Brasil reforça parcerias estratégicas com Washington, enquanto chineses e russos tentam ocupar espaço no setor de defesa
Apesar do agravamento das tensões diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos, as Forças Armadas brasileiras têm buscado garantir que a aliança histórica com Washington se mantenha estável. A movimentação acontece em meio a investidas de representantes da indústria de defesa da China e da Rússia, que tentam se aproximar de autoridades militares brasileiras para oferecer armamentos e tecnologia.
A preocupação principal é que a crise política interfira em acordos bilaterais estratégicos, como a compra de 12 helicópteros Black Hawk, avaliados em US$ 451 milhões, e 222 mísseis Javelin, no valor de US$ 74 milhões. Ambos os contratos estão sob o programa Foreign Military Sales, que permite vendas diretas entre governos e isenta tarifas comerciais.
Outro ponto de atenção envolve a produção dos caças Gripen, da sueca Saab, que têm 30% de seus componentes fabricados nos Estados Unidos. Como a Colômbia optou por adquirir o mesmo modelo, a produção deve se intensificar no Brasil, mas a escalada nas tensões pode comprometer o fornecimento de peças americanas.
Além dos contratos, os militares destacam a continuidade dos exercícios conjuntos CORE (Combined Operation and Rotation Exercise), realizados há anos com tropas dos dois países. Em 2025, uma nova edição ocorrerá no sertão de Pernambuco, com 200 militares brasileiros e 150 norte-americanos.
Os sinais emitidos até agora pelo Pentágono são de que os acordos seguirão normalmente. No entanto, a falta de uma sinalização política clara do governo brasileiro tem levado os próprios militares a atuar nos bastidores por meio da diplomacia militar, consultando diretamente autoridades americanas para preservar as parcerias existentes.
Nos bastidores, oficiais expressam desconforto com a crescente influência do entorno do presidente Lula — especialmente figuras como Rui Costa, Sidônio Palmeira e Celso Amorim — que, segundo avaliação dos quartéis, estariam inclinando a política externa brasileira em direção a uma aliança mais próxima da China e da Rússia. Militares avaliam que qualquer realinhamento desse tipo não pode ser feito de forma abrupta, nem sem consultar as Forças, protagonistas diretas dessas cooperações.