Como uma bomba da 2ª Guerra Mundial explodiu agora? Entenda

Estudo mostra que explosivos se tornam mais sensíveis com o passar do tempo

FONTE: CNN BRASIL

A explosão de bombas não-detonadas da Segunda Guerra Mundial, como a que aconteceu no Japão na quarta-feira (2), representa um risco para a população civil dos países que engajaram no conflito — mesmo que a guerra já tenha acabado há quase 80 anos.

Esse tipo de explosão ocorre, normalmente, quando alguma movimentação externa aciona o detonador desses equipamentos.

Essa realidade se tornou, inclusive, um problema recorrente durante obras urbanas em Londres ou em Berlim, onde há serviços privados especializados em identificar dispositivos da Segunda Guerra.

Ainda assim, os casos de explosões sem qualquer gatilho aparente estão se tornando cada vez mais comuns. E a explicação para isso está na composição química desses dispositivos.

A maioria deles é composta por Amatol, uma mistura de TNT com nitrato de amônio. Um estudo publicado na revista científica britânica “The Royal Society of Chemistry” identificou que matéria prima se torna instável com o passar do tempo. Quanto mais velha for uma bomba de Amatol, maior a chance de uma detonação indesejada.

Não se sabe, entretanto, se a bomba detonada no Aeroporto de Miyazaki havia sido fabricada com Amatol. Durante a Segunda Guerra, antes de servir à aviação civil, o aeroporto era uma base militar japonesa que foi alvo de dezenas de ataques da Força Aérea Americana.

Cruz Vermelha faz apelo por controle de explosivos

Os explosivos não-detonados de guerras que já se extinguiram causam milhares de mortes todos os anos.

Um relatório publicado pela Campanha Internacional pelo Fim dos Explosivos Terrestres mostra que 1.661 mil pessoas morreram e outras 3.015 ficaram feridas em decorrência de bombas ou minas terrestres não-detonadas apenas em 2022, o último ano com dados disponíveis.

As explosões ocorreram em 49 países, se tornando uma “causa indiscriminada de ameaças que continuam a causar prejuízos globalmente”, afirma o relatório.

O Direito Internacional Humanitário exige que os países responsáveis por esse tipo de armamento tomem medidas para proteger a população civil do risco e dos efeitos de explosivos não-detonados, tanto antes quanto depois do conflito.

Adversários também precisariam identificar, marcar, monitorar e retirar os explosivos de uma área contaminada com risco de causar danos civis.

Num comunicado, o Comitê Internacional da Cruz Vermelha fez um apelo público a qualquer país ou agente não-estatal responsável por esse tipo de armamento:

“É necessário facilitar as operações humanitárias, dando acesso e permissão para que as equipes tragam o equipamento necessário para retirar os explosivos — uma tarefa de proporções gigantescas, especialmente quando o conflito está em andamento. Todos os envolvido precisam proteger os civis e suas comunidades”, escreve o Comitê.

 

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