O Brasil pode ficar irreconhecivel

Durante um evento promovido pela Mirae Asset, especialistas do mercado financeiro discutiram o panorama macroeconômico do Brasil, da Europa e dos Estados Unidos, abordando os desafios e as oportunidades que moldam as economias globais. Entre os destaques, foi abordado o sucesso do Plano Real como um exemplo de como ajustes fiscais podem transformar uma economia, além das tendências para outras regiões.

Brasil: o desafio fiscal como ponto central

Walter Maciel, CEO da AZ Quest, destacou que o Brasil tem potencial para uma transformação econômica significativa nos próximos cinco anos, mas o principal obstáculo é o desequilíbrio fiscal. Ele comparou a situação atual com o período anterior ao Plano Real, quando reformas estruturais trouxeram estabilidade econômica. Segundo Maciel, o governo Lula herdou um cenário com um problema central – o fiscal – que, apesar de ser solucionável, ainda carece de medidas eficazes.

O mercado, segundo ele, esperava que Lula adotasse uma postura mais ao centro em seu terceiro mandato, mas algumas medidas, como o reajuste do salário mínimo acima da inflação e a indexação de benefícios, foram vistas como contrárias a essa expectativa. Maciel acredita que, se o governo implementar um ajuste fiscal de 1,5% do PIB, o Brasil poderia vivenciar uma valorização do real (com o dólar caindo para R$ 4), um aumento significativo no mercado de ações (atingindo 200 mil pontos no Ibovespa), e a redução da taxa de juros para 8,5% ao ano.

No entanto, ele alerta que até 2026 a tendência é de pouca mudança, com o governo agindo de forma reativa. Uma alternância de poder, segundo Maciel, poderia trazer as condições para a solução do problema fiscal.

Europa: economia fraca e desafios estruturais

No cenário europeu, Daniel Celano, da Schroders, ressaltou que o crescimento econômico esperado para o bloco é modesto, em torno de 1%, com uma inflação de 2%. Ele apontou desafios significativos nas principais economias da região, como França e Alemanha, que tradicionalmente lideram a atividade econômica.

Esses países enfrentam dificuldades na indústria manufatureira, que sofre concorrência da China e apresenta fraquezas estruturais. A inflação nos serviços continua resiliente, aumentando os desafios para o Banco Central Europeu e governos locais.

Estados Unidos: apostas altas e riscos fiscais

Por outro lado, a situação dos Estados Unidos apresenta um cenário mais dinâmico. Daniel Popovich, da Franklin Templeton, explicou que a gestora tem uma posição “overweight” no país, o que equivale a uma recomendação de compra em termos de investimentos. Ele elogiou a resiliência econômica americana, mas alertou para riscos futuros, como a possibilidade de expansões fiscais no caso de um retorno de Donald Trump à presidência.

Essa perspectiva, apelidada de “Trump Trade”, sugere que um governo mais focado em gastos públicos pode trazer pressões sobre a dívida e afetar principalmente os investimentos em renda fixa, um fator que o mercado está monitorando de perto.

Conclusão

As discussões reforçam que os desafios fiscais e estruturais são centrais para o crescimento das economias globais. Assim como o Plano Real mostrou que ajustes bem feitos podem transformar um país, medidas semelhantes são necessárias para que Brasil, Europa e Estados Unidos possam alcançar um crescimento sustentável e equilibrado.

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