FONTE: MEGA CURIOSOS
Há 13 mil anos, enquanto mamutes gigantes vagavam pelas Américas, o povo Clóvis explorava essas criaturas como fonte essencial de sobrevivência. Uma pesquisa recente revelou que esses antigos habitantes da América do Norte eram especialistas em caçar e consumir megafauna, especialmente mamutes, o que não só moldou sua dieta, mas também impulsionou sua expansão pelo continente.
A análise isotópica de um menino de 18 meses, conhecido como Anzick-1, trouxe novas perspectivas sobre a relação entre esses humanos e os mamutes, mostrando que a carne desses animais representava impressionantes 40% da dieta do grupo.
Caçadores de herbívoros
Os Clóvis, famosos por suas ferramentas sofisticadas e armas de projéteis, viviam em um vasto território que ia do Canadá ao México. No entanto, as evidências mais diretas sobre sua dieta vieram de ossos descobertos em Montana, onde Anzick-1 foi enterrado há cerca de 12.800 anos.
Estudos isotópicos do esqueleto revelaram que sua mãe, e provavelmente todo o grupo, dependiam principalmente de grandes herbívoros para alimentação, incluindo mamutes, alces e bisões, enquanto animais menores e plantas tinham pouca relevância no cardápio.
Esse foco em mamutes explica muito sobre como o povo Clóvis conseguiu se espalhar tão rapidamente por todo o continente. Diferentemente de outros caçadores-coletores, que precisavam adaptar suas estratégias às presas menores de cada região, esse grupo se especializou em uma fonte de alimento que era altamente nutritiva e relativamente previsível.
Mamutes eram uma rica fonte de gordura e proteínas e, como migravam por grandes distâncias, permitiam que os Clóvis mantivessem seu estilo de vida móvel, explorando novas áreas sem grandes ajustes na dieta.
Mudanças climáticas e ação humana
A pesquisa também lançou luz sobre a extinção dos mamutes e outras megafaunas do Pleistoceno, cerca de 10.000 anos atrás. Enquanto as mudanças climáticas da época já estavam afetando os habitats desses gigantes, a caça humana pode ter sido um fator adicional que acelerou seu desaparecimento.
De acordo com os pesquisadores, a pressão de caçadores tão eficazes como os Clóvis, somada ao estresse ecológico, criou uma “tempestade perfeita” para o declínio dessas espécies.
Embora a extinção dos mamutes tenha encerrado um capítulo significativo da história natural, estudos como esse continuam a revelar como a interação entre humanos e megafauna moldou o passado e oferece insights sobre a relação entre mudanças climáticas, ação humana e biodiversidade.
Os dados isotópicos de Anzick-1 indicam ainda que o modo de vida dos Clóvis era altamente adaptável e flexível. Ao transportar ferramentas e focar em grandes presas, eles exploraram amplos territórios, demonstrando uma estratégia de sobrevivência e profundo entendimento do ambiente.
Assim, os Clóvis, com suas ferramentas, suas habilidades de caça e seu apetite por mamutes, deixaram uma marca indelével na história das Américas — e no mundo que herdamos.