Clima de guerra político-ideológica perpassa longo período. Existem vencedores?
Por Marcílio Souza
O Brasil vivencia duras disputas políticas nos últimos anos, especialmente após denúncias de corrupção nos governos de esquerda, durante a corrida eleitoral de 2018 e a mobilização e ascensão ao poder central de forças de direita, na sequência do governo provisório de Michel Temer.
Por meio de uma análise fria e isenta, percebe-se as estratégias, táticas e medidas dos dois principais lados da disputa político-ideológica, ancoradas em militâncias, por vezes barulhentas, extremistas e até violentas. Sabemos a respeito do começo, mas não quando termina. Esse artigo promove reflexões sobre o assunto e esclarece atos, fatos, percepções e narrativas.
Parto do pressuposto que as divergências e disputas políticas são saudáveis em qualquer democracia, que os debates políticos, e ideológicos, são necessários para a promoção de melhorias na sociedade. Entretanto, uma guerra político-ideológica extremada pode tirar de foco os benefícios sociais, por meio de uma disputa insana entre forças políticas divergentes, pelo poder e suas bonificações. Disputas que podem ultrapassar os limites republicanos e legalistas.
Voltando um pouco na história, quando comecei uma viagem pelo conhecimento no curso de Sociologia da UnB, fui introduzido às premissas e reflexões do marxismo. Naquela época, nos idos de 1993, aos meus 20 e poucos anos de idade, encantei me com a suposta possibilidade de um mundo mais justo e igualitário. Era isso que os meus professores e colegas, bem como as leituras indicadas, me levavam a crer. A defesa por uma educação ampla e humanista, com conteúdos mais elaborados e menor participação da cultura de massa, especialmente a oferecida pela TV aberta, era uma unanimidade no meio acadêmico daqueles dias.
Durante essa imersão no conhecimento acadêmico, vivenciei algumas práticas e discursos políticos que me pareciam, na época, conectados àquelas reflexões teóricas. Em pouco tempo, passei a acompanhar ativamente os movimentos políticos e sociais, locais e nacionais, até por meio da organização de debates e apresentações na UnB, como a do plano de governo do então pré-candidato do Partidos dos Trabalhadores – PT ao governo do Distrito Federal, Cristovam Buarque, que tinha 3% das intenções de voto naquele momento, início de 1994, e acabou se elegendo governador.
Precisei acompanhar alguns desvios de condutas de muitos dos nossos governantes ao longo da história, suas contradições, ilegalidades e erros, bem como de muitas outras lideranças políticas mundo afora, para melhor compreender o distanciamento entre as teorias marxistas e as práticas políticas do mundo real, especialmente as orientadas pelas premissas socialistas e comunistas.
Em certo momento da vida, por conta própria e risco, passei a ler e refletir sobre as críticas ao marxismo e as sociedades que implementaram esses ideais em realidades sociais específicas. Outras leituras sobre práticas políticas promoveram a visualização de conexões e distanciamentos entre práticas e teorias, para uma melhor compreensão do Brasil e do mundo, ontem, no presente e amanhã.
Hoje, percebo como já havia, naquela época, um direcionamento para os pensadores alinhados com o conhecimento marxista, socialista e comunista, no seio da academia, algo que, segundo relatos mais recentes, intensificou se nas últimas duas décadas.
Nos anos 1990, apesar das escolas teóricas marxistas ocuparem espaço significativo nas universidades, especialmente nos cursos das ciências humanas, era possível o acesso a pensadores discordantes e mesmo de outras filiações teóricas. No entanto, a partir dos governos de esquerda no Brasil, nota-se uma constante doutrinação dos estudantes com os conhecimentos alinhados às defesas esquerdistas, o que enfraqueceu a pluralidade de reflexões, de escolas teóricas e de pensamentos, salutares nos ambientes acadêmicos.
A disputa entre ‘esquerda’ e ‘direita’ no Brasil remonta à própria introdução das premissas do pensamento marxista no país e ganhou contornos antes dos militares tomarem o poder. Mas foi no período de transição entre os governos militares e a implementação de eleições diretas para presidente da república que as disputas tomaram corpo e culminaram na eleição de Luiz Inácio Lula da Silva para presidente, expoente máximo das forças políticas de esquerda após os governos indiretos militares.
