Os orixás são divindades da mitologia iorubá (nagô) reverenciadas por adeptos das religiões afro-brasileiras, como o candomblé e a umbanda. Foi Olorum, o deus supremo iorubá, quem criou os orixás, deuses que governam todos os aspectos da vida e da natureza. Existem mais de 200 orixás na mitologia iorubá, mas nem todos são cultuados no Brasil.
Para os adeptos das religiões afro-brasileiras, cada pessoa está vinculada a um ou mais orixás, que atuam como deuses protetores ou guardiões. Durante os cultos e as festas, os orixás são invocados, deixando sua morada sobrenatural (orum) para se manifestar aqui na terra (aiê) através do corpo de seus filhos.
Trazido pelos africanos escravizados, o culto aos orixás nunca teve vida fácil no Brasil. Durante a colonização, a imposição das crenças europeias foi uma ameaça constante a essa tradição. O sincretismo religioso (a associação de divindades africanas a santos católicos) é resultado de uma estratégia de sobrevivência cultural utilizada pelos negros escravizados.
Oxalá
Oxalá é um orixá masculino, criador do mundo e da humanidade. Na África, é conhecido como Obatalá. No Brasil, seu culto foi introduzido por africanos escravizados que se referiam a Obatalá como “orixá dos orixás”, de onde surgiu o nome Oxalá. É considerado pelos adeptos das religiões afro-brasileiras um dos orixás mais importantes dentre todas as entidades iorubá.
A cor de Oxalá é o branco e uma de suas maiores virtudes é a sabedoria. Na mitologia, Oxalá é o Grande Orixá, o primeiro a ser criado por Olorum – o deus supremo, criador dos orixás. No sincretismo, Oxalá é associado a Jesus Cristo.
Xangô
Xangô, orixá do trovão e da justiça, é um dos deuses africanos mais cultuados no Brasil e às vezes considerado superior aos demais orixás. Essa superioridade talvez tenha a ver com o fato de Xangô, na mitologia iorubá, ser um rei, responsável pela administração dos negócios públicos e pela aplicação da justiça.
O símbolo de Xangô é o machado, instrumento que simboliza a justiça e a força. O machado de Xangô (oxê) tem duas lâminas viradas para direções opostas, o que significa que a justiça sempre olha para os dois lados, visando à neutralidade. Suas cores são o marrom e o vermelho (seu elemento é o fogo). É associado a São Jerônimo.
Iemanjá
Iemanjá, também chamada de Rainha do Mar, é uma orixá feminina relacionada às águas salgadas. Sua morada é o mar, onde todos os anos recebe oferendas de seus devotos, seja no dia 2 de fevereiro (dia da orixá) ou na passagem do ano. Iemanjá é a protetora dos pescadores e dos navegantes.
Talvez seja a orixá mais popular do Brasil, sendo reverenciada até por seguidores de outras religiões. Suas cores são o branco e o azul claro, e no sincretismo ela é associada a Nossa Senhora.
Exu
Exu é a divindade mensageira dos povos iorubá, fazendo a comunicação entre a terra e o mundo dos deuses. Senhor das encruzilhadas, Exu é o orixá que tem o poder de fechar ou abrir os caminhos, decidindo quem pode ou não passar.
Em suas orações, os devotos de Exu geralmente lhe pedem para destrancar as passagens, viabilizando a evolução pessoal. Mas também pedem para Exu intervir trancando o ódio, o egoísmo e os maus sentimentos. Além de dono das encruzilhadas, Exu é o guardião das entradas. Suas cores são o preto e o vermelho.
Dentre todos os orixás, Exu é o mais mal compreendido. Isso se deve a uma associação equivocada entre o orixá mensageiro e o diabo do catolicismo.
Ogum
Ogum é o orixá guerreiro, famoso por sua bravura. Nas representações, Ogum costuma aparecer em posição de combate, empunhando sua espada. É também o orixá da metalurgia, sendo ele o governador do ferro e dos utensílios que são feitos a partir desse material.
Orixá da luta e do trabalho, Ogum é padroeiro dos militares e dos ferreiros (e outros trabalhadores manuais). As cores de Ogum variam: na umbanda, é o vermelho; no candomblé, o azul, o branco e o verde. É associado a São Jorge, o Santo Guerreiro do catolicismo.
Oxum
Oxum é a orixá das águas doces, das fontes, dos rios, das cachoeiras e dos lagos. Orixá feminina, Oxum é associada à maternidade (é comum que seus devotos se dirijam a ela como Mamãe Oxum), à fertilidade e ao amor.
