Com o objetivo de debater a desinstitucionalização e fortalecer a Rede de Atenção Psicossocial (Raps), a Secretaria de Saúde (SES-DF) promoveu, nesta quinta-feira (7), a VII Jornada Acadêmica do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde Mental do Adulto. O evento, que ocorreu no auditório do Centro Universitário Iesb, em Ceilândia, contou com a participação de cerca de 250 pessoas, entre estudantes residentes, profissionais e usuários da rede pública.
“Queremos que a população conte com profissionais de saúde capacitados e os pacientes recebam um tratamento aberto, que priorize o cuidado pela via dos direitos humanos”
Waleska Batista, coordenadora do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde Mental do Adulto
“Estamos no processo de desmobilizar leitos psiquiátricos especializados, o que exige a criação de estratégias e serviços substitutivos a esses hospitais de saúde mental”, explicou a gerente de Normalização e Apoio de Saúde Mental da SES-DF, Jamila Zgiet. O evento, segundo ela, permite que profissionais experientes da rede contribuam com ideias e experiências para avançar de maneira sólida e sustentável nesse caminho.
Capacitação
A programação incluiu discussões sobre panorama da Raps no DF, planos para desinstitucionalizar e atuação dos centros de convivência em saúde mental, além da apresentação de experiências dos residentes nas unidades de saúde mental. Também foi abordado o início das primeiras residências terapêuticas na capital, que visam oferecer suporte aos usuários em ambientes menos restritivos e mais próximos da convivência social.
“Queremos que a população conte com profissionais de saúde capacitados e os pacientes recebam um tratamento aberto, que priorize o cuidado pela via dos direitos humanos, realmente digno e respeitoso”, apontou a coordenadora do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde Mental do Adulto, Waleska Batista.
Inclusão
Outro destaque da jornada foi a Feira de Economia Solidária, que, por meio da exposição do trabalho de usuários da rede, busca incentivar a participação social e a geração de renda. Ambos são formas de reduzir os danos causados pelo uso de álcool e outras drogas.
Um dos trabalhos foi a apresentação Autorretrato desconstruído, ninguém me define, do grupo de mulheres da Unidade Básica de Saúde (UBS) 12 de Ceilândia. Há quase um ano no grupo, a paciente Conceição de Maria Fonseca, 56, relatou que, antes da troca e participação, se sentia triste e sozinha. “Hoje estou bem melhor, gosto de ir às rodas de bate-papo e também à reunião de geração de renda, que tem me ajudado financeiramente”, disse.
“As mulheres precisam perceber que o transtorno mental, tanto por uso abusivo de substâncias quanto relacionado a algum sofrimento, não as define”, defendeu a psicóloga da UBS 12 de Ceilândia, Melissa Pina. “Essas atividades as ajudam a perceber que elas têm, sim, uma vida e uma identidade.”
*Com informações da Secretaria de Saúde