O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição do neurodesenvolvimento que afeta a comunicação, o comportamento social e a forma como a pessoa percebe e reage ao mundo. No Brasil e em diversos países, cresce a conscientização sobre a importância de adaptar os serviços públicos — especialmente os de segurança — para melhor atender pessoas autistas. Nesse contexto, o papel da Polícia Civil é fundamental.
Pessoas com autismo podem apresentar comportamentos que, à primeira vista, parecem incomuns: evitar contato visual, repetir palavras ou movimentos, demorar a responder ou se agitar em ambientes barulhentos. Em uma situação de ocorrência, esses sinais podem ser mal interpretados como resistência, desobediência ou até suspeição. Por isso, é essencial que o policial esteja preparado para reconhecer essas características e agir com cautela, respeito e técnica.
A capacitação dos servidores públicos para o atendimento de pessoas com TEA já é realidade em algumas corporações estaduais. Em Goiás, por exemplo, foi lançada uma cartilha específica para orientar os policiais civis sobre como abordar de forma segura e humanizada pessoas autistas. No Paraná, policiais participaram de treinamentos com especialistas da área. Em Pernambuco, foi criada uma sala de atendimento adaptada dentro do Instituto de Identificação, pensada para acolher pessoas neurodivergentes.
Além das iniciativas nacionais, diversos países já estabeleceram protocolos específicos. Na Espanha, a Polícia Nacional firmou acordo com entidades ligadas ao autismo para criar diretrizes de abordagem. Nos Estados Unidos, alguns departamentos desenvolveram salas sensoriais e distribuíram cartões de identificação para que pessoas autistas possam sinalizar sua condição aos policiais. No Reino Unido, alert cards e pulseiras ajudam os agentes a ajustar suas condutas desde o primeiro contato.
Todas essas iniciativas mostram que o preparo da força policial não é apenas desejável: é necessário. Um policial capacitado reduz os riscos de conflito, fortalece o vínculo com a comunidade e assegura os direitos de todos os cidadãos — especialmente os mais vulneráveis. Além disso, o atendimento correto pode evitar traumas e garantir que a pessoa autista se sinta segura e compreendida.
A Polícia Civil do Distrito Federal pode e deve assumir protagonismo nesse processo, integrando conhecimentos técnicos sobre o TEA em seus cursos de formação e reciclagem, estabelecendo protocolos padronizados de atendimento e construindo parcerias com instituições especializadas.
Conscientizar-se sobre o autismo é, portanto, uma atitude de responsabilidade institucional e compromisso com a dignidade humana. Mais do que conhecer o tema, é necessário agir com preparo e sensibilidade. Isso fortalece a imagem da polícia, promove justiça e assegura que todos sejam tratados com o respeito que merecem.
Segurança pública se constrói também com empatia, conhecimento e inclusão.
Assessoria de Comunicação – ASCOM/PCDF
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