Em tempos de polarização extrema, a cena registrada nesta terça-feira (8) no Plenário do Senado merece destaque. A senadora Damares Alves (Republicanos-DF), uma das vozes mais conservadoras da Casa, fez um elogio público e afetuoso à senadora Leila do Vôlei (PDT-DF), que encerrou seu mandato à frente da Bancada Feminina. O gesto vai além da cortesia parlamentar: mostra que é possível construir pontes, mesmo entre quem ocupa espectros ideológicos opostos.
Damares reconheceu, em tom emocionado, a capacidade de Leila para unir um grupo plural de mulheres, com pensamentos distintos, mas dispostas a trabalhar por um objetivo comum: o Brasil. “Não é um clube da Luluzinha”, ressaltou, desmistificando a ideia de que a bancada feminina seria homogênea. E destacou o papel conciliador de Leila: “Lá nos bastidores, a gente briga porque a gente pensa diferente, mas a gente acaba tomando uma decisão pela maioria e quando chega aqui, às vezes não é nem a decisão que a Leila queria, mas foi a decisão da maioria.”
Ambas são senadoras pelo Distrito Federal e costumam figurar em trincheiras opostas. Ainda assim, curiosamente, não é a primeira vez que Damares tece elogios à colega, o que demonstra que, ao menos entre mulheres do Senado, o diálogo ainda encontra espaço.
Ao passar o bastão para a senadora Dorinha Seabra (União-TO), Leila sai com o respeito até de quem pensa diferente. E, em tempos de tantas guerras narrativas, isso já é uma vitória.
