Racha no PT: petistas criticam eleição e condenam Maduro

Correligionários divergem sobre posicionamento do partido quanto às eleições na Venezuela

O Partido dos Trabalhadores (PT) enfrenta uma divisão interna após seu posicionamento oficial sobre o resultado das eleições na Venezuela, que declarou Nicolás Maduro como vencedor. A nota oficial da Executiva Nacional do PT, presidida pela deputada federal Gleisi Hoffmann, chamou Maduro de “presidente reeleito” e desejou que ele “continue o diálogo com a oposição”. No entanto, essa declaração foi considerada “precipitada” por uma ala mais moderada do partido, que criticou a falta de lisura no processo eleitoral e classificou Maduro como ditador.

Deputados e senadores do PT expressaram suas preocupações com o regime chavista, que tem um histórico de prisão de adversários políticos e de proibir os principais opositores de concorrer à presidência. O senador Fabiano Contarato (PT-ES) afirmou que o PT deveria ter adotado uma “postura cautelosa” diante das “investidas autoritárias” de Maduro. Em uma publicação na rede social X, Contarato criticou a falta de transparência no processo eleitoral venezuelano e destacou que os resultados divulgados pelo governo chavista não merecem o aval da comunidade internacional.

O líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), também criticou o tratamento dado pela Executiva do PT ao ditador venezuelano. Em entrevista à CNN Brasil, Randolfe descreveu o regime de Maduro como “autoritário” e afirmou que a eleição foi “sem idoneidade”.

O senador Paulo Paim (PT-RS) foi outro que expressou sua insatisfação com a falta de transparência por parte dos órgãos eleitorais venezuelanos. Paim enfatizou que não há democracia em países onde há desrespeito à liberdade política e de expressão e aos direitos humanos. “A situação na Venezuela é gravíssima e lamentável. Espero por dias melhores para o seu povo e para o país como um todo”, declarou.

O ex-presidente nacional do PT, Tarso Genro, também se posicionou contrariamente ao partido em relação às eleições na Venezuela. Genro destacou a importância de verificar as atas eleitorais para garantir a lisura das apurações. Ele comparou a situação venezuelana à possibilidade de uma fraude eleitoral no Brasil, afirmando que, se o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) definisse o resultado das últimas eleições presidenciais com 70% dos votos apurados, Jair Bolsonaro seria o presidente.

O deputado federal Reginaldo Lopes (PT-MG) já havia se posicionado contra a postura de Maduro antes da divulgação da nota oficial do PT, classificando-o como “um ditador”. A deputada federal Camila Jara (PT-MS) reforçou a importância da transparência nas eleições e defendeu uma auditoria nos resultados para proteger a democracia.

Enquanto isso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ainda não reconheceu a reeleição de Maduro e cobrou a divulgação das atas eleitorais para comprovar quem foi o verdadeiro vencedor das eleições venezuelanas. Essa posição é compartilhada por outros governos sul-americanos e pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. Na última terça-feira, Lula e Biden conversaram por telefone e defenderam a divulgação dos documentos das sessões eleitorais, um movimento que contraria a postura oficial do PT.

A crise interna no PT reflete a complexidade da situação política na Venezuela e a necessidade de uma abordagem cuidadosa e transparente para garantir a democracia e a justiça eleitoral no país.

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