Costuma ser representada como uma mulher bela, delicada e vaidosa, geralmente adornada com colares e joias. Como deusa da fertilidade, Oxum também está ligada à riqueza, e por isso seu metal é o ouro. A cor de Oxum é o amarelo, que simboliza a prosperidade, mas também pode ser o azul.
Oxóssi
Oxóssi é a divindade da caça, representado como um grande caçador empunhando o arco e a flecha. Sua morada é a floresta, onde exerce domínio sobre os animais e as plantas. Por isso, Oxóssi é um orixá provedor, sendo aquele que fornece não só o fruto da caça, mas também da agricultura.
Suas cores variam: no candomblé, é o azul claro; na umbanda, o verde. No sincretismo, Oxóssi é São Sebastião.
Iansã
Iansã (também chamada de Oiá) é uma orixá guerreira, senhora de eventos climáticos como os raios, os vendavais, as tempestades e os trovões. Iansã domina esses elementos, e por isso é conhecida como Rainha dos Raios. Suas cores são o marrom e o vermelho.
Uma das atribuições de Iansã é guiar os espíritos dos mortos para o mundo sobrenatural. Pela sua índole guerreira, costuma-se associá-la a Joana D’Arc, a chefe militar francesa que foi canonizada pela Igreja. Iansã também é associada a Santa Bárbara em razão dessa santa ser conhecida como protetora contra os raios e as tempestades.
Obaluaê (Omulu)
Obaluaê (ou Omulu) é o orixá curandeiro, senhor das pestes e das pragas. No idioma iorubá, Obaluaê significa “rei da vida na Terra”. Trata-se de um orixá temido e venerado, já que ele pode trazer a doença ou curar os enfermos.
Diz a lenda que Obaluê conseguiu se curar da varíola, que lhe deixou o corpo coberto de marcas de feridas. Sua vestimenta (axoicó), feita de palha-da-costa, serve para esconder essas marcas. Suas cores são o preto, o branco e o vermelho. É identificado com São Lázaro e São Roque.
Oxumarê
Oxumarê é o orixá do movimento, da transformação, dos ciclos naturais (como as estações do ano e o ciclo dia/noite) e da continuidade da vida. Por representar a circularidade da vida, Oxumarê está associado à renovação.
Uma característica importante desse orixá é a dualidade, a contradição. É masculino e feminino ao mesmo tempo, noite e dia, céu (arco-íris) e terra (cobra). Suas cores são as cores do arco-íris, e no sincretismo Oxumarê é São Bartolomeu.
Nanã
Nanã é a orixá anciã, a mais velha divindade feminina do panteão iorubá. É a velha matriarca que participou da concepção do mundo, ao lado de Oxalá. Está associada ao barro, elemento a partir do qual foram feitos os seres humanos. Por isso, é conhecida como divindade da lama.
Por tudo isso, Nanã está vinculada à maternidade e à sabedoria ancestral. Ela tem várias cores: roxo, azul, branco e lilás. Por ser a orixá mais velha, é associada a Santana, avó de Jesus Cristo.
Logunedé
Logunedé está associado ao amor e à fraternidade. É um orixá muito belo e jovem, filho de Oxóssi com Oxum, de quem herdou suas características: de Oxóssi, a ligação com as matas; de Oxum, a ligação com o elemento água. É orixá da caça e da pesca.
Tal como Oxumarê, Logunedé é um orixá masculino e feminino ao mesmo tempo. Na mitologia iorubá, metade do ano Logunedé vive como uma bela ninfa, outra metade como caçador. Suas cores são o amarelo e o azul-turquesa.
Ossaim (Ossanha)
Ossaim é o orixá das plantas e das ervas medicinais. É um orixá muito sábio, o único que conhece o segredo das folhas, que são fundamentais nos rituais religiosos e nos processos de cura das mazelas do espírito e do corpo.
Ossaim habita as matas. Suas cores são o verde e o branco.
Obá
Obá é a orixá do rio Obá, que fica na Nigéria. Portanto, essa orixá feminina também está relacionada às águas, tal como Iemanjá e Oxum. É uma orixá guerreira, conhecida por seu temperamento forte e destemido, e por isso é encarada como símbolo do poder feminino.
Por ser uma orixá guerreira, seus símbolos são a espada e o escudo. Suas cores são o amarelo, o vermelho e o marrom. No sincretismo, é identificada, tal como Iansã, com Joana D’Arc, santa padroeira da França.
FONTE: HIPER CULTURA