Itamaraty enviará carta defendendo posição sobre Irã e reafirmando diplomacia pacifista
O governo brasileiro prepara uma carta oficial à revista britânica The Economist após a publicação de um artigo que critica o presidente Luiz Inácio Lula da Silva por perder influência internacional e se afastar do Ocidente. A resposta será assinada pelo chanceler Mauro Vieira e enviada pela embaixada do Brasil em Londres.
A reportagem da revista, publicada no último fim de semana, afirma que Lula não busca aproximação com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e critica a condenação feita pelo Itamaraty ao recente ataque norte-americano a instalações nucleares no Irã. A matéria também aponta um suposto isolamento do Brasil e uma perda de prestígio do petista no cenário internacional.
Na resposta, o Itamaraty reafirmará que o Brasil defende o uso exclusivo da energia nuclear para fins pacíficos e condena toda forma de proliferação nuclear, especialmente em regiões instáveis como o Oriente Médio. O ministério ainda reforçará o compromisso brasileiro com o direito internacional e a soberania dos Estados.
A carta destaca que ataques militares a complexos nucleares representam uma ameaça à vida humana e ao meio ambiente, por expor populações ao risco de contaminação radioativa e desastres de grande escala. O governo defenderá que a nota sobre o Irã está alinhada à tradição da diplomacia brasileira.
A resposta não deve abordar os pontos mais politicamente sensíveis da reportagem, como a queda de popularidade de Lula no Brasil e o distanciamento do governo em relação a Donald Trump ou Javier Milei, presidente da Argentina.
Com o gesto, o Palácio do Planalto pretende rebater parte das críticas internacionais e sustentar que sua diplomacia mantém coerência histórica, sem alinhamentos automáticos ou rupturas.