O Festival Raro de Cinema começa nesta terça-feira (29) no Cine Brasília, com apoio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal (Secec-DF). Pioneira no país, a mostra busca conscientizar o público sobre a realidade de pacientes com patologias raras e a luta por inclusão na sociedade. A programação reúne nove obras e segue até sexta-feira (1º), com sessões às 9h30, às 14h e às 16h. A entrada é gratuita.
Esta é a primeira mostra de filmes no Brasil focada exclusivamente em produções sobre condições raras. Segundo o jornalista Guilherme Vicente de Morais, idealizador e curador do festival, são abordados os desafios inerentes às enfermidades, como diagnósticos frequentemente tardios, tratamentos limitados, dificuldade no acesso a medicamentos e falta de informações adequadas, além dos impactos psicológicos ao paciente e familiares.
“Busquei filmes com representações verdadeiras e, ao mesmo tempo, com recursos de acessibilidade”, comentou Morais. “São obras que trazem a realidade clínica do paciente, mas que também têm qualidade cinematográfica e um olhar sensível sobre as doenças raras, que mostram o lado emocional da jornada entre a suspeita e o diagnóstico. Esse costuma ser o grande gargalo, porque o diagnóstico é fechado muito tardiamente, às vezes demora cinco, sete anos, devido ao desconhecimento dos sintomas.”
Mais de 8 mil doenças raras são catalogadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS). As patologias são crônicas, progressivas e degenerativas, como, por exemplo, a distrofia muscular de Duchenne, alteração genética congênita que afeta a musculatura esquelética e cardíaca, e a esclerose lateral amiotrófica (ELA), condição neurodegenerativa progressiva que afeta os neurônios responsáveis pela inervação dos músculos.
Para o curador da mostra, embora o número de pessoas afetadas seja elevado, o tema ainda é insuficientemente debatido. “Mais de 13 milhões de pessoas no país têm uma doença rara e, no DF, pelo menos 5% da população faz parte desse grupo. A nossa expectativa é que o festival gere empatia e conscientização, que quem vier assistir a algum filme saia com uma visão mais ampla, que se sinta tocado com as histórias retratadas. É um tema urgente que precisa ser discutido de forma massiva porque, neste caso, a informação salva vidas”, observa.
Os filmes contam com recursos de acessibilidade, como audiodescrição, tradução em libras e legendas em português. A classificação indicativa é de 14 anos. Entre os títulos, há os documentários A Planta, de Bento Brant, e Tin Soldiers, de Odette Schwegler, além dos longas A História de Cada Um, de Pedro Henrique Moutinho, e Ilegal, de Rapha Erichsen e Tarso Araújo.
Serviço
Festival Raro de Cinema
Local: Cine Brasília 106/107 Sul
Data: 29/10 a 1º/11
Programação completa: www.rarotalks.com.br/festivalrarodecinema