FONTE: MEGA CURIOSO
Embora o ato de andar seja uma tarefa relativamente simples e inconsciente para a grande maioria das pessoas do mundo, esse é um exercício bastante complicado — pelo menos em termos biomecânicos. Para darmos um único passo, realizamos uma série de tarefas muito bem calculadas.
Em primeiro lugar, colocamos o calcanhar no chão para formar um suporte. Em seguida, depositamos todo o equilíbrio do corpo em uma perna de apoio, para finalmente “rolarmos” na ponta dos nossos pés e nos impulsionarmos para frente. Mas, afinal, por que andamos de uma maneira tão estranha em comparação com o restante dos seres vivos? Entenda o que diz a ciência.
Entendendo o corpo humano
(Fonte: Shutterstock)
Ao observar o movimento humano, pesquisadores da Universidade de Munique constataram que nós “saltamos” duas vezes antes de dar um próximo passo. Ou seja, enquanto preparamos o nosso outro pé para caminhar, nosso joelho se dobra e se estende uma vez quando o pé toca o solo pela primeira vez e novamente logo antes da impulsão.
O primeiro salto é o que ajuda o nosso pé a absorver o impacto do nosso peso quando atingimos o solo. Já o segundo salto permaneceu sendo uma característica humana completamente misteriosa por muitos anos. Em um artigo publicado na Physical Review, os cientistas criaram uma teoria para explicar a particularidade do nosso movimento.
Ao modelar as forças físicas que impulsionam nosso salto duplo, eles passaram a deduzir que essa é uma técnica criada por nós para economizar energia e priorizar a resistência em detrimento da velocidade. A partir dessa descoberta, os especialistas acreditam que isso pode ajudar a melhorar os designs protéticos e robóticos ou até mesmo fornecer informações sobre a evolução dos nossos antepassados.
Estranho padrão de caminhada
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Segundo o modelo criado pelos pesquisadores, dois fatores concorrentes influenciam na forma como nosso pé se move: a força da parte superior do corpo que o mantém ancorado no chão e o torque do tornozelo para tentar girar a perna durante o balanço inicial. Desde que a primeira força seja maior do que a segunda, permaneceremos eretos.
Porém, se o resultado se inverte, temos força suficiente para irmos para frente. Na visão dos cientistas, os primeiros humanos teriam uma vantagem considerável na caça se tivessem aprendido a andar dessa maneira — uma vez que se cansariam menos enquanto perseguiam uma presa. Por termos pés chatos e pernas pesadas, não somos seres vivos otimizados para se mover tão rapidamente quanto animais de quatro patas. Mesmo assim, é possível que tenhamos evoluído para ter uma vantagem à distância percorrida.
Tendo isso em mente, a razão pela qual a nossa caminhada é tão esquisita e diferente em relação a outros animais seria bastante simples: ela nos forneceu uma vantagem, evolutivamente falando. Caso esse jeito “saltitante” de caminhar não tivesse sido bom para nossos antepassados, dificilmente seríamos do jeito que somos atualmente.