O filme já passou. E a plateia continua fingindo que é estreia

Por Tiago Lucero

Nota do autor

Antes de qualquer leitura enviesada, é preciso deixar algo claro: não sou bolsonarista, não endosso sua agenda retrógrada, moralista e tacanha. Considero Jair Bolsonaro um personagem medíocre, sem postura de estadista, incapaz de liderar com grandeza, e submisso a interesses mesquinhos. Não me alinho — nem jamais me alinharia — ao tipo de política que ele representa.

Dito isso, minha crítica a Lula não nasce de uma defesa ao oposto. Não é porque rejeito um, que devo poupar o outro. E neste ponto, sou categórico: Lula representa algo ainda mais perverso — um projeto de poder egocêntrico, cínico e psicopata, travestido de causa popular. Ignorar isso por conveniência é compactuar com o teatro.

A crítica que faço aqui não é uma defesa de direita ou esquerda. É um grito de lucidez em meio ao silêncio cúmplice. E se alguém se incomoda com isso, talvez o problema não esteja no que digo — mas no que se recusa a enxergar.

 

Não é fácil comparar Brasil e Venezuela. Geografias distintas, tempos históricos distintos, tramas sociais e institucionais com complexidades próprias. Mas quando se deixa de lado a superfície e se olha o enredo — não a estrutura, mas o sistema — o roteiro se revela perturbadoramente semelhante. E, mais uma vez, fingimos que estamos vendo algo novo. Não estamos.

Chávez chegou ao poder em 1999 com promessas de refundar a Venezuela. E refundou. Com uma nova Constituição, redesenhou os poderes, reinterpretou a lei, afastou a elite jurídica, cooptou o Exército, alargou o número de generais, desmontou o Legislativo e montou, em seu lugar, um teatro institucional. O Judiciário virou ferramenta. O Congresso, cenário. As eleições, coreografia para a plateia internacional. Houve reação — é verdade. E houve contra-reação. E foi aí que a Venezuela morreu.

No Brasil, o processo é mais sutil. Mais lento. Mais insidioso. Lula não é Chávez. É mais hábil, mais sorrateiro, mais dissimulado. Atua sob o verniz da institucionalidade. Desde 2003, e mais intensamente após 2008, iniciou-se um processo de instrumentalização silenciosa. Primeiro, o loteamento fisiológico do Congresso — transformando a corrupção em método e o mensalão em moeda. Depois, a cooptação judicial, com nomeações estratégicas e a guerra de narrativas contra qualquer freio de contenção institucional.

Hoje, temos um Judiciário partidarizado, onde o ministro mais poderoso do país age como censor-mor da República, blindando Lula e punindo adversários. O Legislativo, atolado em escândalos, perdeu o poder de barganha — porque está inteiro refém. E, assim como Chávez fez, Lula transforma a legalidade em aparato para a ilegalidade. A lei como mecanismo de dominação. O dinheiro público como ferramenta de perpetuação. E, o que é mais alarmante: a construção de um regime que não parece uma ditadura — mas é.

Agora, a reação americana começa a surgir. E como em Caracas, está centrada em seus próprios interesses geopolíticos e comerciais. Mas o movimento é claro: onde há ditadura, há conflito. E onde há conflito, há colapso.

Estamos a passos de um regime fechado, com aparência democrática. Um país isolado, com a economia sufocada e a liberdade extinta. O Brasil segue, linha por linha, o roteiro do colapso venezuelano. E quem insiste em não enxergar o óbvio, será cúmplice da tragédia.

Os próximos passos? E eles já começaram. A história, como sempre, é generosa com os atentos: ela grita em ecos, reverbera padrões, repete seus monstros. O que estamos vendo no Brasil de hoje não é um acaso nem um exagero retórico — é apenas o curso previsível de uma psicopatia embalada em marketing social. Lula não governa. Lula executa um script. Um script de poder absoluto, corrosivo, irredimível. E como todo psicopata, ele o faz com um sorriso, um aceno e um discurso de paz.

Chávez também foi aclamado. Também se dizia o salvador dos pobres, o inimigo do imperialismo, o redentor dos esquecidos. Subiu nas costas do Judiciário e das Forças Armadas, asfixiou a oposição, declarou guerra à imprensa, gritou contra fantasmas externos e internos — e usou cada um desses inimigos inventados como escada para seu império autoritário. A Venezuela morreu antes que percebesse. O Brasil está no mesmo trilho, apenas com melhor iluminação cênica.

E o que vem agora? Vem o pronunciamento. Gravado. Calculado. Líquido como veneno. Lula vai repetir, com outras palavras, a mesma ladainha: o país precisa ser protegido, os pobres precisam ser salvos, os ricos devem pagar. Vai encenar um drama nacional, demonizar adversários invisíveis, evocar o medo como justificativa para o controle. A narrativa será de enfrentamento — mas o enfrentado é você. É o cidadão comum. É a liberdade de expressão. É a autonomia do indivíduo. É o direito de pensar diferente.

O objetivo, embora camuflado, é escancarado: isolar o país. Fechá-lo como uma cápsula ideológica. Encenar uma democracia que não existe, onde tudo é decorado, onde o Congresso late mas não morde, onde o STF é um cartório de despachos do Planalto, onde os generais aplaudem de pé como serviçais uniformizados. Tudo será permitido — desde que obedeça. Desde que cale. Desde que aceite a mentira como única verdade oficial.

E quando a economia enfim tombar, sufocada por impostos, fugas de capitais e insegurança jurídica, restará apenas o banquete dos ratos. Lula e seus asseclas. Uma casta. Um sistema imune ao colapso que produz. Os mesmos que hoje dizem que “lutam pelos pobres” serão os senhores da miséria que criaram. E você, se reclamar, será chamado de golpista, extremista, criminoso.

Não é exagero. É o óbvio. A história já foi escrita. Estamos apenas assistindo sua reprise — como idiotas que pagam ingresso para rever sua própria tragédia.

Não digam que não fomos avisados.

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