Greve dos caminhoneiros divide opiniões em Santa Catarina

Apesar da preocupação com a paralisação, distribuição de vacinas não deve ser afetada

A greve dos caminhoneiros em 2018 marcou a história recente do país. Escassez de combustíveis, desabastecimento de supermercados, diminuição nas frotas de ônibus e até decretos de estado de emergência foram vistos em quase todo o país.

Agora, a situação pode se repetir. Isso porque cresce no país a perspectiva do início de uma greve dos caminhoneiros a partir de domingo (25).

Nesta quinta-feira (22), a CNTTL (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística), uma das principais entidades da categoria, anunciou que apoia uma eventual paralisação motivada pela alta de preços do óleo diesel e a política de preços da Petrobrás.

Na avaliação do secretário nacional de Políticas Sociais e Acessibilidade da CNTTL, Carlos Alberto Litti Dahmer, o engajamento dos caminhoneiros lembra o observado antes da greve de 2018.
“O movimento está muito parecido em termos de divulgação, recepção da pauta pela categoria e descontentamento”, aponta.

Opiniões divididas

Em Santa Catarina, não há consenso entre os profissionais da categoria sobre a adesão à paralisação. Para o presidente do Sindicato dos Caminhoneiros Autônomos de Santa Catarina, Francisco Biazoto, a alta do diesel não justifica uma greve e o sindicato, à princípio, não irá aderir.

“O problema não é o preço do diesel, desde que o frete acompanhe, o que não tem acontecido”, comenta Biazoto. “Mas não dá pra cravar que não vai ter greve. De repente parece que não vai ter e daqui a pouco para. Em 2018 não tinha um projeto, e a gente viu como foi”, completa.

Já o motorista Gilberto Fernandes Eleutério, que trabalha em uma empresa de transportes, acredita que só a paralisação tem força para pressionar o governo por mudanças nos preços de combustíveis e pedágios.

“Eu apoio. Se a empresa decidir parar, vou parar. O preço do diesel está um absurdo, pedágio também. Às vezes a gente tem que deixar de tomar banho ou comer direito pra economizar dinheiro”, reclama.

Por outro lado, a Fetrancesc (Federação das Empresas de Transporte de Carga e Logística no Estado de Santa Catarina) informou pela assessoria de imprensa que as empresas não param em hipótese alguma e descartou adesão ao movimento grevista.

Preocupação com a pandemia

A pandemia da Covid-19 e momento complicado da economia brasileira são preocupações que inquietam os caminhoneiros, especialmente porque ainda está fresca na memória as lembranças do caos instaurado durante a greve de 2018.

“Dentro desta pandemia que ainda não acabou, e a situação delicada do país, uma greve agora pode criar um caos terrível”, avalia Biazoto. “O caminhoneiro está em crise, mas está trabalhando. É difícil parar agora”, completa.

Gilberto Eleutério acredita que uma eventual greve não traria prejuízos ao combate à pandemia. “Em 2018 o pessoal sempre deixava passar caminhões com alimentos e remédios, não haverá problemas com vacinas ou outras coisas da saúde”, comenta.

Com isso, a paralisação não deve afetar diretamente a distribuição de vacinas contra a Covid-19 no país. A explicação é que os lotes com as doses têm sido transportadas aos Estados por aviões da FAB (Força Aérea Brasileira) e depois distribuídas aos municípios. A promessa dos caminhoneiros é de que não haverá impedimento do transporte intermunicipal das vacinas.

Fonte: Portal São Miguel 

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