Já no quarto governo de esquerda, desgastados por inúmeras denúncias e investigações de corrupção e desvio de dinheiro público, ocorreu um empoderamento de forças de direita, apagadas desde os governos militares mas sempre presentes no conservadorismo cristão da sociedade brasileira, responsáveis pelo afastamento da presidente Dilma Rousseff e decisivas na própria eleição do atual presidente Jair Bolsonaro.
No entanto, nos dois primeiros governos do presidente Lula e parte do primeiro mandato da Dilma, percebemos um enfraquecimento das disputas políticas no Brasil. A esquerda dominou as narrativas e as chaves dos cofres públicos, distribuindo dinheiro para pacificar disputas políticas, angariar apoios e manter aliados. Por um bom período houve uma espécie de ‘paz dos pântanos’, até o dinheiro faltar, em decorrência de má gestão econômica e excesso de desvios, e estourarem escândalos de corrupção, um após o outro.
Quando a esquerda passou a se sentir acuada, no momento que não era mais possível esconder os escândalos, as táticas e as narrativas para diferenciar as pessoas e grupos aumentaram bastante, tanto para medir forças no jogo político do poder como para gerar e manter a militância, o ‘nós’, naqueles dias, usando e abusando do vermelho e de artefatos simbólicos do marxismo, socialismo e comunismo (situação). Do lado oposto, o ‘eles’, não foi diferente, estereótipos e símbolos, bem como narrativas e bordões, lastrados nas cores da bandeira e em patriotismo, foram surgindo e ganhando corpo (oposição), pedindo o impeachment de Dilma Rousseff, investigações da Polícia Federal e punição aos corruptos e corruptores.
Para se refletir sobre este assunto, da dicotomia política, com ênfase no local, mas sem abandonar nuances da história e de práticas externas, precisamos de um breve mergulho em conceitos e pressupostos relativos ao tema.
A luta entre classes, a disputa de interesses, é pressuposto básico do marxismo clássico ao analisar o sistema capitalista de produção. Um dos autores revisionistas do marxismo, o italiano Antônio Gramsci, promoveu, na primeira metade do século XX, argumentos pragmáticos sobre a luta de classes e chega a produzir conteúdos para uma futura cartilha, com passos para a revolução e implementação do socialismo/comunismo, copilada por discípulos, já que não publicou nada em vida.
Gramsci, dentre outras orientações, aponta que a desestruturação de valores nacionais e familiares, a transformação intelectual e moral da sociedade, pelo abandono de tradições, usos e costumes, bem como o estímulo a desavenças e discórdias no seio da sociedade, promoveriam a preparação da sociedade para a revolução socialista/comunista, por meio do constante e silencioso enfraquecimento das principais instituições e “trincheiras” democráticas.
A esquerda brasileira clássica, além de comandar o governo central por 14 anos, nada mais fez do que por em prática princípios marxistas por aqui. Enquanto criaram e propagaram estereótipos para segmentos específicos da sociedade: para ricos (dominantes) e pobres (dominados); trabalhadores (não detentores dos meios de produção) e patrões (donos do capital e dos meios produtivos); negros e brancos; sulistas e nordestinos; maiorias e minorias, estavam reafirmando diferenças e estimulando os conflitos, por meio da criação e manutenção de militâncias, bem como de opositores.
Assim, sabe-se que parte do sucesso de lideranças esquerdistas no país, não apenas as pertencentes à esquerda raiz como ainda as de outros segmentos políticos da esquerda suavizada, deu-se por meio da utilização e adaptação de conceitos, artimanhas e pressupostos marxistas.
Todavia, com a campanha e a eleição do presidente Jair Bolsonaro, de direita, ocorridas com a definitiva participação das redes sociais e de seguidores contundentes, as mesmas redes usadas no decorrer do impeachment da Dilma, aconteceu uma inversão nas forças políticas, com a manutenção do jogo dicotômico estimulado e alimentado pela esquerda. Nessa ocasião, o ‘nós’ passa a ser a direita, no poder, e o ‘eles’ a esquerda, na oposição. No entanto, a disputa, ou a guerra político-ideológica, continua, até mesmo se acirra.
