Declarações polêmicas e alinhamento político teriam motivado as dispensas; emissora fala em “renovação do quadro”
As jornalistas Eliane Cantanhêde e Daniela Lima foram desligadas da GloboNews nesta segunda-feira (4). A emissora classificou as saídas como parte de um “movimento permanente de renovação do quadro”, mas informações de bastidores indicam que ambas as demissões foram motivadas por questões editoriais e de posicionamento político.
Inicialmente, a saída de Eliane Cantanhêde foi tratada como um pedido de demissão. Porém, fontes apontam que ela foi dispensada após declarações consideradas insustentáveis pela direção da emissora. O estopim teria sido um comentário durante uma reportagem sobre o ex-presidente Jair Bolsonaro, em que Eliane se referiu ao deputado Hélio Lopes (PL-RJ), conhecido como Hélio Negão, como alguém que “carrega a mala do Bolsonaro” e é “usado como um serviçal”.
Já Daniela Lima, segundo o jornalista Ricardo Feltrin, teria adotado um comportamento classificado como “militância” pela cúpula da GloboNews. Desde o início do governo Lula, sua postura teria migrado do jornalismo para o governismo explícito, segundo avaliação interna. A leitura é de que sua atuação ultrapassou o limite da cobertura e passou a defender o governo federal.
A emissora confirmou ainda a saída de Mauro Paulino, ex-diretor do Datafolha, reforçando o argumento de que as mudanças fazem parte de um processo de reestruturação. “Como parte do movimento permanente de renovação do quadro do canal, Eliane Cantanhêde, Daniela Lima e Mauro Paulino não integram mais o time da GloboNews”, informou a nota oficial.
A jornalista Eliane Cantanhêde atuava na GloboNews desde 2010 como comentarista do programa Em Pauta. Formada pela Universidade de Brasília (UnB), tem passagens pela revista Veja, Gazeta Mercantil, Estado de S. Paulo e dirigiu a sucursal da Folha de S. Paulo em Brasília entre 1997 e 2003. Após sua saída, não se manifestou publicamente.
Daniela Lima, por outro lado, usou as redes sociais para se despedir. “Deixo a GloboNews com a sensação de missão cumprida, cabeça erguida, sedenta pelos próximos desafios. Viva o novo!”, escreveu. Ela ficou dois anos na emissora e era uma das principais âncoras da cobertura política.
