Na mais recente batalha entre liberdade de expressão e censura, o renomado humorista Léo Lins enfrenta uma decisão controversa.
Por Rogério Cirino
O Tribunal de Justiça de São Paulo ordenou a remoção do YouTube do especial de comédia “Perturbador”, do comediante, após o Ministério Público apontar piadas consideradas ofensivas sobre escravidão, pessoas com deficiências e minorias. O vídeo, que acumulava mais de 3 milhões de visualizações desde dezembro passado, foi retirado do ar após a determinação judicial.
Léo Lins, conhecido por suas performances de stand-up comedy, utilizou seu show em Curitiba como palco para abordar temas sensíveis, explorando a linha tênue entre o humor e o politicamente incorreto. A decisão judicial foi provocada por uma petição do Ministério Público, resultando em uma contagem regressiva feita pelo humorista em suas redes sociais até a data em que a medida entraria em vigor.
Em um post no Instagram, Léo Lins expressou sua preocupação com as consequências da censura e questionou o motivo pelo qual seu show foi removido, já que as piadas não violavam nenhuma norma do YouTube. Ele ressaltou que a remoção de seu especial poderia estabelecer um precedente preocupante para a indústria do humor, levando à possível exclusão de 95% dos especiais de comédia. O comediante afirmou que seu advogado está preparando uma defesa e planeja divulgar um vídeo para relatar os acontecimentos.
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Em entrevista à CNN, Lins reforçou que está enfrentando censura e enfatizou que seu vídeo estava em conformidade com as diretrizes do YouTube, sendo inclusive monetizado pela plataforma. Ele criticou a atitude do Ministério Público ao considerar seu show como um ato criminoso, alegando que isso vai contra a liberdade de expressão. Léo Lins também fez uma piada, mencionando a superlotação das prisões e brincando que, se for preso, seu show continuará lotado.
A repercussão da decisão da Justiça despertou o apoio de outros humoristas, incluindo o apresentador Fábio Porchat. Por meio do Twitter, Porchat expressou sua felicidade em ver colegas defendendo Léo Lins, ressaltando a importância de não apoiar algo que possa ser usado contra eles mesmos. Ele destacou que o humor não tem limites, mas que o ambiente em que as piadas são contadas pode ser delimitado. Fábio Porchat enfatizou que proibir piadas no palco é equivalente a proibir socos em um ringue de boxe.
A solidariedade entre os comediantes também foi evidente nas redes sociais, com nomes como Antonio Tabet, Renato Albani, Oscar Filho e Danilo Gentili se posicionando contra a medida cautelar. Por outro lado, influenciadores e internautas defenderam a retirada do vídeo, enquanto alguns enxergaram a decisão como uma forma de censura.
A controvérsia em torno da censura sofrida por Léo Lins coloca em debate o equilíbrio delicado entre liberdade de expressão, responsabilidade artística e a sensibilidade de temas considerados tabus. O desfecho desse caso pode impactar não apenas o futuro dos especiais de comédia, mas também o próprio ambiente artístico e o direito de comediantes expressarem sua criatividade através do humor.