Veja como fazendeiro teria ajudado a esconder Lázaro Barbosa, segundo caseiro

Depoimento à polícia mostra que o fugitivo pernoitou na fazenda do patrão por cinco dias. Advogados do caseiro e do fazendeiro alegam que eles não ajudaram a fuga de Lázaro

O depoimento do caseiro suspeito de ajudar Lázaro Barbosa a fugir da polícia revela como o patrão dele teria colaborado para esconder o fugitivo das buscas da força-tarefa pela região de Cocalzinho de Goiás. Ele contou detalhes da rotina de Lázaro no local e o viu diversas vezes com uma espingarda e um celular. Os advogados de defesa do fazendeiro e do caseiro alegam que eles não ajudaram a esconder o suspeito.

Os dois foram presos na noite de quinta-feira (24), mas apenas o caseiro recebeu liberdade provisória no dia seguinte, após audiência de custódia. O advogado do caseiro afirmou que levou o cliente para um local seguro para protegê-lo durante o processo, já que teme que ele seja linchado.

O advogado do fazendeiro, por sua vez, disse que o cliente não conhece o fugitivo e que a versão do caseiro é fantasiosa.

Lázaro está sendo procurado há 18 dias por uma força-tarefa que envolve mais de 270 policiais, helicópteros e cães farejadores. As buscas começaram após uma chacina em Ceilândia, no DF, em que quatro pessoas da mesma família foram mortas. O procurado é suspeito do crime e, segundo as investigações, está se escondendo na região de mata de Cocalzinho de Goiás.

Veja como o fazendeiro teria ajudado Lázaro:

  • Alimentação

Lázaro tomava café da manhã, almoçava e jantava na fazenda. O caseiro disse no depoimento, na quinta-feira (24), que percebeu a falta de leite na geladeira, copos sujos na pia e pães na mesa, sendo que nem ele nem o fazendeiro dormiam no local. Ele disse que ouviu o chefe chamar por Lázaro no horário de almoço, informando que a comida estava pronta, e que reparou quantidades maiores de refeição sendo preparadas.

“Vem almoçar Lázaro”, gritava o fazendeiro em direção à mata, segundo o caseiro.

Á noite, antes de ir embora, o patrão gritava novamente em direção ao mato: “A porta vai ficar aberta”, conforme o depoimento.

Segundo o caseiro, Lázaro Barbosa dormia na fazenda há pelo menos cinco dias.

  • Esconderijo em depósito

O fugitivo usava um depósito da casa para se esconder quando a polícia passava pela região. Nesse local, ficavam equipamentos e uma máquina de cortar grama.

Na ocasião em que policiais entraram na fazenda e prenderam os dois, o caseiro relatou que Lázaro viu a chegada da equipe e correu para este depósito.

O caseiro cuidava das vacas e voltou para o interior da casa. Logo, o fugitivo fez um sinal com as mãos para ele sair da residência. Ao olhar para fora, viu equipes da força-tarefa na cerca de arame. ele não avisou que Lázaro estava escondido no depósito por ter sido ameaçado de morte por ele.

  • Pernoites

Segundo o depoimento do caseiro, Lázaro dormiu na fazenda entre os dias 18 e 23 de junho. Ele contou que percebeu que o colchão de um dos quartos sempre estava fora do lugar original todos dias.

Ele ressaltou que nem ele nem o patrão dormem na chácara. Uma outra ordem dada pelo chefe era de deixar as portas destrancadas quando fosse embora.

  • Proteção contra a polícia

O fazendeiro teria atuado também a favor de Lázaro quando impediu a entrada de policiais da força-tarefa para vasculharem a área. Na tarde do dia 23 de junho, uma equipe do Comando de Operação de Divisas da Polícia Militar (COD) foi proibida de entrar na fazenda pelo proprietário.

Em relação à proibição da entrada de militares em sua propriedade, o advogado alega que o fazendeiro proibiu porque os policiais saem e deixam as portas abertas, o que provoca a saída de animais do local.

O caseiro disse que recebeu ordens de não deixar a polícia entrar no terreno desde o dia 18 de junho. Ele trabalhava na fazenda há 21 dias.

Buscas por Lázaro Barbosa são feitas por mais de 200 policiais do DF e Goiás — Foto: TV Globo / Reprodução 

Um major do COD contou em depoimento que a equipe desautorizada a entrar foi tratada com desrespeito pelo fazendeiro, que também alegou que a polícia não sabia trabalhar.

No dia 24 de junho, uma outra equipe voltou ao local e encontrou uma porteira trancada com um cadeado. Passaram por debaixo dela. Ao caminhar dentro do terreno, encontraram outra porteira fechada com cadeado e passaram novamente por ela.

Relação de proximidade

O depoimento do major do COD relata ainda que o caseiro revelou uma relação de proximidade entre o fazendeiro e a família de Lázaro. O patrão teria prestado auxílio financeiro aos familiares quando o irmão de Lázaro morreu.

A mãe e o tio do fugitivo já trabalharam para o fazendeiro. No dia em que a polícia conseguiu entrar na casa, um militar viu o nome do tio de Lázaro escrito com tinta numa parede da residência.

Rafael Oliveira, G1

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