Presidente apela a ataques pessoais em evento oficial e volta a distorcer processo que o levou à prisão
Durante cerimônia oficial nesta quinta-feira (24), em Minas Gerais, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chamou seu adversário político Jair Bolsonaro (PL) de “rato”, disse que ele “se borrou todo” após perder as eleições de 2022, e afirmou que o ex-presidente deve ir para o “xilindró”. As declarações foram feitas no lançamento de um pacote de investimentos na educação indígena e quilombola.
Lula ainda debochou da carreira militar de Bolsonaro, questionando como ele teria chegado ao posto de tenente, e o acusou de ter tentado um golpe.
“Fujão. Nem sei como aquele cara chegou a ser tenente do Exército, porque se borrou todo. Perdeu as eleições, ficou dentro de casa chorando, dizendo ‘não podemos deixar esse Lula tomar posse’, e preparou um golpe. Nós ficamos sabendo, a polícia investigou, eles mesmos se delataram, ele mesmo foi denunciado. E ele vai, se a Justiça decidir com base nos autos do processo, para o xilindró”, afirmou.
Na mesma fala, Lula responsabilizou Bolsonaro e seu filho Eduardo Bolsonaro (PL-SP) pelas sanções anunciadas pelo governo Trump, que impôs tarifas de 50% a produtos brasileiros como retaliação à política externa petista e às decisões do STF.
“[Bolsonaro] Fez as bobagens que fez, mandou o filho dele sair de deputado federal para ir para Washington pedir para que o presidente Trump intervenha no Brasil. É uma vergonha, uma falta de caráter. Fez as merdas que fez… Respeita o povo brasileiro. Aqui tem Justiça”, disparou.
Lula também voltou a mencionar sua prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no âmbito da Lava Jato. Ignorando que suas condenações foram anuladas por questões processuais — e não por inocência provada —, o petista disse que preferiu ir para a cadeia a aceitar acordo com tornozeleira eletrônica.
“Vieram me oferecer um acordo para eu ir para minha casa com uma tornozeleira de aço. Eu disse que primeiro: não tem acordo, eu não troco a minha dignidade pela minha liberdade. Segundo: eu não vou colocar tornozeleira porque não sou pombo-correio. Terceiro: eu não vou ficar preso na minha casa, porque a minha casa não é cadeia.”
Lula ficou 583 dias preso por ordem do então juiz Sergio Moro, após condenações em duas instâncias. O STF anulou os processos sob o argumento de que a Vara de Curitiba não tinha competência para julgar os casos. O mérito, no entanto, nunca foi revertido.