As 6 fake news que mudaram rumos da História

Nos dias de hoje, muito se fala sobre as fake news. Porém, o que muitos não sabe é que elas já existem há muito tempo e o que o único diferencial de hoje é a rapidez com que elas se propagam. Como as fake news se propagaram ao decorrer da História?

Proclamação da República

A proclamação da república não era uma demanda popular, tão pouco a população participou desse evento. Na verdade, setores muito influentes na sociedade estavam incomodados com a monarquia, como por exemplo, a decisão de abolir a escravatura. Um setor que também estava incomodado com a monarquia eram os militares e podemos dizer que é dessa insatisfação que nasce nossa república. No dia 14 de novembro de 1889 boatos começaram a ser espalhados propositalmente pelo major Fredico Sólo de Sampaio. Os boatos diziam que Viscode de Ouro Preto, que era primeiro ministro de Pedro II) iria prender o Marechal Deodoro da Fonseca.  Os boatos se espalharam de maneira tão rápida, que chegaram aos quartéis e fomentaram os militares a dar um golpe na monarquia.

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Guerras Mundiais

No livro “Mensageiros do Desastre” a historiadora francesa Annette Becker estuda a influência que a propaganda da Primeira Guerra mundial teve sobre a Segunda. Uma série de notícias falsas foram difundidas contra os alemães entre 1914 e 1918. Os alemães eram acusados de todo tipo de brutalidade com fins propagandísticos. Contudo, essa propaganda teve um efeito negativo na percepção das atrocidades que de fato foram cometidas no holocausto. Os primeiros agentes poloneses sofreram a descrença quando levaram para as autoridades inglesas a notícia que os judeus estavam sendo exterminados na Alemanha. Um oficial britânico chegou a dizer “Senhor, durante a Primeira Guerra Mundial difundios a propaganda que soldados alemães esmagavam crianças belgas contra os muros. Acredito que fizemos bem. Isso nos ajudou a debilitar o moral do inimigo, a aumentar o ódio contra os alemães. Precisamos de relatos como o seu”. Ou seja, as autoridades mundias levaram muito tempo para acreditar, que de fato, era real o extermínio de judeus na Alemanha por causa das fake news espalhadas na Primeira Guerra Mundial.

Roma

Em Roma, os governantes sabiam da importância da informação de como ela poderia ser usada para manipular o povo de acordo com suas necessidades. O pesquisador Néstor F. Marqués diz que as notícias em Roma se transmitiam através de imagens “Nem todo mundo sabia ler ou escrever, por isso a informação visual era muito importante. A forma mais rápida de difundir a chegada de um novo imperador era cunhar moedas com sua cara”. E ele ilustra um caso de notícia falsa: “O imperador Septímio Severo, nascido em Leptis Magna e que nada tinha a ver com seu antecessor, o malogrado Cômodo, para legitimar seu poder decidiu espalhar a ideia de que ele próprio era o irmão perdido de Cômodo, filho ilegítimo de Marco Aurélio, e por isso a pessoa mais adequada para ocupar o cargo. Nas primeiras moedas que cunhou, se fez retratar com traços muito parecidos com os de Marco Aurélio”

Inquisição

A inquisição também se utilizava de notícias falsas, é o caso do Santo Menino da Guarda, que ocorreu em Toledo. Dezenas de Judeus e convertidos (cristãos novos) foram acusados de assassinar um menino. O problema, é que esse menino nunca existiu. O fato foi inventado em 1490 e teve um grande impacto, feito propositalmente, para servi de pretexto para a expulsão dos judeus em 1492 da região ibérica. A historiadora Mercedes García-Arenal diz “Nunca ninguém deu pela falta de menino nenhum, nem se encontrou qualquer corpo”. Mesmo sem ter nenhuma prova, construiu-se um processo de confissões sob tortura, e vários judeus e cristãos novos foram queimados.


Plano Cohen
O Plano Coehn foi um documento revelado pelos militares, que supostamente, tinha um plano de tomada do poder pelos comunistas. Em 30 de setembro de 1937, o general Góes Monteiro, chefe do Estado Maior do Exército brasileiro, noticiou, através do programa radiofônico Hora do Brasil, a descoberta do plano. Na verdade, isso foi uma fake news criada por Olímpo Mourão, que na época era general do Exército brasileiro, para garantir a permanência de Getúlio Vargas no poder. Como a autenticidade do documento não foi questionada, no dia seguinte ao pronunciamento do general Goés Monteiro e temendo a suposta “ameaça comunista”, Vargas declarou Estado de Guerra e declarou a ditadura do Estado Novo.

 

Incêndio do Reichstag

No dia 27 de fevereiro de 1933, o Reichstag, em Berlim, foi ateado em fogo. Esse episódio foi extremamente importante para o estabelecimento da ditadura nazista na Alemanha. Supostamente, o culpado pelo incêndio foi de Marinus van der Lubbe, um comunista. Os nazistas utilizaram desse ocorrido para dizer que os comunistas ameaçavam tomar o poder na Alemanha. Lubbe foi preso com mais quatro suspeitos. Com a justificativa de combater a ameaça comunista, o gabinete de Hitler expediu um decreto limitando a liberdade de imprensa e autorizava a polícia a banir encontros e marchas políticas. Milhares de opositores, incluindo comunistas, liberais e sociais-democratas foram presos e torturados. Mas existe algo muito estranho nessa História. O que os comunistas iriam ganhar com esse atentado? Como que um homem mais 4 comparsas planejaram isso sozinhos? Parece ser muita conveniência para os nazistas, que utilizaram o ocorrido ao seu favor. Os comunistas ainda chegaram a dizer que Lubbe era apenas um bode expiatório e que os nazistas causaram o incêndio. Anos mais tardes, em 2014, o historiador Benjamin Carter Hett em seu livro “Burning the Rheischstag” mostar como as milicias nazistas tinham um setor especializado em incêndios. E ainda levanta a tese que provavelmente eles estavam por traz de tudo e que o Lubbe foi apenas um bode expiatório. Até hoje, fica difícil de provar o que de fato aconteceu, mas uma coisa é óbvia: não existia ameaça comunista na Alemanha e que Hitler se beneficiou de uma notícia falsa para tomar o poder.

FONTE: HISTORIA NO PAINT
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