Recentemente, em meio à pandemia da COVID-19 e às acusações do ex-ministro Sérgio Moro, a esquerda (eles), com narrativas alinhadas ao ‘politicamente correto’, tem declarado a existência de uma grande insatisfação da sociedade com o “comportamento” do atual Governo Federal: “desprezo pela vida, pelo país, pela população vulnerável”, promovendo a elevação de casos e de mortes pela COVID-19, além de supostos crimes cometidos “contra a vida, contra o equilíbrio entre os poderes, contra a democracia e contra a moralidade e a impessoalidade”, que devem promover o impeachment do presidente Jair Bolsonaro. Dessa forma, mantém seus princípios marxistas, atualizados, reforça a oposição, além de manter a militância ativa.
Quem ganha e quem perde com essas disputas político-ideológicas exacerbadas, baseadas em militâncias velozes e enfurecidas? Como o povo fica nesse embate? O bem-estar social tem sido preservado? Estas questões tornam-se primordiais, apesar de poucas reflexões e respostas.
Não é difícil perceber erros e descontroles em comportamentos de integrantes do governo Bolsonaro, que apesar de saber a respeito da guerra político-ideológica, por fazer parte como um dos lados, parece estimular o confronto. Assessorias atentas e competentes poderiam minimizar muitas falhas. O governo tem dado, frequentemente, munição para a esquerda e outros opositores. Usa e abusa dos embates para manter a militância em ação.
Comportamentos e posturas do presidente Bolsonaro, que optou por falar muito e combater abertamente seus opositores, são exagerados e alimentam as retóricas e narrativas da esquerda e dos opositores de plantão ao governo. Os meios de comunicação, alguns de declarada oposição, agradecem e surfam nas falas e falhas do governo.
Desde a campanha eleitoral, fica clara a posição de enfrentamento do presidente da República, e de muitos dos seus auxiliares, aos que eles consideram inimigos e reprodutores do establishment, por vezes viciados e dependentes de práticas pouco republicanas ou até ilícitas. No entanto, os embates diretos têm produzido muitos outros opositores, que vão se somando ao longo do tempo.
Por vezes, parte da população fica sem entender, ou mesmo compreendem e discordam, as disputas político-ideológicas da situação com a esquerda e outros opositores, e acaba desacreditando das intenções dos envolvidos, o que tem ficado explícito por meio dos acréscimos nas avaliações negativas do governo e do próprio presidente Bolsonaro.
Com o advento da pandemia da COVID-19, os ânimos se exaltaram e as oportunidades foram percebidas, escancarando as disputas políticas, ideológicas e de ocasião.
De um lado, o atual nós, governista, tenta solucionar ou sanar o problema sanitário, por meio de ajudas aos estados, aos municípios e à própria população, inclusive defendendo o uso da hidroxicloroquina (combinada a outros medicamentos), como possível inibidor dos efeitos devastadores do novo coronavírus na saúde das pessoas, especialmente dos mais idosos e nos portadores de doenças crônicas. Existem ainda dúvida sobre a eficiência do isolamento social na diminuição de infecção e de mortes, provocadas pelo novo coronavírus.
Segundo o presidente Bolsonaro o isolamento, especialmente o lockdown, gera efeitos negativos à economia. Por isso, defendeu desde o início da pandemia o isolamento apenas dos grupos de risco, para se evitar a paralisação das atividades comerciais e a consequente elevação do desemprego, violência, fome e mais mortes. Entretanto, não conseguiu resultados promissores nesse sentido, nos primeiros meses da COVID-19, especialmente em decorrência do Supremo Tribunal Federal – STF ter atribuído aos estados e aos municípios o poder de decisão sobre essas questões.
