ENTREVISTA: Paulão da Estrutural fala sobre o Tijolo Solidário e a Água

Paulo Batista dos Santos, nasceu em Brasília, é especialista em economia solidária e idealizador do Projeto Tijolo Solidário.

BSB. Paulão da Estrutural, hoje é o Dia Mundial da Água, o que você tem para nos falar referente ao projeto Tijolo Solidário e a Água?

PE. O nascimento do Tijolo Solidário vem de encontro em que, anos atrás, tive acesso aos laudos técnicos do antigo lixão da Estrutural, onde demonstraram 07 lençóis freáticos atingidos pelo acúmulo de entulhos, lixos orgânicos etc… Se caso o GDF não tomasse urgente alguma providência, certamente, perderíamos várias nascentes localizadas naquela área territorial.

BSB. Saiu hoje no DODF, a autorização para o IBRAM continuar a terceira e quarta etapa do aterro sanitário de Brasília, como ficarão os restos de construção civil?

PE. Sim foi publicado. Eu acho que o governador Ibaneis acertou na indicação do atual Diretor Presidente do SLU, Silvio Vieira. Ele é quem acompanha as políticas públicas da estatal, desde quando percebeu, através dos papa-lixos instalados por todo o Distrito Federal, que os instrumentos contribuiriam para a inserção das cooperativas de catadores na coleta seletiva. Com esses feitos, recebem-se também o RCC concentrado na mesma unidade do lixo orgânico, isso tudo será um enorme ganho para Brasília.

BSB. Com o antigo lixão da Estrutural desativado, como estão os antigos catadores que se beneficiam daqueles resíduos para sustenção familiar?

PE. A grande maioria está no complexo coordenado pela Central dos catadores, CENTCOOP. São 11 cooperativas, porém ainda faltava um pouco mais de incentivo por parte do governo. E, agora, com um novo chamamento público para novas contratações de cooperativas, vai facilitar a vida de muitos catadores que estão fora do mercado de trabalho de reciclagem.

BSB. O projeto Tijolo Solidário reaproveita o RCC (restos de construção civil), que além de fabricar tijolos ecológicos tem um cunho social para moradias populares, como funciona isso?

PE. O projeto Tijolo Solidário tem um tripé, que são a preservação do meio ambiente, a reutilização do resto de construção civil para fabricação do tijolo ecológico e a geração de empregos e renda, através da viabilidade de construção de moradias populares de baixo impacto socioeconômico.

BSB. Qual a relação dos restos de construção civil e o cuidado com a água?

PE. As toneladas de restos de construção acumuladas causam um impacto no solo, ocorrendo a contaminação das nascentes e dos lençóis freáticos.

BSB. Quanto de RCC Brasília produz por dia e qual o seu déficit habitacional?

PE. Brasília produz cerca de 05 mil toneladas/dia e 180 mil toneladas/mês. Hoje, o DF tem um déficit de no mínimo 200 mil moradias, se incluirmos as casas precárias, chegaremos próximo aos 350 mil.

BSB. O quê o projeto Tijolo Solidário tem como colaborar para a geração de trabalho e renda?

PE. O projeto Tijolo Solidário tem várias parcerias com o Governo do Distrito Federal, tais como SLU, Segov, Terracap e Administração Regional da Cidade Estrutural/SCIA. A parceria que tem tomado maior evidência é da Secretaria da Mulher, que está colaborando de várias formas, buscando formalizar a concessão de um terreno para viabilidade do projeto e a implantação de uma frente de trabalho só para mulheres, que vai desde a produção até a execução da obra. Lógico que teremos outra frentes de trabalho com homens, mas essa iniciativa da Secretaria da Mulher será um marco histórico na inclusão das mulheres na construção civil, que certamente poderá ser seguido em outros estados do Brasil. O perfil empreendedor e a sensibilidade da Secretária da Mulher do DF, Ericka Fillipelli, é a cara desse projeto!

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