Início VARIEDADES O que é a delicada ‘síndrome do filho mais velho’?

O que é a delicada ‘síndrome do filho mais velho’?

FONTE: SUPER CURIOSO

Quando você pesquisa “filho mais velho” no Google, esta é a primeira pergunta que aparece: “é muito difícil ser o filho mais velho?”. Para isso, a Aha Parenting responde que, ainda que não importa quantos anos você tenha, espera-se que os mais velhos assumam mais responsabilidades. Essa é considerada uma das razões pelas quais os filhos mais velhos costumam ser descritos como responsáveis, sensíveis, perfeccionistas e um pouco mais ansiosos que os seus irmãos mais novos.

Na tese Ordem de Nascimento e Seu Efeito na Depressão em Adultos, Sumbul Zaidi levantou a hipótese de que o filho primogênito é mais suscetível à depressão do que o filho do meio e o mais novo, isso porque ele tem mais expectativas a seguir em relação aos seus homólogos. Eles acabam desenvolvendo ansiedade devido à pressão em corresponder às expectativas dos pais, que incluem a necessidade em ser um modelo de inteligência, competência e responsabilidade entre os irmãos.

Esses fatores, associados ao medo de errar e a pressão em ser o filho perfeito, são responsáveis pelo que os psicólogos chamam de síndrome do filho mais velho.

O primeiro amado

(Fonte: Getty Images)(Fonte: Getty Images)

A princípio, existem várias vantagens em ser o filho mais velho. Normalmente, é ele quem tem o primeiro direito a escolha, bem como é considerado o mais confiável e responsável por deter a admiração dos mais jovens. Isso, no entanto, pode durar muito pouco, ou se transformar em uma necessidade megalomaníaca.

Os filhos mais velhos podem acabar apresentando comportamento mandão e/ou dominador, com uma necessidade extrema em ser perfeccionista, uma autoestima muito acima da média, e comportamento competitivo doentio. Essas características implicam em enxergar seus irmãos como uma espécie de asseclas, podendo se colocar até mais alto que os pais por deter um suposto conhecimento que não existe sobre os demais.

Por outro lado, o psiquiatra Alfred Adler adiciona que o filho primogênito pode também apresentar características totalmente opostas, podendo ser obstinados e independentes, ou complacentes para agradar a todos.

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Com apenas os pais para admirar ou pedir conselhos, é provável que um sentimento de isolamento possa surgir, afetando sua personalidade. Frank Sulloway, autor de Born to Rebel, alega que são esses papeis que os irmãos adotam que levam a diferenças de comportamentos, com os pais tendendo a forçá-los, quer percebam ou não.

Publicado no Journal of Gerontology: Social Sciences, a professora Jill Suitor, da Pardue University, liderou um estudo em que foi analisado que os filhos considerados favoritos por suas mães correm maior risco de sofrer de depressão em relação aos demais irmãos. Ela teve como base os dados observados nos níveis de proximidade emocional, conflito, orgulho e decepção entre os filhos adultos.

“Isso vem da maior tensão entre irmãos experimentada por filhos adultos favorecidos pela proximidade emocional ou pelos maiores sentimentos de responsabilidade pelo cuidado emocional de sua mãe”, disse Megan Gilligan, que também trabalhou na pesquisa.

O outro problema

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O outro lado da moeda que afeta os primogênitos diz respeito a como a estrutura deposita o fardo emocional em mulheres, encorajadas a assumir o cargo de chefe de família desde a mais tenra idade, indo muito além de ser apenas um exemplo para seus irmãos mais novos. É depositado a tarefa de ajudar nos afazeres domésticos, cuidar dos pais doentes, fazer listas de compras e outras tarefas.

Com objetivo de lançar luz sobre o problema e falar acerca das de que meninas são naturalmente melhores em cuidar, subiu a #EldestDaughterSyndrome no TikTok. A trend reuniu adolescentes falando sobre a quantidade injusta de trabalho não remunerado e não apreciado que fazem em suas famílias, além de discutirem os efeitos adversos que isso causa em seus estudos, saúde e bem-estar.

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No estudo “Estrutura do agregado familiar e tarefas domésticas: avaliando as contribuições de todos os membros do agregado familiar”, Jonathan Gershuny e Oriel Sullivan mostraram que as meninas entre 5 e 14 anos gastam 40% mais tempo no trabalho doméstico do que os meninos. Trata-se não só de um processo de parentificação como reprodução da desigualdade de gênero no trabalho doméstico de uma geração para outra.

A cura do problema é considerada “simples”: reconhecimento do fardo injusto que os pais depositam nas filhas mais velhas e redistribuição das tarefas de maneira igualitária. No entanto, enquanto a questão não for vista como estrutural e parar de ser normalizada, o progresso será árduo.

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