento de lixos nas ruas das Estâncias 3 e 5 de Planaltina e da Quadra 6 do Paranoá. O trabalho visa retirar inservíveis de dentro das casas para evitar pontos de criadouro do mosquito Aedes aegypti, causador da dengue e de outras doenças como zika, febre amarela e chikungunya.
As duas regiões administrativas estão entre as seis com o maior índice de infestação predial (IIP) do mosquito, segundo os dados de janeiro do Levantamento Rápido de Índices para o Aedes aegypti no Distrito Federal (LIRAa). O Paranoá ocupa a terceira posição e Planaltina, o sexto lugar. O índice das cidades está dentro do que é considerado alerta de médio risco.
“O nosso objetivo é tirar de dentro das residências os inservíveis para ver se a gente consegue abaixar o índice, que deu muito alto. Antes da ação, passamos avisando e alertando a população de que estaríamos recolhendo o lixo”, afirma a supervisora da Vigilância Ambiental de Planaltina, Eliana Braz. Os agentes rodaram a região na semana passada para avisar sobre a retirada dos lixos.
Em Planaltina, dois caminhões circularam pelas Estâncias 3 e 5 nesta segunda-feira recolhendo os descartes deixados nas portas das residências. A atividade contou com atuação da Vigilância Ambiental, Serviço de Limpeza Urbana (SLU), Polo do GDF Presente e administração regional.
“Essa é uma das áreas que têm a maior quantidade de lixos e inservíveis. Se as pessoas ajudarem, vai diminuir muito a dengue, além de melhorar o visual da cidade”, analisa a chefe de limpeza do Núcleo de Planaltina do SLU, Joaquina Fonseca da Silva.
População engajada
O comerciante Frano Medeiros, 41 anos, tem uma papelaria em Planaltina. Para ele, a ação do GDF é muito importante para melhorar as vendas no comércio e evitar que a população adoeça. “Isso que está sendo feito ajuda a diminuir a questão do lixo e da dengue, e deixa a cidade mais limpa”, afirma.
“Não adianta a gente só cobrar o governo, se a nossa parte não é feita. Essa limpeza é melhor para mim, mas também para as crianças e todos os moradores, porque ajuda a reduzir o fluxo de casos de dengue”, completa.
A dona de casa Elizabeth Santana Barbosa, 57, chegou a ter a doença e estava preocupada com os riscos de uma nova infecção, já que o terreno ao lado da residência acabou virando espaço de descarte. “(A ação do governo) Facilitou demais porque alugar um container ou uma carreta fica muito caro. Aqui em casa, estávamos com um depósito de garrafas que não tínhamos onde botar. Juntava rato, escorpião, mosquito… Já estávamos em pânico, sem saber o que fazer”, conta. “Vou ficar livre dos entulhos e sem pagar nada. É bom demais”, comenta.
Edilio Romualdo da Silva, 65, é dono de uma borracharia na Estância. Toda sexta-feira, ele retira os pneus parados do local, então a ação permitiu o descarte facilitado. “É muito bom, porque eu tinha que levar sempre para o SLU. Como eu já vi casos de dengue por aqui, eu mantenho a borracharia sempre limpa. É bom para todos”, define.
O responsável pela gerência da Diretoria de Obras da Administração Regional de Planaltina, André Luiz Moreira da Silva, diz que o recolhimento do lixo auxilia a conter a contaminação por dengue na RA. “Esses lixos juntam água e vão proliferando o mosquito. Isso vai se agravando e aumentando os casos. Com esse trabalho, vamos reduzir a questão da dengue na cidade”, revela.
Enfrentamento ao mosquito
De segunda até quarta-feira (1º), a região do Paranoá terá o recolhimento dos inservíveis nas quadras 6, 8 e 10. A ação faz parte de um trabalho de zeladoria da administração regional em parceria com SLU, Polo do GDF Presente, Novacap e Secretaria de Administração Penitenciária (Seape).
A chefe da Vigilância Ambiental do Paranoá, Zeneide Duarte, conta que desde a semana passada os agentes estão avisando a população. “É muito importante porque retira de dentro dos lotes todo esse material que acumula água. Se todo mundo tirar, vai baixar bastante o número de casos”, defende.
Serão três dias de retirada de lixo e entulho. No primeiro dia, em apenas meia hora, três caminhões ficaram lotados com materiais descartados na Quadra 6, segundo o administrador regional do Paranoá, Wellington Santana.
“O objetivo é combater a proliferação do mosquito da dengue, tendo em vista a grande incidência em Brasília e também por conta do período de chuvas. Temos certeza que está sendo bem-sucedido e vai diminuir a incidência do mosquito na nossa região”, destaca o administrador.
Mas Zeneide alerta que “a vigilância tem que ser o ano todo”. “É importante que, uma vez por semana, todo mundo tire dez minutos para dar uma volta no quintal, ver o que está acumulando água e retirar”.
Confira dicas na hora de vistoriar a casa
– Mantenha tonéis e barris de água bem tampados
– Estique bem as lonas usadas para cobrir objetos ou entulhos
– Mantenha a caixa d’água bem fechada e coloque uma tela
– Remova folhas, galhos e tudo que possa entupir as calhas
– Não deixe água acumulada na laje
– Encha os pratinhos de vasos de plantas com areia até a borda
– Lave os pratinhos de vasos e plantas com escova, água e sabão
– Troque a água dos vasos de plantas aquáticas e lave com escova, água e sabão
– Coloque o lixo em sacos plásticos e mantenha a lixeira bem fechada
– Não deixe água acumulada em folhas secas e tampas de garrafa
– Mantenha as garrafas com a boca virada para baixo
– Acondicione pneus em locais cobertos
– Faça manutenção de piscinas ou fontes utilizando produtos químicos apropriados
– Feche bem as lixeiras e deixe fora do alcance de animais
– Mantenha os ralos fechados ou coloque uma tela fina para impedir o mosquito
– Tampe e verifique os vasos sem uso ou pouco usados
– Lave os tanques de armazenamento de água com escova e sabão
– Limpe a bandeja do ar-condicionado e da geladeira para evitar o acúmulo de água
– Cheque o acúmulo de água em outros objetos