Presidente brasileiro relativiza eleições contestadas em meio a repressão violenta e acusações de fraude
Nesta terça-feira (30), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva comentou pela primeira vez publicamente sobre as eleições na Venezuela, que resultaram na controversa reeleição de Nicolás Maduro. Em entrevista à TV Centro América, afiliada da TV Globo em Mato Grosso, Lula afirmou que “não tem nada de grave, nada de assustador” na situação venezuelana, apesar das graves acusações de fraude e da violenta repressão à oposição.
A declaração de Lula ocorre em um contexto onde apenas quatro países – Irã, Rússia, China e Bolívia, todos com regimes autoritários – reconheceram a reeleição de Maduro. A comunidade internacional, incluindo muitos países das Américas, questiona a transparência do processo eleitoral e exige uma revisão independente dos resultados. O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela, amplamente visto como controlado pelo regime chavista, declarou Maduro vencedor com 51,2% dos votos.
Durante a entrevista, Lula sugeriu que a oposição deve recorrer à Justiça em caso de dúvidas sobre as atas de votação, ignorando o fato de que o sistema judiciário venezuelano é amplamente considerado corrupto e submisso ao regime de Maduro. “É normal que tenha uma briga. Como resolve essa briga? Apresenta a ata. Se a ata tiver dúvida entre a oposição e a situação, a oposição entra com um recurso e vai esperar na Justiça o processo. E vai ter uma decisão, que a gente tem que acatar”, disse Lula, tratando a crise como uma disputa eleitoral comum.
A repressão aos protestos na Venezuela está se intensificando, com relatos de mortos e feridos entre os manifestantes. Líderes da oposição têm sido sequestrados por ordens de Maduro, que continua a governar com mão de ferro, insensível ao sofrimento da população. A Venezuela está mergulhada na miséria sob o controle de um regime ditatorial que não demonstra qualquer interesse em melhorar as condições de vida de seus cidadãos.
Lula também comentou a nota oficial do Partido dos Trabalhadores (PT), que parabenizou Maduro pela “jornada pacífica, democrática e soberana”. Ele criticou a cobertura da imprensa brasileira, acusando-a de exagerar a gravidade da situação. “Eu vejo a imprensa brasileira tratando como se fosse a Terceira Guerra Mundial, mas não tem nada de anormal”, afirmou.
Até o momento, o governo brasileiro adotou uma postura cautelosa, com o Ministério das Relações Exteriores (MRE) declarando a necessidade de mais informações para endossar a “transparência, credibilidade e legitimidade do resultado do pleito”. No entanto, essa cautela contrasta com a urgência da crise humanitária e política na Venezuela.
Lula também conversou por telefone com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, sobre a situação na Venezuela. O conteúdo exato da conversa não foi revelado, mas é esperado que aborde a crise venezuelana e suas implicações regionais.
A atitude de Lula, minimizando a gravidade da situação na Venezuela, é profundamente preocupante. A crise atual é marcada por uma repressão brutal, fraude eleitoral e uma ditadura que deixa a população na miséria. A comunidade internacional deve continuar a pressionar por justiça e transparência, enquanto a liderança brasileira é chamada a adotar uma postura mais crítica e responsável diante da crise venezuelana.