Por Edis Henrique Peres /Ana Isabel Mansur /Pedro Marra, Correio Braziliense
A 28 dias do primeiro turno das eleições de 2022, candidatos ao Palácio do Buriti detalharam ao Correio as propostas dos planos de governo para fomentar a geração de empregos no Distrito Federal. A capital do país tem 15,7% de pessoas que integram a triste estatística do desemprego, o que representa 260 mil brasilienses, de acordo com a última Pesquisa Emprego e Desemprego (PED), relativa a julho, feita pelo Instituto de Pesquisa e Estatística do DF.
Para abrir novas vagas de trabalho, o professor de economia da Universidade de Brasília (UnB) Carlos Alberto Ramos sugere foco no crescimento econômico, sem o qual não há geração de emprego. “É preciso ter estratégias para que empresas de alta tecnologia e especializadas venham para o DF, com investimentos e articulação para empregar recursos humanos de alta qualidade. Precisamos gerar ambiente propício para essas firmas e atrair grupos que produzem pesquisas também, como a medicina de ponta”, exemplifica o especialista. Brasília tem 249 mil trabalhadores autônomos, de acordo com a PED de julho.
Planos
Em busca da reeleição, o governador Ibaneis Rocha (MDB) estabelece a manutenção do programa Qualifica DF, que oferece cursos de qualificação profissional para moradores do DF maiores de 16 anos nas áreas de agronegócio, comércio, saúde, serviços e indústria.
Em um plano com 55 metas para o DF, o empresário Paulo Octávio (PSD) pretende gerar mais de 100 mil empregos no setor privado e reduzir a taxa de desemprego para o menor índice da série histórica. O candidato ressalta que o desemprego gera violência, desagregação social e familiar, além de falta de saúde e alimentação. “Temos que ter sensibilidade com pequenos, médios e grandes empresários no sentido de mostrar à população que se todo mundo ajudar, a gente resolve a questão social”, garante.
Paulo Octávio propõe retomar o Programa de Incentivos do DF para concorrer com outros países, estados e municípios, pela atração de investimentos de empresas e tecnologias. “Empregos são gerados primeiro quando toda a sociedade civil de uma cidade compreende o risco que é ter uma quantidade enorme de pessoas desempregadas. Mesmo com a assistência que o governo dá, muita gente está passando fome”, argumenta.
Candidato do PV, Leandro Grass, da federação PV-PT-PCdoB, pretende desburocratizar a concessão de licenças e autorizações para assegurar créditos e gerar empregos na cidade e no campo. O deputado distrital quer criar a Nova Economia, com base em um fundo de microcrédito “para empreendedores e pequenos produtores rurais. Para isso, estamos desenhando com o Banco de Brasília (BRB) e uma possibilidade da Terracap subsidiar essa proposta”, diz.
Medidas de proteção social são outras iniciativas de Grass, que quer implementar políticas públicas de trabalho e renda para pessoas em vulnerabilidade. “Trata-se de priorizar políticas de proteção e assistência social relacionadas à promoção de condições objetivas e incentivos à qualificação de famílias em situação de miséria, com especial atenção à ampliação da participação econômica das mulheres”, detalha.
Leila Barros (PDT) vai focar na população jovem. Um dos pilares das propostas da candidata para a geração de emprego é a criação de um programa de apoio à primeira ocupação, englobando, ainda, a inserção de pessoas acima de 50 anos no mercado de trabalho. “Em vez de renúncia de receita, essa modalidade inclui a transferência de recursos financeiros para empresas públicas e privadas. A ideia é o governo subsidiar a previdência social desses empregados, o que reduziria o custo desses grupos para o empregador”, explica a senadora. “Para implementar a proposta, precisamos enviar para a Câmara Legislativa do DF um projeto de lei”, completa Leila.
A candidata do PDT ao Buriti quer facilitar o ambiente de negócios no DF, por meio de uma reforma tributária, a ser apresentada logo no primeiro ano de mandato. “Queremos simplificar a instalação de empresas. As questões dos tributos pesam no bolso e dificultam a vida dos empresários. É uma verdadeira guerra fiscal”, critica Leila.
Turismo e educação
Em um plano de 45 metas para os quatro anos de mandato, o senador Izalci Lucas (PSDB), da federação PSDB-Cidadania e PRTB, traça algumas propostas para a geração de emprego. Uma delas é o Cidade Viva, que vai abranger todas as regiões do DF. O político avalia que os turistas que vêm à capital do país encontram quase tudo fechado à noite. “Temos que colocar Brasília viva com turismo rural, cívico, religioso, porque a cidade tem capacidade para receber grandes eventos. Temos público para isso”, reforça.
A fim de incentivar o mercado de trabalho desde a base, Izalci vai propor o Programa Jovens Empreendedores, com a ideia de fomento do BRB. O valor estipulado será compatível com a proposta de cada um para o crédito inicial. “Tudo que Brasília precisa é incentivar os empreendedores e dar condições para as pessoas criarem os próprios negócios”, assegura o candidato.
A candidata Keka Bagno (PSol), da federação PSol-Rede, aposta na relação entre educação e trabalho. Ela propõe fomentar o cooperativismo e o associativismo nos ensinos médio e profissionalizante e pretende integrar a atenção à saúde mental ao projeto econômico.
A conselheira tutelar defende que a economia criativa e solidária tem valor para o crescimento. A candidata ao Buriti quer incluir pessoas que frequentam os centros de atenção psicossocial (Caps) nas oportunidades de emprego. “Com a nossa proposta de renda básica permanente, as pessoas serão integradas a cursos de formação.”