Do outro, ocorreu uma união de forças contra o governo Bolsonaro. A esquerda, agora o eles, viu na pandemia uma grande chance de enfraquecer o governo, estimulando o isolamento social e até o lockdown, além de ir contra todas as defesas e iniciativas do governo, principalmente o uso da hidroxicloroquina. Muitos governadores e prefeitos reuniram-se para discordar do governo, sem abrir mão, claro, das ajudas financeiras da União. Muitos do Congresso Nacional e STF passaram a interferir e mesmo neutralizar decisões do executivo federal. Os meios de comunicação intensificaram a escalada de notícias contra Bolsonaro, ao mesmo tempo em que alarmam a população, com imagens e números chocantes dos casos e das mortes por COVID-19. Na realidade, o eles foi expandido; a oposição ao governo Bolsonaro ganhou força e volume.
Outro fator intensificador das disputas consiste na eleição de 2022. Isso mesmo, dois anos e meio antes do pleito. Tanto para a esquerda, como para outros opositores do presidente Bolsonaro, o atual governo não pode promover melhorias significativas à economia e à sociedade brasileira, algo que promoveria diretamente a reeleição do atual mandatário da República.
Neste sentido, tanto a COVID-19 como as suas consequências sociais e econômicas, tornam-se trunfos para o constante desgaste do governo Bolsonoro, usados e abusados pela esquerda e opositores, sabe-se lá com o apoio de outras nações, como a China, que além dos ideais expansionistas deve lucrar bastante com a pandemia, iniciada com o seu próprio vírus. Percebe-se, inclusive, elevações no desejo de impedimento do governo, por meio de pedidos de abertura de processo de impeachment na Câmara dos Deputados.
Em relação à importância e à gravidade das acusações, discussões e divergências entre o governo Bolsonaro e a esquerda, embaladas pela imprensa e outros opositores, verifica-se que os embates estão bem mais relacionados aos comportamentos e às metodologias de gestão, embasadas em divergências político-ideológicas, no patamar de perfumaria, e não nas entranhas estruturais do ‘negócio’, bem diferentes dos enfrentamentos durante os escândalos de corrupção e de má gestão nos governos Lula e Dilma.
Mudando de perspectiva, sabemos que a dialética jornalistas e meios de comunicação é algo intrínseco ao fazer jornalístico e ganhou forte protagonismo nos embates entre direita, esquerda e outras vertentes político-ideológicas nos últimos anos. Ao mesmo tempo que parte significativa da imprensa apoiou o impeachment da Dilma, hoje, faz dura oposição ao governo Bolsonaro, aproveitando do histórico posicionamento político de esquerda da grande maioria dos jornalistas.
Para início de análise, vamos pensar nos faturamentos dos meios de comunicação em detrimento da militância dos jornalistas e seus rendimentos. Qual a participação de recursos públicos nas receitas dos veículos? Quanto ganha um jornalista? E as estrelas do jornalismo? Por meio de palestras, treinamentos e workshops caros. Como tem funcionado o engajamento de jornalistas às linhas editoriais dos veículos? Respostas pontuais para essas perguntas podem indicar os motivos do engajamento cego de alguns profissionais às linhas editoriais dos meios de comunicação, por vezes orientadas por questões econômicas, bem como trazer detalhes da postura política de muitos profissionais ao realizar suas tarefas.
Recentemente, vazou uma conversa entre jornalistas renomados sobre o também jornalista Alexandre Garcia, que tem divergido da maioria dos profissionais de comunicação nas leituras da nossa atual realidade. Nesse diálogo temos um indício do volume de dinheiro que gira em torno das participações desses profissionais, estrelas do jornalismo, em eventos. Por vezes, os contratos são bem elevados, o que aumenta em muito os já gordos salários nos veículos onde atuam mais. O próprio volume de dinheiro ganho por muitas estrelas do jornalismo já é um indicativo das suas posturas perante os meios de comunicação em que trabalham, além de suas convicções político-ideológicas.
A guerra político-ideológica entre forças sociais reflete nos grupos de Whatsapp de jornalistas, reproduzindo práticas de grupos de amigos, profissionais e das famílias. No caso dos grupos de jornalistas, as discussões servem como termômetro para se avaliar as publicações nas diversas plataformas de comunicação.
