Nos trilhos do DF e Goiás: O Trem Inter metropolitano ligando o centro de Brasília à região sul

VLT de Brasília

O projeto de trens ligando Brasília até Luziânia, utilizando a malha já existente, é uma questão antiga na região.

Ela veio se arrastando por muitos anos até que finalmente chegou em sua etapa de implantação. Porém, marcado para estar em operação desde 2019 e adiado para 2020, nada ainda entrou nos trilhos.

Esse projeto irá utilizar-se da malha ferroviária já existente e fará o transporte de centenas de pessoas por meio do uso do Veículo Leve Sobre Trilhos – VLT. Com isso desafogando o trânsito caótico na região e dando mais uma opção de transporte rápido, moderno e seguro para quem mora nas cidades próximas a linha férrea.

Para a primeira fase de operação desse projeto, considerada a fase de testes operacionais, dois trens operariam entre Brasília e Valparaiso de Goiás, a cidade do Entorno mais próxima do DF que é servida pela ferrovia e tem hoje quase 200 mil habitantes segundo dados do IBGE.

Estas composições, inicialmente, estariam transportando entorno de 600 pessoas por dia. Ligando um ponto de partida a ser implantado, em caráter provisório, no trecho da via que passa dentro do Valparaiso I à Estação Rodoferroviária localizada no final do Eixo Monumental em Brasília.

O sistema será operado pela Companhia Brasileira de Trens Urbanos – CBTU. A Cia. utilizará VLTs movido a diesel, assim como ocorre em Natal, João Pessoa e Maceió. Onde esse sistema de trens metropolitanos vem funcionando ininterruptamente a décadas e transporta milhares de passageiros por dia.

Só que, nem tudo são flores. O que era para ter começado em 2019, foi adiado para 2020, sendo que o Governador do DF, Ibaneis Rocha, disse que as viagens teste começariam logo em janeiro desse ano. Mas, até agora nem sinal dos trens.

Pra essa primeira fase a CBTU iria fazer o traslado de duas composições oriundas da frota de sua filial paraibana, até que os testes por aqui fossem concluídos e as composições definitivas entrassem em operação comercial. Toda essa ação acabou, no fim das contas, virando uma tremenda novela.

A novela envolvendo a retirada de composições do veículo leve sobre trilhos (VLT) que opera em João Pessoa chegou ao fim da “primeira temporada” e está tendo um final nada feliz. O “mocinho” não se deu bem no fim das contas e pra muitos virou o “vilão”.

A Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) garantiu a permanência na capital paraibana do VLT que seria cedido à operação de Brasília. O que foi um alívio para a população de lá, sendo muito veiculado pela imprensa de local. O que pro lado de cá é visto como um retrocesso.

A medida atendia a uma determinação do Ministério das Cidades.

De acordo com uma nota divulgada pela CBTU, a Superintendência Regional de João Pessoa disse que manteve contato com o Conselho de Administração da companhia mostrando preocupação com a decisão, reiterando a necessidade de manter o VLT operando na Paraíba.

Após um laudo técnico realizado a peido da presidência da CBTU, foi concluído que não seria possível a retirada do VLT de João Pessoa, em razão dos investimentos que estão sendo realizados com a construção de três novos ramais ferroviários, o que demandará a necessidade de mais composições circulando, além das cinco já existentes, suprindo a demanda dos usuários.

Ganha a população de João Pessoa, na Paraíba, perde a população do Distrito Federal e Entorno.

Um trem em uma linha despreparada

Região urbana do Vaparaiso I, onde passa a linha férrea.

Sim o projeto do Trem Inter metropolitano era pra estar em operação. Mas a bem da verdade muito pouco de concreto foi feito até o momento. A cidade de Valparaiso de Goiás, por exemplo, ponto final dessa primeira etapa de implantação do trem, que tem como objetivo final chegar até Luziânia, nem se quer possui uma estação. Muito menos ruínas, pois por aqui, mesmo na época do Expresso Bandeirante da RFFSA nunca foi planejado uma parada. Aliás naquele tempo, anos 80 e 90 isso aqui não passava de mais um distrito da bicentenária cidade de Luziânia.

Estação do Ipê
Estação do Ipê, localizada em frente a atual entrada da Cidade Ocidental

Apenas onde, hoje, é a entrada da Cidade Ocidental, em frente ao bairro Ipê (que hoje divide os municípios de Valparaiso e Luziânia), próximo a empresa Bunge, teve de fato uma estação. Esse local hoje encontra-se abandonado e depredado.

Então, mesmo que os trens entrassem em operação, por hora os embarques e desembarques em Valparaiso seriam realizados de forma improvisada. Nenhuma movimentação tem sido vista no que tange a trabalhos na infraestrutura necessária para a operação desse trem. A prefeitura de Valparaiso também não tem se manifestado sobre o assunto.

O certo é que, mau ou bem, esse trem em operação, mesmo que num primeiro momento somente nos horários de pico, já estaria ajudando muito na melhoria do transporte da região. Hoje, ainda, deficitário e caótico. Muitos preveem que este trem rodando desafogariam os ônibus e o fluxo de carros na BR-040, principalmente.

Um trem de promessas

Prometido por vários governantes que passaram Buriti, o VLT já entrou no imaginário do brasiliense a muito tempo. Seja pela promessa de cruzar a Esplanada dos Ministérios ou mesmo para interligar as W3 Norte e Sul ao Aeroporto Internacional de Brasília. Algo que começara a se tornar concreto no governo de José Roberto Arruda (2007-2010), o VLT de Brasília, que foi enterrado pelo governo petista de Agenelo Queiroz. Hoje apenas uma composição por ele adquirida e um esqueleto do que seria o centro de operações, existem e nada mais.

Embora haja projetos e estudos na Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e na Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), nenhuma dessas linhas saíram do papel.

A esperança, agora, é na concretização do Trem Inter Metropolitano. E isso só está sendo possível graças à linha férrea já existente, hoje exclusiva para o transporte de cargas, e que já deveria estar sendo adaptada para a condução de passageiros. Mais um governante na cadeira do Buriti que acendeu uma nova luz sobre a questão, mas que até o momento não colocou o trem nos trilhos. Será que até o fim do seu mandato veremos o trem rodando? Fica a pergunta sem resposta.

No próximo capítulo dessa série falaremos de outro projeto que, também, já era para estar nos trilhos desde 2019 e até hoje não entrou em marcha. Mas esse no caso está bem adiantado e pouco falta para a sua operação.

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