TENÇÃO: esse texto pode trazer conteúdos SENSÍVEIS por abordar um caso real.
Rio de Janeiro, 1991. Entre os meses de abril e dezembro daquele ano, Marcelo Costa de Andrade entraria para a história dos arquivos criminais brasileiros com o nome de “Vampiro de Niterói”. Neste período, ele foi responsável por matar 14 meninos de 5 a 13 anos e manter relações sexuais com os cadáveres.
Marcelo ficou conhecido pela brutalidade e sadismo na maneira que lidava com suas vítimas. Em uma entrevista para a Folha de S. Paulo, chegou a comentar para o repórter Sérgio Torres sobre a vez em que lambeu o sangue que escorrida da cabeça de um dos corpos. “Ele tinha pernas bonitas. Bebi para ficar bonito igual”, destacou.
A vida do Vampiro de Niterói
(Fonte: Arquivo Pessoal/Divulgação)
Antes de se tornar o Vampiro de Niterói, Marcelo de Andrade teve uma infância muito conturbada. Filho da empregada doméstica Sônia Xavier Costa, o garoto era obrigado a ver sua mãe sendo espancada diariamente pelo pai, balconista de um bar. O relacionamento ficou tão desgastado que, aos cinco anos, seus pais se separaram e ele foi obrigado a morar com os avós no Ceará.
Lá ficou até os 10 anos, quando sua mãe decidiu trazê-lo de volta ao Rio de Janeiro. Costumava dividir seu tempo entre os domicílios da mãe e do pai, mas depois de um tempo decidiu sair de casa e passou a morar na rua, sobrevivendo da prostituição. Apesar de não gostar da vida que vivia, Marcelo utilizava o dinheiro para sobreviver e guardava o resto para viajar.
Anos mais tarde, entrou em um relacionamento com um porteiro de um prédio, arranjou emprego fixo, voltou a morar com a mãe e passou a frequentar a igreja evangélica. Porém, por mais que sua vida parecesse estar ajustada, foi nessa época que seu lado psicopata começou a aflorar.
As vítimas do Vampiro de Niterói
(Fonte: Rede Globo/Reprodução)
A série de assassinatos causados pelo Vampiro de Niterói começou quando Ivan, um garoto de 6 anos, foi encontrado morto em um esgoto vestindo apenas uma bermuda. Em primeiro momento, os investigadores acreditaram se tratar de um caso de afogamento, mas a autópsia comprovou que o menino havia sido asfixiado e sofrido violência sexual.
Nos depoimentos, o irmão da vítima, Altair, confessou que um homem teria molestado e assassinado Ivan. A polícia utilizou o episódio para reconstruir a cena do crime e recolher mais informações sobre o assassino em potencial. Não demorou muito para que Marcelo assumisse a autoria do crime, afirmando estar surpreso com a lentidão das autoridades no processo.
Ao chegar na delegacia, o Vampiro de Niterói fez questão de confessar ter matado mais 13 crianças além da vítima encontrada no esgoto, descrevendo com frieza os detalhes de todos os acontecimentos. Segundo ele, tudo teria sido realizado em um curto período de oito meses.
Início dos assassinatos e julgamento
(Fonte: Rede Globo/Reprodução)
De acordo com o relato fornecido por Marcelo de Andrade, o primeiro crime teria acontecido em abril de 1991, quando voltada de um dia de trabalho. Na época, ele cruzou com um garoto vendedor de doces na avenida e ofereceu dinheiro para que a criança o ajudasse com um “ritual religioso”.
O discurso foi apenas uma desculpa para levar o menino até um matagal, onde tentou abusá-lo, mas teve resistência. Então, Marcelo agrediu a vítima com uma pedra e posteriormente a estuprou. Porém, foi o segundo assassinado que lhe rendeu o apelido de Vampiro de Niterói.
Com apenas 11 anos, Anderson Gomes Goulart sofreu o mesmo destino cruel do primeiro garoto. Nesse dia, o assassino em série decidiu armazenar o sangue que escorria da cabeça do cadáver em uma vasilha para poder bebê-lo depois.
Após as confissões, Marcelo de Andrade não foi julgado por nenhum dos crimes cometidos. De acordo com a justiça, o indivíduo sofria com problemas neurológicos e, por isso, era irresponsável pelos seus delitos. Em 1992, aos 25 anos, o assassino foi encaminhado para um hospital psiquiátrico.
Onde está o Vampiro de Niterói hoje
(Fonte: Wikimedia Commons)
Até os dias de hoje, Marcelo é mantido sob avaliação em uma instituição de auxílio psiquiátrico, onde realizam exames psicológicos de 3 em 3 anos para decidir se ele foi curado de um quadro de loucura ou não. Em outubro de 2017, a defesa do criminoso entrou com um pedido para que ele fosse liberado.
Porém, o pedido acabou sendo negado. Na visão da promotoria e do laudo médico apresentado pelo Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico Henrique Roxo, onde estava internado, Marcelo ainda não possui capacidade para ser reintegrado à sociedade sob hipótese alguma.
Nascido no dia 2 de janeiro de 1967, o Vampiro de Niterói completou 54 anos em 2021. Seu caso virou trama para a série documental do UOL O Vampiro de Niterói (2020), que detalha os acontecimentos que chocaram o Brasil durante seis episódios.
Fonte: Megacurioso