Considerando a minha ampla experiência nesse segmento, os grupos de jornalistas, na maioria, pendem para discussões em apoio à esquerda, alguns chegam a ser totalmente intolerantes aos jornalistas mais neutros ou defensores dos princípios de direita ou do governo Bolsonaro. Eu já fui sumariamente expulso de alguns grupos de Brasília apenas por colocar argumentos contrários a princípios esquerdistas, com o mero intuito de informar e de nivelar os debates.
Em suma, variados jornalistas, de grandes a pequenos veículos, bem como de plataformas independentes, escrevem o que querem sobre atos e fatos da realidade brasileira e de outros países. Não são raras as vezes e tão somente as exceções, de um lado ou de outro(s) do embate político-ideológico. Variadas são as narrativas descoladas de realidades específicas e de fatos concretos, manipulam as ideias e dados a bel prazer, embevecidos na guerra político-ideológica. No entanto, nos últimos tempos, a tendência das notícias e narrativas jornalísticas, especialmente da grande imprensa, é contra o governo Jair Bolsonaro.
Percebe-se, até, uma saga messiânica para a sua derrubada. Difícil saber onde termina o interesse dos proprietários dos veículos de comunicação e começa a militância de esquerda dos jornalistas, que na maioria ganha mal e não é valorizada. Perde a sociedade, refém da disputa e que ainda vê as redes sociais como aliadas, apesar de constantes boicotes, por meio da diminuição dos endereçamentos de mensagens no Whatsapp e até censura de alguns assuntos em outras plataformas.
Na realidade brasileira, parte significativa dos meios de comunicação, inclusive da grande imprensa, aproveitou uma tendência histórica de posicionamento político de jornalistas para a esquerda e direcionaram as suas linhas editoriais, liberando geral as produções dos profissionais para atacar, desconstruir e até denegrir a imagem do presidente da República, Jair Bolsonaro, e muitos dos integrantes do governo. Nesse sentido, já foram produzidos muitos fakes news e informações distorcidas. Essa postura tem promovido ataques verbais, e mesmo físicos (totalmente condenáveis), dos militantes bolsonaristas aos meios de comunicação e a jornalistas.
Por outro lado, tanto o presidente Bolsonaro, como alguns de seus subordinados partem constantemente para o embate direto com jornalistas e veículos de comunicação, por vezes com ataques exagerados, mesmo que se defendendo de inverdades, distorções e ciladas promovidas por jornalistas e os meios comunicativos. Alguns bolsonaristas são acusados, pela mídia e opositores, de promover e disseminar ódio e fake news contra os inimigos. O que já promoveu abertura de CPI no Congresso Nacional e de inquérito no STF.
Nesse confronto aberto, quem mais perde é a sociedade. A militância jornalística, de qualquer filiação política ou ideológica, promove enormes perdas na credibilidade e suscita ataques às legítimas funções do jornalismo. O governo e o próprio presidente Bolsonaro, além de perder pontos nas suas avaliações positivas, estão canalizando energias para o embate e mesmo desviando dos seus focos e das suas atuações. O ideal seria governo sendo governo, apesar da pouca experiência, cuidando em suprir adequadamente as necessidades e interesses da população, e, imprensa sendo imprensa, relatando fielmente os atos e fatos, com o máximo de isenção possível, em respeito a concessão que o povo lhe fornece.
Com o passar do tempo, percebo cada vez mais que a unanimidade, seja em grupos específicos ou em toda uma sociedade, com raras exceções, especialmente no Brasil mas também em outras realidades sociais, ou é burra, em decorrência de pura ignorância e incapacidade de ver os diversos fatores e nuances de cada ato ou fato, ou é paga com ‘influência’ e dinheiro, particular, público ou ainda ilícito. Assim, o melhor para todos nós e para a democracia é a liberdade de ação e análise, ampla, a partir do que é bom, lícito, produtivo e salutar para o bem-estar de todos.
Debates, diálogos e divergências sim! Com respeito à opinião do outro, que seja contrária, objetivando o bem comum e ganhos para a nossa democracia. A imprensa desempenha melhor o seu papel, contribuindo para o processo democrático, quando ouve mais os envolvidos e a população e opina menos. Quando a democracia é fortalecida, todos vencem! Eu, nós, tu, eles. Todos!
Marcílio Souza é sociólogo e jornalista, mestre e doutor em comunicação.
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