O Covid-19 já provocou um imenso impacto nas eleições municipais. Não, não me refiro a possibilidade de adiamento do pleito e da unificação das disputas. Na verdade, acredito que as eleições acontecerão sem grandes alterações no calendário. O impacto promovido pelo vírus é outro. É comportamental, é na forma de fazer campanha. E quem não perceber isso imediatamente poderá ser derrotado ‘pelo’ covid.
Com as mudanças no comportamento do povo após a propagação do vírus, os cuidados naturalmente serão redobrados durante um bom tempo. Além disso, as medidas de segurança deverão permanecer, ainda que sejam amainadas aos poucos. Isso mudará hábitos e deixará o brasileiro ainda mais ligado nas redes sociais. A ‘grande rede’ será o ‘palanque’ que exaltará alguns e desbancará muitos dos que desacreditarem da ‘nova ordem virtual’.
Com os fatores acima postos, o candidato que não tem uma ação efetiva com o público das redes sociais, uma boa produção de conteúdo e acima de tudo, uma relevante capacidade de diálogo e interação com o público/eleitor, se perderá pelo caminho. Poderá ter bons projetos, ideais relevantes, e mesmo assim, ficar sem ter quem os ‘ouça’ e com isso ficará sem voto. Os modos ‘tradicionais’ de fazer campanha, cada vez mais perdem espaço para o universo virtual e todas as mídias convergem para a internet numa velocidade surpreendente e agora, ainda mais acelerada.
Políticos e profissionais de comunicação e marketing político que não atentarem para as transformações que já vinham acontecendo e que foram aceleradas por imposição do vírus, entrarão por um caminho sem volta, perderão o rumo e ficarão sem prumo.
Quem quer vencer precisa aprender a ‘fazer política com conteúdo’ nas redes ou para as redes. É fundamental atrair seguidores através de uma boa produção de conteúdo. Mas não apenas atraí-los, a medida que novos seguidores forem chegando, será preciso aprimorar a comunicação, a interação, o diálogo com esse público que é cada vez mais exigente e que tem desenvolvido um censo crítico mais apurado e criterioso.
Os pré-candidatos e aqueles que os assessoram devem entender que têm pela frente um enorme desafio ‘pós covid-19’: Construir redes sociais fortes, relevantes e capazes de transformar seguidores em eleitores. E isso em um curtíssimo espaço de tempo.
Mas isso é possível? Sim, é! Embora não seja uma tarefa fácil. Por isso, é fundamental entender que ter muitos seguidores não significa ter muitos eleitores. Curtidas e compartilhamentos não são votos! Ter muitos seguidores não garante sua eleição. Pensar diferente disso é construir sem alicerce. É fracasso na certa.
É fundamental se preocupar com o estabelecimento de relacionamento com seus seguidores. A construção urgentíssima de uma relação de reciprocidade, de diálogo, de intensa interação com o público é algo inegociável, é uma meta inarredável! Gere bom conteúdo e dialogue com o público. Fuja imensamente da postagem mecânica, artificial. Não há mais espaço para ‘fabricação de imagem’. Não apenas espere curtidas, comentários e compartilhamentos. Se você espera apenas por isso, contente-se em não ter votos e ‘viva de likes’!
Já escrevi sobre isso antes, mas não custa repetir: O alicerce da construção da vitória é o diálogo. Por isso, seja pronto para escutar, refletir e a partir disso, construir, reconstruir, refazer e vencer politicamente. Nas redes sociais, o diálogo, a interação, o aprendizado são fundamentais nesse processo de convencimento do eleitor.
Não abra mão da interação, da resposta, do feedback ao seu público. Se importe com o que o seguidor tem para dizer e responda ao que ele diz. Se ele perceber que você realmente se importa, quererá andar ao seu lado, quererá construir com você! Mais que um eleitor, ele se tornará um defensor, um propagador de suas ideias. Ele pedirá voto para você.
O grande desafio é despertar o eleitor por trás do seguidor, sem necessariamente pedir o voto. Por isso, é preciso criar um relacionamento sólido.
Dito isto, é preciso que leve em consideração mais um aspecto fundamental: Não entregue suas redes sociais, sua imagem, sua comunicação política, seu marketing nas mãos de quem não está preparado para de fato lhe ajudar a construir uma candidatura vitoriosa. Atente para a necessidade de trabalhar com gente competente, preparada, criativa e responsável.
Ricardo Jorge Pereira ‘Caco’
BSB TIMES