Briga pelo GDF embola a um mês do prazo final das chapas

A menos de um mês para o registro dos nomes que irão disputar o Palácio do Buriti, negociações e alianças ainda estão em andamento. A decisão de Ibaneis Rocha em escolher Celina Leão e Damares Alves desagradou parte de aliados

Por Ana Maria Campos, Correio Braziliense

A movimentação do governador Ibaneis Rocha (MDB), ao anunciar a chapa nesta semana, não encerrou a possibilidade de novas mudanças e acordos de última hora que podem embaralhar o jogo político. Falta ainda um mês para o prazo final de registro das candidaturas. Até 15 de agosto, o suspense permanece em várias peças do xadrez político.

Com o quadro tão confuso, com embates internos que podem alterar composições e até inviabilizar candidaturas, há muitos arranjos políticos em discussão. Ainda não há certeza sobre a candidatura do ex-governador José Roberto Arruda ao Palácio do Buriti, o senador José Antônio Reguffe (União) diz que não concorrerá a qualquer custo e há quem esteja no páreo ainda sem qualquer aliança. É o caso dos senadores Izalci Lucas (PSDB) e Leila Barros (PDT) e do ex-secretário de Educação Rafael Parente (PSB).

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Nem mesmo a chapa anunciada pelo governador Ibaneis Rocha (MDB), com a deputada Celina Leão (PP) como vice e a ex-ministra da Família, Mulher e Direitos Humanos Damares Alves como candidata ao Senado pode ser considerada definitiva.

Quando fez o anúncio, Ibaneis disse que não fechou as portas para novos acordos, mas estes agora seriam definidos em outro patamar. “Eu entro hoje nessa sala com o coração livre, liberto de qualquer acordo que eu fiz no passado e daqui para frente quem quiser tratar de qualquer caminho — e o caminho está sempre aberto — vai ter que sentar e fazer um novo acordo”, discursou na sede nacional do PP, na noite de quarta-feira.

A deputada federal Flávia Arruda (PL-DF) era a pré-candidata ao Senado na chapa de Ibaneis e chegou, inclusive, a ser convidada para ser vice. A aposta de Ibaneis era de que, reunindo os partidos da base do presidente Jair Bolsonaro, teria possibilidade de levar a reeleição no primeiro turno. Surgiu, então, a possibilidade de Arruda disputar a eleição.

A disputa entre Ibaneis e Arruda desagrada a interlocutores dos dois lados que terão de tomar partido. As duas candidaturas, além de racharem uma base política, colocará antigos aliados em guerra. Ontem, por exemplo, já circulavam nas redes sociais ataques de lado a lado, sem identificação de autorias.

Com a mexida do xadrez político, o presidente Jair Bolsonaro pode ter dois palanques do Distrito Federal, com as candidaturas de Ibaneis e Arruda. Mas o chefe do Palácio do Planalto não avalizou a aliança de partidos aliados, e uma ação dele ainda pode alterar o quadro.

Ibaneis sabe disso. Por esse motivo, o governador, em seu discurso, elogiou o presidente e sua gestão, assegurou que será leal na campanha e agradeceu os recursos transferidos pelo governo federal para o DF.

Incentivo

Aliado de Ibaneis, o ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, é o avalista da aliança entre o governador, o PP e o Republicanos. Foi ele, aliás, quem incentivou Damares a escolher o Distrito Federal como domicílio eleitoral e se candidatar ao Senado, o que atrapalhou Flávia Arruda na base bolsonarista.

O casal Arruda, em conversa com aliados ontem, comentava que Ibaneis perdeu nessa jogada o partido do presidente que no DF é o mais forte.

O PL tem quatro deputados distritais: Agaciel Maia, Daniel Donizet, Roosevelt Vilela e Reginaldo Sardinha. Além disso, teve a deputada federal mais votada, Flávia Arruda, que pontua bem nas pesquisas ao Senado.

Na concorrência

Ibaneis Rocha (MDB)
O governador anunciou a chapa à reeleição com a deputada federal Celina Leão (PP-DF) como vice-governadora e a ex-ministra da Família, Mulher e Direitos Humanos Damares Alves (Republicanos) ao Senado. Reúne, assim o MDB e dois partidos da base bolsonarista. Pretende dar um palanque para o presidente Jair Bolsonaro, embora o MDB tenha candidatura própria à Presidência, com a senadora Simone Tebet.

