No final da tarde de segunda-feira (14/10), equipes da 9ª DP (Lago Norte) prenderam em flagrante três indivíduos responsáveis por um esquema de venda de medicação controlada sem a receita médica necessária, em especial, o Zolpiden – um forte medicamento sedativo para tratamento de insônia.
Após a interceptação de uma carga de 450 comprimidos de Zolpiden, que estava sendo levada por um motoboy de uma drogaria do Cruzeiro para um viciado no Lago Norte, os policiais civis retornaram à drogaria e prenderam o proprietário, o farmacêutico técnico responsável e o balconista, efetivando uma das maiores apreensões de medicação controlada da história do DF.
A investigação se iniciou após uma moradora do Lago Norte registrar uma ocorrência, apontando que sua filha precisou ser internada em SP por vício em Zolpiden. No quarto da filha, foram encontrados cerca de 180 caixas do medicamento e os familiares não sabiam o que fazer com aquela quantidade de medicação controlada. Com as informações prestadas pela família, os agentes passaram a monitorar a farmácia do Cruzeiro responsável pela venda da droga sem receita, vindo a interceptar uma das entregas. Ao retornarem ao estabelecimento, encontraram dezenas de caixas de medicações controladas exposta à venda sem receita, entre eles, Zolpiden, Ritalina, canabidiol, Alprazolam, e Sibutramina.
A farmácia era conhecida por revender as medicações sem retenção da receita médica obrigatória, e fornecendo-as para dezenas de pessoas.
Os criminosos foram indiciados por tráfico de drogas que é considerado hediondo e possui pena em abstrato de cinco a 15 anos. “Depois da operação, recebemos informações sobre diversas outras farmácias que estariam fazendo o mesmo. Iremos mapeá-las e prender todos que busquem o lucro pelo incentivo ao vício alheio. Venda de medicação controlada sem a retenção de receita obrigatória se equivale ao tráfico de drogas, sendo uma conduta gravíssima”, reforçou o delegado da 9ª DP, Eric Sallum.
EPIDEMIA DE ZOLPIDEN
O uso abusivo do deste sedativo alcançou um status de “epidemia” no Brasil, motivando alertas dos médicos, e até uma decisão recente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que alterou os tipos de receita e as regras para prescrição e venda em farmácias. O Zolpiden possui alta capacidade viciante e pode produzir convulsões, caso seja repentinamente cessada sua ingestão. Ele também pode causar apagões de memórias, induzindo as pessoas a fazerem coisas de que depois não se lembram. Esse efeito hipnótico é usado também pelos criminosos para dar o chamado “golpe do boa-noite cinderela”.
“Familiares devem ficar atentos sobre a compra e uso indiscriminado dessa medicação, avisando à polícia caso percebam que parentes a têm comprado sem acompanhamento médico e receitas”, explica o delegado Sallum.
Parte da comunidade médica nacional atribui à flexibilidade de acesso ao Zolpiden para o atual uso abusivo do fármaco. Até o final da década de 1990, a droga integrava a lista de “remédios tarja preta” do Ministério da Saúde. Para conseguir comprá-la, os pacientes deveriam apresentar na farmácia uma receita azul, mais difícil de se conseguir. Em dezembro de 2001, no entanto, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) retirou o medicamento do grupo da “tarja preta” e estabeleceu que os indivíduos poderiam adquirí-lo com uma receita de controle especial, aquela emitida em duas vias, uma para paciente e outra para farmácia. Na prática, ela é menos rigorosa. A própria ANVISA percebeu o crescimento exponencial do uso abusivo e, a partir de agosto de 2024, voltou a cobrar o receituário azul (B).
Todavia, por falta de fiscalização administrativa, farmácias estão fazendo compras em grandes quantidades nos laboratórios e revendendo no mercado paralelo sem alimentar o sistema de controle.
Assessoria de Comunicação – Ascom/DGPC
PCDF, excelência na investigação