Por Tiago Lucero*
A enfadonha dancinha comemorativa da segunda Primeira-dama de Lula revela menos ainda que a descarada falta de empatia do presidente pelo Rio Grande do Sul. Não foi gafe ou descaso, foi uma evidente demonstração de seu desprezo pelo povo gaúcho.
Desde as eleições de 2006 Lula (e seus prepostos), jamais venceu uma eleição no Sul do país. Bem verdade que em sua primeira disputa esse quadro foi diferente, mas parece que o povo sulista logo identificou a incompatibilidade de seu pensamento e a do mandatário petista, ou do discurso e de sua prática.
O Sul do país (não só o Rio Grande, mas Santa Catarina e Paraná também), por conta de inúmeros fatores históricos e sociológicos têm uma conhecida inclinação política liberal, o que definitivamente não ressona com o escopo ideológico proposto por Lula. Nisso os votos do PT na região Sul são adstritos na sua maioria aos bolsões de pobreza da Grande Porto Alegre e ao passado forte do Partido no Rio Grande. Desse passado muitos apoiadores lá ainda não se atentaram que o PT não corresponde ao baluarte da correição da coisa pública com se expôs lá pelos idos da década de 80 – o PT hoje não difere em nada, senão é ainda pior, das outras agremiações políticas brasileiras que não são nada mais que sindicatos da corrupção.
Não por menos foi o Sul que mais se esforçou (na figura de pessoas específicas é claro) para ver seus desmandos e corrupção desvelados, processados e condenados, onde em Curitiba pagou por pequena parte de seus crimes até ser solto pelo STF naquilo que pode ser considerado o maior contorcionismo jurídico da história do Ocidente.
Destarte o discurso ‘paz e amor’ de Lula durante a campanha de 2022 e o ‘pseudo-amor estético’ da esquerda brasileira que ele ladra constantemente, seu ódio pelas pessoas do Sul é latente e não consegue mais se fazer esconder.
Sua atual Primeira-dama, em sua dancinha comemorativa no aeroporto de Nova Deli, que aparentemente foi uma demonstração de alienação e uma gafe, na verdade é a consonância com seu ‘marido’, que não expressou NENHUMA empatia por crianças desalojadas debaixo d’água em um lugar onde as temperaturas podem facilmente descer a 0o grau – certamente Lula não sabe que se a seca do Sertão mata lentamente o frio do Rio Grande mata rapidamente aqueles que não têm abrigo adequado.
Suas únicas palavras sobre a tragédia do povo Gaúcho foram dadas em uma ‘tuitada’ em uma foto ao lado do premier indiano onde teve o disparate de associá-la ao ‘descompromisso mundial com o meio ambiente’. O que é um ato falho, ou uma indireta, pois é nítida sua intenção e as reais palavras que ele certamente gostaria ter escrito saltam aos olhos de qualquer um com o mínimo de inteligência: ‘descompromisso mundial com o meio ambiente… (como o do Bolsonaro que vocês apoiaram contra mim, então se lasquem’.
A esquerda histérica brasileira, que acredita que o Brasil está as mil maravilhas como noticiada por sua mídia comprada, faz coro, como o jornalista Marcelo Leite da Folha de São Paulo, que como eu aqui fiz, completou as lacunas ocultas das palavras de Lula, porém destilando ironia e ódio, “Mudança climática castiga eleitores de Bolsonaro no Sul”. Este pelo menos logo em seguida se viu obrigado a retratar-se, de certo ‘caiu a ficha’ do absurdo que escreveu, diferente de Lula que até agora não dirigiu uma palavra de condolência às vítimas do alto de seu quarto de hotel que custará R$2milhões ao contribuinte em alguns dias, diferente dos R$800,00 por pessoa liberados pelo seu governo às vítimas que ainda demorarão a chegar aos necessitados.
Aliás, será muito difícil convencer o povo do Sul de que o dinheiro de seus impostos (que agora lhes falta mais que nunca) estão sendo bem investidos a milhares de quilômetros de sua terra. Afinal, só para ter uma ideia, os gaúchos pagaram em 2021 mais de R$ 32bi em impostos e receberam de volta R$ 8,6bi, bem diferente, por exemplo, do Maranhão do atual ministro da justiça e seu ex-governador Flávio Dino que no mesmo período arrecadou R$4,6bi e recebeu R$10,5bi.
Assim nessa ânsia de vingança Lula pode conseguir o que ha 188 anos os Farroupilhas não conseguiram: separar o Sul do Brasil. Motivos eles está dando de sobra.
*Tiago Lucero é antropólogo, sociólogo, estudou Economia e Direito, é especialista em antropologia econômica