José Roberto Arruda (PL)
No partido de Jair Bolsonaro, o ex-governador José Roberto Arruda é o candidato preferido pelo presidente para concorrer ao Palácio do Buriti. Mas ele ainda não decidiu a qual cargo concorrerá. Se disputar o GDF, Arruda vai buscar uma aliança com o PSD, do empresário Paulo Octávio, com o PSDB, do senador Izalci Lucas, e com o União Brasil, de José Antônio Reguffe. Arruda conta ainda com a parceria do Patriota.

José Antônio Reguffe (União Brasil)
No União Brasil, o senador José Antônio Reguffe tem o maior tempo de televisão para se apresentar ao eleitorado como candidato. Reguffe tem discutido uma possível aliança com o Podemos, Novo, PSC e Cidadania, mas precisa de decisões internas desses partidos para fechar um acordo. Também tem conversado com o PSB, de Rafael Parente, que pode ser seu vice. Existe ainda a possibilidade de Reguffe ter como vice o presidente regional do União Brasil, o advogado Manoel Arruda. Um dos possíveis candidatos ao Senado é o advogado Paulo Roque (Novo).

Leandro Grass (Federação PT-PV-PCdoB)
Deputado distrital em primeiro mandato, Leandro Grass (PV) conseguiu se consolidar como o candidato ao governo da federação do ex-presidente Lula. Terá a professora Olgamir Amancia (PCdoB) como vice e a diretora do Sindicato dos Professores (Sinpro) Rosilene Corrêa como candidata ao Senado. Vai tentar crescer com a ajuda da popularidade de Lula. Mas, assim como os concorrentes identificados com Bolsonaro, puxará também a rejeição da polarização nacional.

Rafael Parente (PSB)
Pré-candidato do PSB, Rafael Parente é PHD em educação e foi secretário do governo Ibaneis Rocha. Mas vai concorrer pelo partido do ex-governador Rodrigo Rollemberg. Ele tentou construir alianças e puxar para sua chapa os representantes dos partidos da federação PT-PV-PCdoB, mas queria ser cabeça de chapa. Também tem diálogo aberto com Reguffe para compor uma parceria como vice. Cresce, no entanto, no PSB a proposta de lançar Parente ao governo, mesmo que em chapa puro-sangue, sem uma coligação.

Keka Bagno (Federação PSol-Rede)
A federação PSol-Rede abriu mão de candidatura presidencial para apoiar Lula, mas manteve projetos de disputar governos estaduais como forma de fortalecer os discursos do partido. No DF, a assistente social Keka Bagno (PSol) concorrerá ao governo, com um vice do mesmo partido, Toni de Castro. O dirigente nacional da Rede Sustentabilidade Pedro Ivo será o candidato ao Senado.

Izalci Lucas (PSDB)
O senador Izalci Lucas (PSDB) trabalha desde a eleição anterior para ser candidato ao governo do Distrito Federal. Em 2018, ele não teve o apoio do partido para a corrida ao Palácio do Buriti e acabou concorrendo ao Senado. Hoje, como senador, enfrenta um embate na federação PSDB-Cidadania para viabilizar a sua candidatura. Presidente do Cidadania, a deputada Paula Belmonte prefere uma aliança com o senador José Antônio Reguffe em que concorra como vice ou candidata ao Senado.

Leila Barros (PDT)
A senadora Leila Barros saiu do PSB, migrou para o Cidadania e acabou no PDT, onde foi lançada pré-candidata ao governo do DF. É um importante palanque para o presidenciável de seu partido, Ciro Gomes. Mas não fechou alianças locais. Se mantiver a candidatura, deverá ter como vice o ex-presidente da Câmara Legislativa Joe Valle.

Lucas Salles (DC)
O professor Lucas Salles e a professora Suelene Balduino terão as candidaturas a governador e a vice-governadora, respectivamente, confirmadas na convenção do partido Democracia Cristã (DC), em 31 de julho. O nome da legenda para a corrida ao Senado ainda não foi anunciado.

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