A narrativa oportunista da esquerda diante da disparada do dólar
A moeda norte-americana alcançou um recorde de R$ 6,11 nesta sexta-feira, 29 de novembro, expondo de forma gritante as fragilidades da política econômica do governo federal. Enquanto o mercado financeiro reage com desconfiança às medidas apresentadas por Fernando Haddad, a esquerda, em um movimento previsível, busca um culpado conveniente: o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
O dilema do dólar e o escapismo governista
A disparada do dólar reflete mais que uma conjuntura econômica internacional desfavorável; é um sintoma claro da falta de confiança do mercado na capacidade da atual gestão de enfrentar desafios fiscais. O pacote anunciado por Haddad, que prometia austeridade, revelou-se um mosaico de incertezas, com cortes mal definidos e projeções fiscais questionáveis. O mercado respondeu com ceticismo, mas a narrativa do governo preferiu mirar em Campos Neto, atribuindo-lhe a responsabilidade pela instabilidade cambial.
Essa postura reflete um padrão: a incapacidade de autocrítica e a constante busca de vilões externos. É como se a política econômica fosse um jogo de soma zero, em que qualquer efeito adverso deve ser atribuído a agentes que não seguem as cartilhas do Planalto.
A crítica seletiva ao “mercado”
Outro expediente comum da esquerda é culpar o “mercado financeiro” por decisões políticas equivocadas. Quando o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) classifica o mercado como um ente especulativo e chantagista, ignora que os mesmos investidores são os que sustentam o financiamento da dívida pública e a liquidez da economia. Atacar o mercado enquanto depende dele é um discurso conveniente, mas dissonante da realidade.
Realidade fiscal e promessas vazias
O pacote de cortes anunciado pelo governo, embora urgente, é insuficiente para compensar as promessas fiscais irrealistas feitas durante a campanha eleitoral. Ajustar benefícios sociais e cortar despesas de forma efetiva exige coragem política, algo que parece escasso na atual administração. A foto de ministros discutindo cortes soa mais como teatro político do que como um esforço genuíno de responsabilidade fiscal.
A responsabilidade que a esquerda ignora
É notável como a esquerda tem se especializado em fugir da responsabilidade pelos impactos de suas próprias políticas. Enquanto aliados do governo acusam Campos Neto de omissão, esquecem que o Banco Central, por mais relevante que seja, não pode corrigir sozinho as distorções causadas por decisões fiscais mal planejadas.
O Brasil precisa de medidas estruturais, não de cortinas de fumaça. A insistência em discursos polarizadores e simplistas só agrava a desconfiança do mercado e perpetua a instabilidade econômica. A esquerda, ao invés de responsabilizar terceiros, deveria olhar para suas próprias contradições e reconhecer que o real problema está na ausência de liderança e clareza no comando econômico.
O resultado? Dólar recorde, inflação à vista e um povo que paga o preço.