Lobista investigado pela PF encontrou-se com Adroaldo Portal acompanhado de representante do setor de empréstimos consignados
Com informações do Metrópoles
O atual secretário executivo do Ministério da Previdência Social, Adroaldo da Cunha Portal (PDT), recebeu em seu gabinete o lobista Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido como Careca do INSS, em reunião não registrada na agenda oficial. O encontro ocorreu em 13 de março de 2023 e contou com a presença de um representante de correspondentes bancários que atuam com empréstimos consignados.
Apontado pela Polícia Federal como um dos principais operadores da “Farra do INSS”, Antunes é investigado por envolvimento em esquemas de descontos indevidos em benefícios previdenciários. A reunião com Adroaldo Portal foi revelada por registros de entrada e saída obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação. O lobista permaneceu no prédio por 30 minutos, entre 10h37 e 11h07.
Na época da reunião, Portal era secretário do Regime Geral da Previdência Social. Ele alegou que não conhecia o lobista e que o recebeu após ser informado por uma assessora sobre a solicitação de reunião por um representante do setor de correspondentes bancários. Segundo Portal, o tema discutido foi a redução do teto de juros do empréstimo consignado do INSS.
O encontro ocorreu poucas horas antes da reunião do Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS), que deliberou sobre a redução dos juros do consignado. Portal integrava o colegiado. Questionado sobre a ausência do compromisso no sistema e-Agendas, o secretário afirmou que houve uma “falha de agenda”, pois estava no início da sua gestão.
Adroaldo Portal foi nomeado secretário executivo da Previdência Social em 22 de maio de 2025, após a saída de Carlos Lupi, exonerado em meio às investigações da Operação Sem Desconto. A ação da Polícia Federal investiga um esquema de fraudes e supostos pagamentos de propina a ex-dirigentes do INSS, com desvio de dados de beneficiários e cobrança indevida de mensalidades associativas.
Segundo a PF, entidades ligadas ao esquema movimentaram cerca de R$ 1,3 bilhão entre 2021 e março de 2025. Antonio Antunes é investigado por repassar dados de segurados a essas entidades e por suposto pagamento de propina a três ex-dirigentes do INSS: Virgílio Oliveira Filho, André Fidelis e Alexandre Guimarães.