As noções de higiene pessoal de um viking aos olhos de um árabe do século X eram realmente chocantes. Pois, para um habitante da Bagdá abássida, era como se aquele povo europeu literalmente fosse desprovido das mesmas.
Em sua expedição diplomática pelo rio Volga, o embaixador, jurista, escritor, e explorador muçulmano Ahmad Ibn Fadlan (879-960) nos deixou um testemunho detalhado em primeira mão sobre a cultura, religião e costumes dos povos nórdicos popularmente conhecidos hoje como ‘’vikings’’, mas que ele pessoalmente chamava de ‘’rus’’. Ahmad os admirava pela beleza, estatura e bravura, mas tinha um completo nojo de seus hábitos ao se lavarem pela manhã. Ele narra em sua Risala:
“Eles são as criaturas mais imundas criadas por Deus. Não tem vergonha quando urinam ou defecam, e não se lavam após a relação sexual os deixar sujos. Eles nem sequer lavam suas mãos depois de comer. São como jumentos perambulantes. Eles chegam, atracam seus barcos no rio Itil, e constroem grandes casas de madeira na sua margem. Eles compartilham a mesma casa em grupos de dez ou vinte, cada um dormindo na sua esteira. Lhes acompanham lindas escravas para serem negociadas com os mercadores. Eles fazem sexo com elas na frente de seus companheiros. As vezes se juntam em um grupo e fazem isso uns na frente dos outros. Um mercador pode vir a querer comprar uma escrava, e se depara com seu dono transando com ela. E o viking não a deixa até que satisfaça seu desejo.
Eles têm que lavar seus rostos e cabeças todos os dias na água mais podre e mais estragada que você possa imaginar. Deixe-me explicar. Toda manhã uma escrava lhes traz uma larga bacia cheia de água e a dá ao seu dono. Ele lava suas mãos, rosto, e cabelo naquela água. Em seguida, molha um pente na mesma água e penteia seu cabelo. Então assoa seu nariz e cospe na bacia de água. Ele é disposto a fazer qualquer imundice ou ato impuro naquela água. Quando termina, a escrava carrega a mesma bacia com água para o próximo homem no local, que faz a mesma coisa que o anterior. Ela carrega aquilo de um homem para o outro, até que tenha passado por todo mundo na casa. Todos os homens assoam o nariz e cospem na bacia, e então lavam seu rosto e cabelo nela.’’
Parte desta cena do encontro do emissário árabe com os vikings foi recriada no filme O 13º Guerreiro de 1999, onde Ahmad Ibn Fadlan, o protagonista, é representado por Antonio Banderas, sendo o filme baseado no livro Devoradores de Mortos de Michael Crichton.
FONTE: HISTÓRIA ISLÂMICA