Uso irregular de programa espião levou a prisões e afastamentos na Agência de Inteligência
Servidores da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) teriam realizado monitoramento ilegal de adversários do ex-presidente Jair Bolsonaro e jornalistas, segundo uma investigação da Polícia Federal (PF). A operação resultou na prisão de dois servidores da Abin e no afastamento de outros cinco, e revelou o uso do programa espião “FirstMile”, de origem israelense, entre dezembro de 2018 e 2021, com maior intensidade no último ano, próximo à pré-campanha eleitoral.
Além de adversários políticos, o monitoramento ilegal incluiu policiais, advogados, juízes e membros do Supremo Tribunal Federal (STF). O contrato que autorizou o uso do programa, segundo a Abin, teve início em dezembro de 2018 e encerrou em maio de 2021, período em que Alexandre Ramagem, atual deputado do mesmo partido de Bolsonaro (PL), era diretor da Abin.
O programa espião permitia a localização e rastreamento de aproximadamente 10 mil proprietários de celulares anualmente, sem autorização judicial. Os servidores da Abin envolvidos chegaram a usar o conhecimento sobre o uso indevido como meio de coerção para evitar demissão em processo administrativo disciplinar.
A Abin, até o momento, não comentou a operação, e a CNN buscou respostas do ex-diretor da Abin, Alexandre Ramagem, e da defesa do ex-presidente Bolsonaro, sem sucesso. A investigação sobre o uso irregular do programa espião começou após uma denúncia em março pelo jornal O Globo e resultou na abertura de inquérito pela PF.