O Grinch na vida real para Jim Carrey

A maquiagem da criatura verde era especialmente complicada, contando até mesmo com pelos de iaque; segundo o ator “era como ser enterrado vivo todos os dias”

Com o Natal chegando, a televisão aberta do Brasil começa sua programação de filmes relacionados ao feriado mais esperado do ano. Esqueceram de Mim,  Um Duende em Nova York, Meu Papai É Noel e, em especial, O Grinch. A produção, que conta com Jim Carrey no papel da criatura verde que odeia o Natal, é uma das mais lembradas do gênero.

Baseado no livro “How the Grinch Stole Christmas!” (Como Grinch roubou o Natal), de Dr. Seuss, o filme foi a primeira adaptação da literatura do autor para as telonas. E é possível afirmar que esse processo foi um pesadelo da vida real para a maioria das pessoas envolvidas, em particular o comediante.

Logo no começo das negociações, já foi possível perceber que a situação seria uma dor de cabeça. Demorou muito para que o livro fosse transformado em obra cinematográfica e isso aconteceu porque Theodor Seuss Geisel — o nome verdadeiro do escritor —  era totalmente contra essas adaptações.

Durante sua vida, o autor permitiu apenas que animações para a TV fossem feitas a partir de suas histórias. Mas isso mudou quando ele morreu em 1991. A partir daquele ano, os direitos das icônicas obras de Dr. Seuss estavam nas mãos da esposa do estadunidense, a agora viúva Audrey Geisel.

Ela foi contra a premissa e começou a negociar com produtoras a possibilidade de transformar Grinch em uma produção de Hollywood. Isso, no entanto, apenas seria feito a partir de muitas exigências impostas por Audrey logo no começo dos acordos, que demonstravam sensibilidade ao tópico.

As exigências da viúva

Crédito: Divulgação – Universal Studios

Theodor faleceu em 1991 e sete anos depois suas obras começaram a ser negociadas para irem para as telonas. Em 1998, os agentes de Audrey divulgaram quais seriam as exigências financeiras da viúva para a produção do filme. Era um valor bem elevado, mas as empresas de Hollywood estavam dispostas a pagar o preço pelos direitos de O Grinch.

Na época, a mulher pedia por US$ 5 milhões em dinheiro, 50% dos ganhos em merchandising, 70% do lucro em livros e, ainda, 4% dos lucros das bilheterias. Mas o valor monetário elevado não era a única coisa que Geisel estava pedindo aos produtores. Ela também queria ter voz nas decisões importantes relacionadas ao filme.

Por exemplo, ela exigia que o protagonista fosse “de estatura comparável” a alguns atores listados por ela, como Jack Nicholson, Jim Carrey, Robin Williams e Dustin Hoffman. No final, um de seus quatro artistas favoritos acabou sendo o escolhido para interpretar a criatura verde: Jim Carrey.

A Universal Pictures e Imagine Entertainment aceitaram o desafio e foram as responsáveis pela produção do filme. Com Carrey no papel principal e Ron Howard na direção, iniciava-se o ambicioso projeto.

As gravações de O Grinch

Se os produtores esperavam que Geisel já tinha feito exigências o suficiente para a produção do filme e agora apenas observaria as gravações, eles estavam muito errados. A viúva do Dr. Seuss não deixou que nada seguisse sem sua orientação, interferindo inúmeras vezes no andamento dos sets.

Uma das características marcantes do filme é a caracterização do próprio Grinch, em uma maquiagem realista que choca o telespectador. Rick Baker foi o responsável por tentar reproduzir o desenho para a vida real, e, embora tenha ganhado um Oscar de melhor maquiagem por ela, a situação foi perturbadora para o protagonista.

Era uma maquiagem de corpo inteiro que precisava até mesmo de pelos de iaque para ser reproduzida, levando a uma aplicação difícil, que tornava toda a experiência de gravação uma espécie de purgatório para Carrey.

Ao programa Graham Norton Show, o ator chegou a contar detalhes sobre sua vida como Grinch nos sets. “Era como ser enterrado vivo todos os dias. Nos primeiro dia de filmagens, eu voltei para o meu trailer e dei um soco na parede, fazendo um enorme rombo. Disse para Ron Howard que não ia conseguir terminar o filme”, disse.

“Então, eles trouxeram um especialista que treina agentes da CIA para aguentar torturas. Foi assim que eu consegui filmar o longa todo. Os Bee Gees também me ajudaram, as músicas deles me deixavam feliz e tranquilo. Não existiria ‘O Grinch’ sem os Bee Gees”, brincou ainda.

Dois anos e meio depois da divulgação das exigências pelos direitos autorais da obra, O Grinch foi lançado e alcançou uma boa posição entre os maiores filmes de Natal já produzidos. Até hoje, ele continua como uma das produções mais lembradas no período, mesmo que tenha sido desenvolvido a partir de uma situação complicada para todos os envolvidos.

FONTE : AVENTURAS NA HISTORIA

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