Celebrar a vida de quem acabou de nascer e foi salvo pelo leite materno. Na confraternização de fim de ano dos 14 bancos de leite distribuídos pelo DF, a comemoração é conjunta: mães, profissionais de saúde e doadoras comemoram a parceria durante o processo de amamentação dos pequenos que chegaram ao mundo.
Nesta sexta-feira (6), a ceia de Natal foi da equipe do Hospital Regional de Taguatinga (HRT), umas das unidades referência no Banco de Leite Humano (BLH). “Há mais de 20 anos a gente tem a festa de natal das doadoras de leite materno, que acontece sempre na primeira semana de dezembro. Fazemos uma homenagem para elas, uma festa de gratidão pelo o que fazem”, conta a enfermeira e coordenadora do Centro de Referência em Banco de Leite Humano do DF, Graça Cruz.
“A equipe do banco de leite não cuida só da mãe e do bebê, mas também do psicológico de todos. Ela via que a minha esposa estava abalada e a cada conquista fazia uma festa”
Nathan Lucas Soares, marido de Karoline Pereira, atendida no HRT
Durante o evento, todas as doadoras, tanto antigas quanto atuais, além de parceiros e voluntários da causa, são convidadas a celebrar. As voluntárias promovem atividades especiais, como sessões de auriculoterapia, maquiagem e tranças de cabelo para as mães e familiares presentes.
Evento em Taguatinga
O BLH do HRT nasceu em 1978, por meio de um grupo de médicos e de integrantes do Rotary Club, associação de clubes de serviços cujo objetivo é unir voluntários a fim de prestar serviços humanitários. As primeiras doações vieram da Casa da Amizade de Taguatinga, organização que tem por objetivo levar ações sociais para a população. Com mais de 40 anos de parceria, o Rotary cede, todos os anos, a sede de Taguatinga Norte para a comemoração.
“Nada mais especial do que reunir todo mundo: os profissionais, pessoas que já passaram pelo BLH e que deixou uma história e o Rotary, que foi um dos pioneiros e que ajudou a fundar o banco de leite no HRT”, celebra a chefe do banco de leite do HRT, Natália Conceição. “Eu gosto de pensar que a nossa vida é uma plantação e uma colheita, e eu vejo esse momento como um grande colheita: estamos vendo frutos que vão prosperar e crescer.”
Suporte às famílias
Karoline Pereira, 23, tem muitos motivos para celebrar todo o acolhimento que recebeu no banco de leite de Taguatinga. O bebê dela nasceu em um hospital em Goiânia, onde ela foi informada que não conseguiria amamentar devido à falta de leite e por questões biológicas. Em Brasília, o diagnóstico foi diferente. Ao chegar ao banco de leite de Taguatinga, a estudante descobriu que tinha fartura de leite e que, apesar do desafio para a pega do bebê no peito, ela conseguiria amamentar.
A estudante chegou ao banco de leite em setembro, muito apreensiva com o filho Piter no colo, que tinha apenas cinco dias de vida. “Ele estava muito magro e já tinha perdido mais de 300 gramas desde o nascimento”, contou. A família passou a ir todos os dias ao banco de leite, e, em um mês recebendo o apoio da equipe, o bebê de Karoline recuperou todo o peso de quando nasceu. “Com paciência e carinho pela equipe do hospital, ganhei confiança para amamentar”, disse. “Eu queria muito amamentar, muito mesmo, e descobri que, com as técnicas corretas, era possível. As meninas me ajudaram a realizar esse sonho. Se não fossem elas, eu acho que eu não teria conseguido”.
Símbolo de perseverança e dedicação da família, Piter agora está com 6 quilos. A conquista é reconhecida pelo pai, Nathan Lucas Soares, 22, como um trabalho conjunto e de excelência: “A equipe do banco de leite não cuida só da mãe e do bebê, mas também do psicológico de todos. Ela via que a minha esposa estava abalada e a cada conquista fazia uma festa. Só temos a agradecer por tornarem a maternidade algo mais leve”.