Aumento da safra é motivado por parceria entre agricultores e a Emater-DF, que orienta produtores e evita o surgimento de pragas
Lúcio Flávio, da Agência Brasília | Edição: Claudio Fernandes
A produção de feijão se destaca no DF. Segundo levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), tendo como base o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), a primeira safra do grão aumentou 50%, tendo crescido de 16.200 toneladas em 2021 para 24.300 toneladas em 2022.
“O período da primeira safra trata-se do início do plantio, é a estação das águas, quando as condições climáticas são bem mais favoráveis para tal prática. Geralmente inicia no mês de outubro, seguido por novembro e dezembro”, explica o gerente agropecuário da Emater-DF, Alessandro Rangel. “Como o preço da soja e do milho apresentou uma estagnação com relação à safra passada, muitos produtores resolveram aumentar a área de feijão nesta safra”, contextualiza o técnico.
Segundo levantamento da Emater-DF, atualmente existem no DF quase 600 produtores de feijão cadastrados, desde o produtor familiar até o empresarial. Um desses agricultores é o gaúcho de Ijuí, interior do Rio Grande do Sul, Jorge Kanheski. No Distrito Federal desde meados dos anos 80, o produtor rural de Planaltina tem visto sua plantação de feijão crescer ano a ano na região. Em 2022, sua safra do grão foi uma das mais exitosas.
“Desde 86 que começamos a mexer com o plantio de feijão aqui, mas em áreas pequenas”, conta o patriarca do clã Kanheski, descendente de imigrantes poloneses. “Na época demandava muita mão de obra. Não tinha máquina apropriada para fazer colheitas no sistema que fazemos hoje, quando a colheitadeira faz tudo, entrega o grão limpinho”, diz.
O ciclo do plantio do feijão até a colheita dura três meses, comenta o agricultor, que plantou seus grãos em 10 de novembro de 2022. Na sua propriedade rural, Jorge também cultiva milho e soja. “Sempre plantei soja e milho. A cultura da soja é mais fácil de manusear; plantar feijão é um pouco arriscado por causa da chuva, o feijão é uma cultura mais exigente”, detalha o produtor, que este ano espera bater o recorde de colheita, com a previsão de 60 toneladas de feijão. “Esperamos superar a meta do ano passado, que foi de 56 toneladas. Temos potencial para chegar a 600 sacas”, avalia.
Se a colheita é boa, eleva o preço do feijão. O gerente agropecuário Alessandro Rangel conta que, no ano passado, a saca de 60 kg era comercializada por volta de R$ 270. Em 2023, o ano mal começou e a saca está custando por volta de R$ 370. O produtor de grãos Jorge Kanheski revela que, com a ajuda do astro rei, pretende fazer a colheita de sua safra agora, entre o final de janeiro e o começo de fevereiro.
“Se tiver sol, em dois dias a colheita está completa”, comenta. “Fazemos a venda interna e vende bem. A procura no dia da colheita é grande, é anunciar que vai colher e o comprador já vem, classifica, vê quanto vai dar. Se a safra for boa, o negócio é garantido”, orgulha-se.
Parceria e apoio
O Governo do Distrito Federal (GDF) tem contribuído para o aumento da produção do feijão no DF em duas frentes. Uma delas é por meio das visitas técnicas sistemáticas de especialistas da Emater-DF, que auxilia o produtor de grãos com consultoria. Graças às orientações desses profissionais capacitados, foi possível, por exemplo, implantar a técnica do “vazio sanitário”, que tem impacto direto na produção de grãos, sobretudo do feijão.
“É uma campanha que incentiva o produtor a não fazer o plantio por um determinado período, evitando, assim, a proliferação de moscas brancas e viroses da cultura”, explica o gerente agropecuário da Emater-DF Alessandro Rangel. “Muita gente saiu de atividade por aqui por causa dessas pragas. Depois que foram implantados esses ‘vazios sanitários’, hoje está tranquilo, sofremos menos pressão de doenças, porque é uma técnica que impede que elas [viroses] completem seu ciclo”, apoia Gustavo Kanheski, o agrônomo da família.
Outra política pública que tem contribuído para o aumento da produção de grãos no DF é o Pró-rural, que diminui tributos estaduais sobre a comercialização. “O produtor hoje está muito atento ao mercado futuro”, destaca Alessandro.